O primeiro mês do ano foi escolhido para a realização da campanha “Janeiro Verde” com o objetivo de conscientizar as mulheres sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer do colo do útero. Em fase inicial, a chance de cura chega até 90%, e a doença pode ser evitada com uso de preservativo durante as relações sexuais e vacinação contra o HPV, vírus responsável por 70% dos casos, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Segundo as estatísticas do Instituto, o câncer de colo de útero ocupa o terceiro lugar entre as neoplasias que mais acometem o sexo feminino no país. A estimativa para o ano de 2023 é de 17 mil casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 13,25 casos, a cada 100 mil mulheres. Contudo, na análise regional, a neoplasia maligna surge como a segunda mais incidente nas regiões Norte e Nordeste.
O Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia no Estado do Pará, atende atualmente 862 mulheres com câncer de colo de útero. Considerado um dos tipos mais preveníveis, tem como principal causa a infecção genital pelo Papilomavírus Humano (HPV). Muito frequente e, geralmente, assintomática e autolimitada, grande parte das mulheres desenvolve esta infecção até os 30 anos de idade. Em alguns casos, porém, pode haver a persistência do vírus nas células do colo do útero. Isso promove as alterações celulares que podem progredir para o desenvolvimento de câncer.
De acordo com o especialista em ginecologia oncológica do HOL, Celso Fukuda, existem mais de 100 tipos diferentes do vírus, sendo o HPV 16 e 18 os responsáveis pela maioria dos casos de câncer de colo uterino.
“Essa infecção pode ou não evoluir para o câncer. Com frequência ocorre a eliminação do vírus devido à resposta imunológica da mulher. Quando a adolescente toma a vacina, a prevenção contra a neoplasia chega a 80% e é mais eficaz que em pessoas adultas com mais de 30 anos”, explicou o oncologista.
Prevenção
Além de prevenir contra o câncer de colo de útero, a imunização pode prevenir também outros tipos de neoplasias. “A vacinação ajuda na prevenção do câncer de vulva, ânus e vagina nas mulheres, e de pênis nos homens. Por isso, o ideal é que esse cuidado ocorra antes do início da vida sexual, evitando assim que haja uma exposição ao vírus”, completou o especialista.
Outras medidas preventivas são possíveis, como manter uma alimentação saudável, não fumar, fazer exercícios físicos regularmente, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e usar preservativo nas relações sexuais. Na rede pública de saúde, através do Sistema Único de Saúde (SUS), é possível ter acesso à vacina gratuitamente. O amparo atinge meninas de 9 a 14 anos de idade e meninos de 11 a 14 anos.
O diagnóstico é feito por meio de rastreamento através do exame papanicolau, conhecido também, como preventivo. “Se houver alguma lesão pré-cancerígena ou cancerígena, a paciente é encaminhada para realizar a colposcopia, um exame que permite a visualização todo do colo do útero e da vagina mediante lentes de aumento. A paciente também precisa realizar a biópsia do tecido do útero para confirmar ou descartar o câncer”, esclareceu o médico.
A pescadora e dona de casa Waldirene Carvalho, 50 anos, residente do município Almeirim, descobriu a neoplasia maligna através do exame preventivo. Em 2021, durante uma consulta de rotina com o ginecologista, foi detectada uma lesão. O médico a encaminhou para realizar o exame de colposcopia e a biópsia. Com o resultado positivo, foi encaminhada para Santarém onde iniciou o tratamento. No entanto, a irmã de Waldirene procurou o Hospital Ophir Loyola, por ser referência em oncologia, onde a paciente decidiu iniciar o tratamento em setembro de 2022.
“Aqui foi tudo muito rápido, os exames, as consultas. Hoje (18), vou realizar a minha cirurgia. Estava muito ansiosa, mas a psicóloga já conversou comigo, estou mais calma e com uma expectativa muito grande de cura. Agradeço a Deus, à minha irmã e toda a equipe do hospital por todo amparo e rapidez para que eu possa melhorar”, contou Waldirene Carvalho.
O tratamento ocorre conforme a fase do tumor, no momento do diagnóstico. No estágio I, o câncer está restrito ao colo uterino. No estágio II, atinge além do colo uterino, mas não afeta a parede pélvica ou o terço inferior da vagina. No estágio III, a doença atinge a parede pélvica ou o terço inferior da vagina. Já no estágio IV, o câncer atinge o reto, a bexiga, intestino e outros órgãos, causando a metástase.
"Quando o tumor está restrito ao colo uterino, apenas a cirurgia é indicada, mas quando atinge o estágio dois da doença fazemos a associação da radioterapia, com quimioterapia e cirurgia”, informou Fukuda.
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