Dia dos Indígenas chama atenção para luta que é de todos nós

Uma semana após nova invasão de garimpeiros a terras indígenas no Pará, dessa vez no território Xipaya, a 400 quilômetros de Altamira, no sudoeste do Estado, a celebração do Dia do Indígena, neste 19 de abril, precisa dividir espaço com o alerta de lideranças desses povos tradicionais à uma notória desmobilização de órgãos federais quando o assunto é monitoramento, fiscalização e proteção. Presidente da Federação Estadual dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), a ativista Puyr Tembé lamenta que boa parte das pessoas ainda não tenha se dado conta de que a luta dos povos indígenas não é só deles.

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A liderança confirma que a atual política indigenista do governo federal fere constantemente a Constituição de 88. Puyr diz que todos os representantes dos 305 povos remanescentes reagem para defender o território. “Defendemos a vida, não só dos indígenas, mas do planeta. A sociedade ainda não acordou para a importância disso. É preciso que nossa luta seja entendida por toda a humanidade, o porquê de fazermos a defesa que fazemos da mãe-terra. Queremos garantir o futuro dos nossos filhos e netos. Fazemos essa luta, essa briga, porque entendemos que mãe se cuida, se protege, e a terra é para nós mãe, e cuidamos dela para garantir as próximas gerações”, apela. Puyr entende que os órgãos antes parceiros das populações tradicionais hoje estão sendo desmobilizados e ocupados por pessoas que não entendem e nem compreendem a vida dos povos indígenas. “Essa luta pelo meio ambiente, da preocupação com mudanças climáticas não pode mais ser apenas dos povos tradicionais, precisa ser de toda a sociedade, essa é a mensagem de hoje: acordem, se juntem aos povos indígenas, acredite em um mundo melhor, que consiga ajudar a reflorestar não apenas áreas degradadas, mas também as mentes, e com amor. O mundo está cheio de ódio, guerra, queremos viver em paz, que todos vivam em paz”, explica ela.

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INVASÃO

A indígena Juma Xipaya, cacique da aldeia Karimaa, denunciou em suas redes sociais que o território indígena Xipaya foi invadido na quarta-feira (14) por garimpeiros em balsa. De acordo com o relato dela, os invasores usaram de violência contra o seu pai, que registrava a movimentação com um celular.

A embarcação foi encontrada dois dias depois na zona rural do município de Altamira, após o início de uma operação do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) para proteger tanto os moradores da região como a reserva contra crimes ambientais e exploração ilegal de recursos minerais.

Cinco adultos e dois adolescentes encontravam-se a bordo. Os menores foram apreendidos e estão sob cuidados da Justiça. As demais pessoas prestaram esclarecimentos na delegacia da Polícia Federal do município de Itaituba.

A situação ocorreu três dias depois da morte de dois indígenas yanomamis num conflito entre membros das comunidades Tirei e Pixanehabi acompanhados, segundo relatos, de garimpeiros.