Há quem considere o cabelo a maior símbolo da vaidade feminina. Comprimento, corte e coloração. Andar com eles soltos ou presos, com tiaras ou sem tiaras. Tudo isso diz muito sobre o estado emocional, personalidade e até a representatividade das mulheres. No entanto, numa região como a Amazônia onde em muitas comunidades pequenas embarcações, como as rabetas, são o principal meio de transporte, as mulheres lidam com o risco iminente do escalpelamento.
Em dez anos, 103 acidentes do tipo foram registrados no Pará. O escalpelamento acontece quando os cabelos são arrancados pelo eixo do motor destas embarcações, causando lesões inclusive no crânio. Homens com cabelos compridos também são vítimas, mas a ocorrência é maior entre o público feminino. Os traumas e sequelas ficam por toda a vida.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), apontam oito casos de escalpelamento em 2020. Em 2021, 16 acidentes do tipo foram registrados, ou seja, o dobro do ano anterior. A maioria das vítimas são crianças e adolescentes.
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O registro destes acidentes são registrados pela Secretaria de Saúde porque as vítimas geralmente são atendidas e encaminhadas para a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, que é gerenciada pelo Governo do Estado, por meio da Sespa. Este ano, uma criança de dez anos sofreu escalpelamento em Breves, no arquipélago do Marajó.
Em dezembro de 2021, uma vítima de escalpelamento tinha 14 anos de idade. A principal forma de se evitar este tipo de acidente é cobrir o eixo do motor da embarcação. Inclusive, isto é obrigatório por lei.
De hoje (8) até sexta-feira (11), a Marinha realiza em Cametá, no nordeste paraense, uma ação de combate ao escalpelamento. A programação da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental conta com a instalação gratuita de coberturas de eixo de motor, palestras e a distribuição de panfletos educativos.
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O objetivo é buscar zerar a ocorrência deste tipo de acidente com a conscientização de ribeirinhos, moradores da cidade e barqueiros que fazem o transporte de pessoas. Equipes da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, Sespa, Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), Conselho Regional de Psicologia e da Organização não Governamental Amigos Voluntários do Pará participam da campanha.
Elas vão ocorrer em escolas municipais, em centros comunitários, em portos, em feiras e em locais com maior fluxo de circulação de pessoas. Na ocasião, também serão doados colete salva-vidas para garantia da salvaguarda da vida humana nos rios.
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