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IMUNIZAÇÃO

Procura pela dose de reforço da vacina ainda é baixa no Pará

Segundo dados divulgados pelo vacinômetro da Sespa, até a última quinta-feira o percentual de cobertura da terceira dose no Estado era de apenas 13,71%. Especialistas apontam a importância da imunização completa.

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A vacina contra a Covid-19 está à disposição nos postos e unidades de saúde. Basta estar dentro do período de intervalo estipulado entre uma dose e outra para, mediante apresentação do cartão de vacinação e da carteira de identidade, receber a terceira dose do imunizante. Apesar do acesso livre, o percentual de pessoas imunizadas com a chamada dose de reforço da vacina contra a Covid-19 ainda é baixo no Pará.

De acordo com os dados divulgados pelo vacinômetro da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), até a última quinta-feira (17) o percentual de cobertura da terceira dose no Estado era de apenas 13,71%.

Representante da Sociedade Brasileira de Imunizações – Regional Pará e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), a médica infectologista Tânia Chaves lembra que a eficácia da terceira dose da vacina contra a Covid já foi comprovada por estudos de diferentes países, demonstrando que essa chamada dose de reforço aumenta a proteção no momento em que o sistema imune é ativado para produzir mais anticorpos específicos contra o Sars-CoV-2, que é o coronavírus que causa a Covid-19.

“O que se observou é que, com o tempo, esses títulos de anticorpos caem lentamente. Claro que não existe nenhuma vacina que seja 100% eficaz, mas ela evita grandemente as formas graves e aquele indivíduo que tem a terceira dose vai estar protegido por mais tempo, vai ter uma produção de anticorpos mais duradoura”, considera. “O esquema primário são as duas doses, com a dose de reforço. Esse reforço é necessário porque vai impactar na redução tanto no número de internações, como no número de formas graves, no número de mortes e no número de sequelas. Além disso, em todos esses momentos, ele vai desafogar o serviço de saúde”.

No que diz respeito aos impactos positivos gerados pela adesão à terceira dose está, também, uma maior proteção contra possíveis novas variantes do coronavírus, como é o caso da variante Ômicron. “Estamos vendo que se não tivéssemos a vacina, nós estaríamos em uma situação muito mais caótica e, agora, continua sendo fundamental vacinar porque essa terceira dose, se não for feita, essas novas variantes driblam o sistema imune e a infecção se estabelece”, considera Tânia Chaves.

“O que a gente viu nesse final de ano no Brasil, com o relaxamento das medidas não farmacológicas, principalmente pela redução do uso das máscaras, pela aglomeração, pelas festas de final de ano, foi que tivemos uma explosão de casos”.

A médica considera, ainda, que a falsa ideia de que a variante Ômicron poderia ser mais leve não se confirmou na prática. “Aquela ideia equivocada de que a Ômicron seria ou é mais leve é um engano, um grande equívoco. Se fosse assim, ela não acometeria o número de pessoas que está acometendo. Pela elevada transmissibilidade dessa variante, que é comparada à transmissibilidade do vírus do sarampo, que é o vírus mais transmissível que nós reconhecemos entre os vírus respiratórios, o que ocorre é a sobrecarga dos sistemas de saúde, como nós vimos desde o final de dezembro no Brasil”, pontua.

“O que a gente tem observado é que as pessoas que estão sendo mais afetadas por essa variante são as que não foram completamente vacinadas ou as não vacinadas. Então, aqueles que não tomaram, precisam tomar a terceira dose”.

IMPORTÂNCIA

O doutor em virologia pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) e professor do curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e da Universidade Federal do Pará (UFPA), Caio Botelho Brito aponta que não se pode desconsiderar a importância da aplicação da terceira dose contra a Covid-19 quando se trata de eficácia de imunização entre a população.

O doutor em virologia do IEC, Caio Botelho Brito,
📷 O doutor em virologia do IEC, Caio Botelho Brito, |Divulgação

“Em alguns grupos populacionais, em alguns estudos evidentes, principalmente de Israel, na Nova Zelândia e na França foi observado que alguns grupos que ficaram com a terceira dose tiveram menos circulação viral, então, a gente teve essa resposta muito boa”.

Outro aspecto destacado pelo médico é a atual discussão sobre a utilização de múltiplas vacinas para se alcançar uma melhor resposta imunogênica, como no caso dos indivíduos que foram vacinados com as vacinas CoronaVac ou AstraZeneca e recebem a terceira dose da Pfizer, por exemplo. “Quando a gente faz o que a gente chama de polivacinas, quando a gente tem múltiplas vacinas, a gente tem uma resposta imunoreagente mais efetiva e eficaz contra o vírus”, considera.

“Está tendo uma discussão sobre utilizar múltiplas vacinas para se ter uma melhor resposta imunogênica, que é criar anticorpos, e também de células de memória, então, talvez essa mistura de vacinas tenha uma resposta bem melhor quando a gente vai falar de imunização populacional”.

De todo modo, o médico reforça que é preciso avançar com a imunização da população com as três doses. “Alguns países como Alemanha, Inglaterra, Espanha e Portugal já passaram a pandemia para a fase de endemia e vão começar a conviver com o coronavírus como a gente convive com a influenza. Mas, para passar para essa fase a gente precisa estabelecer que a população esteja imunizada com a terceira dose para a gente não ter sobrecarga do sistema de saúde e para que a gente consiga ter uma porcentagem de letalidade menor que de 1,5%, que é a da influenza”, aponta.

“Enquanto a gente tiver muita gente em circulação e não tiver pelo menos 75% da população brasileira imunizada com as três doses, provavelmente a gente tenha que discutir ainda manter algumas condutas, como o afastamento social e a utilização de máscaras”.

O cenário em que o uso de estratégias como o distanciamento e o uso da máscara não será mais necessário é sonhado pelo técnico administrativo Bartolomeu José de Barros Júnior, 58 anos, desde o início da pandemia. Enquanto essa rotina ideal não chega, porém, ele faz questão de seguir os protocolos disponíveis para driblar o coronavírus.

O técnico administrativo Bartolomeu José de Barros Júnior, 58 anos.
📷 O técnico administrativo Bartolomeu José de Barros Júnior, 58 anos. |Mauro Ângelo / Diário do Pará

Depois de enfrentar uma infecção gripal e aguardar o período necessário após a infecção, ele foi até o posto de vacinação instalado no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará (CCBS/Uepa) para receber a terceira dose da vacina contra a Covid. “Desde o início da pandemia, eu não peguei essa Covid e pretendo continuar assim”, conta, ao aconselhar quem ainda não se preocupou em garantir a dose de reforço. “Eu acho que as pessoas têm que tirar essas fake news da cabeça e vir se imunizar. Venha se vacinar o mais rápido possível porque é isso que vai lhe garantir uma proteção. É tão rapidinho”.

Foram necessários apenas poucos minutos para que o eletricista Reginaldo Lobo, 52 anos, também garantisse a sua terceira dose. Cumprindo o intervalo necessário entre a segunda e a terceira dose, ele não escondeu o alívio por estar com o ciclo vacinal completo. “Eu tomei a primeira, a segunda e agora a terceira e foi tudo muito tranquilo. Agora eu fico mais confiante, me sinto mais protegido”.

SAIBA MAIS

Covid Longa

l O avanço do percentual da população imunizada com o ciclo completo da vacina contra a Covid-19 pode impactar não apenas na redução do número de internações e mortes pela doença, mas também na redução do número de possíveis sequelas decorrentes da infecção.

A representante da Sociedade Brasileira de Imunizações – Regional Pará e professora da Faculdade de Medicina da UFPA, Tânia Chaves, explica que a chamada Covid Longa é um conjunto de sintomas como insônia, fadiga, perda do olfato, perda do paladar, cansaço, desconforto respiratório, alteração da memória, que essas pessoas podem apresentar por um período prolongado, mesmo após a infecção.

A médica infectologista, Tânia Chaves.
📷 A médica infectologista, Tânia Chaves. |Divulgação

“Tem pessoas que têm apresentado sequelas até ao longo de um ano desde que tiveram o primeiro episódio de Covid-19”, aponta a médica infectologista. “A Covid-19 Longa pode ocorrer mesmo após casos leves da doença”.

VACINAÇÃO

Cobertura da vacinação no Estado do Pará

l 1ª dose – 81,35%

l 2ª dose + dose única – 74,17%

l 3ª dose – 13,71%

Fonte: Vacinômetro – Secretaria de Estado de Saúde Pública. Dados atualizados em 17/02/2022. Disponível em: http://www. saude.pa.gov. br/vacinometro/

INTERNAÇÃO

Internação em leitos exclusivos para Covid-19

(Somente gestão do Governo do Estado do Pará)

l Leitos clínicos – 38,35%

l UTI adulto – 63,55% de ocupação

l UTI pediátrica – 80%

Fonte: Vigilância Epidemiológica - Sespa - Atualizado em 17/02/2022 às 18:02h. Disponível em: https:// www.covid- 19.pa.gov. br/#/

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