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ÁREA RURAL

Saneamento: Jader leva projeto para cidades do Pará

Senador destinou duas emendas no valor de R$ 250 mil cada para a Embrapa promover a transferência de tecnologia do sistema de tratamento de esgoto rural em Floresta do Araguaia e São Domingos do Araguaia.

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O Pará está entre os 10 estados que lideram o ranking dos maiores valores da produção agrícola do país. Destaca neste cenário o município de Floresta do Araguaia, conhecido como “a capital do abacaxi”. São mais de duzentos milhões de frutos produzidos por ano. A partir deste ano, Floresta do Araguaia vai fazer parte de um experimento que vem impactando estrategicamente na redução do déficit sanitário na área rural: o Sistema de Saneamento Básico na área Rural desenvolvido na Embrapa Instrumentação em São Carlos (SP).

O sistema foi criado para levar soluções eficientes e facilmente replicáveis para as regiões rurais do país e é composto por: uma fossa séptica biodigestor, um jardim filtrante e um recipiente para o uso do cloro, que a Embrapa chama de “clorador”. O sistema é de baixo custo e pode levar o saneamento básico para as regiões em que ainda não existe.

“Se já é um desafio promover a universalização do saneamento na área urbana, imagine na área rural. Não podemos colocar essa responsabilidade apenas na conta dos gestores públicos. É necessário haver a colaboração de todos e quero poder contribuir com os municípios para enfrentarmos esses desafios”, revelou o senador Jader Barbalho (MDB-PA) que está levando esse projeto da Embrapa de forma inédita para o Estado do Pará.

Sistema de divulgação da Embrapa.
📷 Sistema de divulgação da Embrapa. |Divulgação

O parlamentar destinou duas emendas no valor de R$ 250 mil cada para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) promover a transferência de tecnologia do sistema de tratamento de esgoto rural nos municípios de Floresta do Araguaia e São Domingos do Araguaia.

Jader é membro titular da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. Ele defende que o sistema da Embrapa seja levado para a população rural mais isolada, e também aos povos tradicionais, como indígenas e quilombolas. Ele havia encaminhado, no ano passado, uma solicitação ao presidente da Embrapa, Celso Moretti, para que fossem enviados ao gabinete do parlamentar, mais detalhes sobre o projeto. “Pelo que entendi, trata-se de um projeto com soluções simples, eficientes e facilmente replicáveis”, ressaltou.

A intenção do senador é trabalhar junto aos principais representantes do setor agropecuário para que o projeto seja expandido pelo território paraense. O senador acredita que a expansão do uso do novo sistema de tratamento, desenvolvido pela Embrapa, pode contribuir para o uso sustentável do esgoto. “Ao mesmo tempo em que o processo evita a contaminação do solo, promove também a reutilização da água tratada na agricultura, que é responsável pelo consumo de 70% do abastecimento nacional”, lembrou.

“A falta de saneamento no meio rural é um grave problema ambiental. A maior parte das propriedades rurais do Brasil sofre com este problema. Poucas delas são atendidas por rede de esgoto e entre as restantes, grande parte despejam os dejetos diretamente em rios e lagos”.

Dados do Programa Saneamento Brasil Rural (PSBR), que é desenvolvido pela Fundação Nacional da Saúde (Funasa), apontam que o abastecimento de água e esgotamento sanitário nas zonas rurais do Brasil é de 40% e 20,6%, respectivamente, e somente 31% das residências dispõem de acesso a água diariamente.

Saneamento: Jader leva projeto para cidades do Pará
📷 |Divulgação

PARA ENTENDER

O projeto é uma alternativa à fossa séptica e resolve também uma das principais dificuldades enfrentadas pela população rural, já que possibilita o reuso do efluente tratado, ou seja, a água tratada pode ser usada na irrigação de cultivos de hortaliças. Essa água é resultado das seguintes etapas: remoção de materiais mais densos como areia, terra, gordura, papel higiênico, entre outros; degradação da matéria orgânica a partir de processos anaeróbicos (sem a presença de oxigênio) pela ação de biomassa microbiana que gera biogás; processos de filtração em quatro etapas para remoção de ovos e cistos de vermes parasitas; e a desinfecção por cloro.

O sistema foi testado em uma plantação de alfaces no projeto piloto na Embrapa Hortaliças, na cidade de Samambaia, no Distrito Federal. Para garantir a segurança do consumidor, a água usada na irrigação é testada em laboratório, para verificar a presença de coliformes. Não foi detectada em qualquer parcela a presença de coliformes termotolerantes nas alfaces colhidas. “É uma forma de contribuir para suprir essa ausência de programas que capacitem o produtor do ponto de vista técnico e financeiro. É preciso dar suporte às prefeituras para que avancem na pauta do saneamento”, concluiu Jader.

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