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OSTREICULTURA

Augusto Corrêa: potencial ainda maior para cultivar ostras

Município de Augusto Corrêa tem grande potencial para a ostreicultura e a estimativa é de que se possa chegar a uma produção de 1 milhão de unidades de ostras nativas até o final deste ano.

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Imagem ilustrativa da notícia Augusto Corrêa: potencial ainda maior para cultivar ostras camera Cultivo de ostras já é desenvolvido há 20 anos em Augusto Corrêa. | Divulgação

Avistadas ao longe na superfície do rio, as boias enfileiradas sinalizam não apenas o local da produção, mas também dão a ideia de todo o potencial guardado pelo município de Augusto Corrêa, no nordeste paraense, para a ostreicultura. O cultivo de ostras já é desenvolvido há 20 anos no município, que estima chegar a uma produção de 1 milhão de unidades de ostras nativas até o final deste ano.

Os primeiros sinais da potencialidade do município para a produção de ostras foram identificados em 2001, a partir da implantação de um projeto de pesquisa que pretendia avaliar a viabilidade técnica para a criação de ostras no litoral paraense. O presidente da Associação de Agricultores e Aquicultores de Nova Olinda (Agromar), Augusto Ramos, lembra que o projeto ‘Moluscos Bivalves’ teve início, em Augusto Corrêa, na comunidade de Nova Olinda, distante cerca de 30 quilômetros do centro do município. A comunidade é justamente a que mantém a maior parte da produção de Augusto Corrêa, hoje.

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A primeira fase do projeto, implantada em 2001 pelo professor e pesquisador Constantino Alcântara, consistia na verificação da viabilidade técnica. Para tal, Augusto lembra que foram levados os travesseiros, como é chamado o principal apetrecho utilizado para o cultivo de ostras e que é fabricado apenas fora do Brasil, em países como Espanha, Argentina e Chile. Além deles, o projeto também levou as sementes – como são chamadas as formas jovens das ostras – para iniciar a produção no Rio Emboraí Velho, na comunidade de Nova Olinda, em Augusto Corrêa. O que se observou, no final do processo de pesquisa, em 2003, foi que as ostras se desenvolveram bem, deixando clara a viabilidade do cultivo na região.

Já a segunda fase do projeto era a de comercialização das ostras, porém, ela acabou interrompida devido à redução nos investimentos pelo órgão financiador do projeto. Foi quando a comunidade assumiu a iniciativa de tentar manter a produção. “Por iniciativa própria, um dos produtores que faziam parte do projeto, o seu Crispim Amorim, retirou uma quantidade de ostras nativas aqui do Rio Peroba, que fica próximo à comunidade de Nova Olinda, e colocou para engorda na nossa fazenda marinha no Rio Emboraí Velho, usando os travesseiros que tinham ficado do projeto. Ao longo dos meses, ele observou que as ostras cresceram rapidamente e ficaram com um sabor muito bom”, conta Augusto. “Cinco produtores da época da pesquisa resolveram procurar a Prefeitura Municipal de Augusto Corrêa, que entrou em contato com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e, então, a partir de 2005 já teve início essa segunda fase, que foi a comercial”.

Augusto Corrêa: potencial ainda maior para cultivar ostras
📷 |Divulgação

Hoje cerca de 17 produtores integram a Agromar e a fazenda marinha usada pela associação já detém em torno de 700 mil unidades em cultivo, com uma meta de ultrapassar 1 milhão até o final deste ano. “Hoje, Nova Olinda já é a detentora da maior produção do Estado. Nós produzimos mais da metade de todas as ostras do Estado”.

Produção

Augusto destaca que a expectativa é a de expandir a produção no município de Augusto Corrêa. No início deste ano já foram iniciados os cultivos em outras duas comunidades do município, a ilha do Coco e a comunidade de Perimirim.

Para que essa expansão possa chegar a outras comunidades e a produção do molusco possa crescer, Augusto Ramos lembra que um dos principais desafios está na produção de sementes no próprio município de Augusto Corrêa, já que hoje os produtores locais precisam comprar as sementes de Curuçá. “Em Curuçá eles produzem bastante sementes porque é uma região estuarina (ambiente de transição entre o rio e o mar), que é apropriada para a produção de sementes, mas não é adequada para engorda das ostras porque é na água salgada que a ostra desenvolve melhor”, explica. “Nessa região de Curuçá fica aquela água salobra que é mais adequada para a reprodução, então, nós compramos as sementes e levamos para fazer a engorda na nossa fazenda marinha em Nova Olinda, em Augusto Corrêa”.

Para tentar sanar esse gargalo, os produtores de Augusto Corrêa já trabalham na implantação de um banco natural de sementes no município. O banco está sendo implantado no Rio Peroba, na comunidade do Cedro, região próxima à Nova Olinda, através do Projeto de Repovoamento e Captação de Sementes de Ostras no Rio Peroba.

Sementes

Hoje, a produção de sementes do banco ainda não é suficiente para atender à demanda da engorda do próprio município, mas a expectativa é poder ampliar esse potencial. “Dessa forma, ao invés de a gente ir comprar em Curuçá, a gente já compra aqui mesmo da comunidade próxima, gerando renda e oportunidades de trabalho para as comunidades tradicionais de Augusto Corrêa”, considera Augusto Ramos. “Vimos que dá certo e agora estamos investindo em mais coletores para aumentar a capacidade de produção de sementes, com a visão futura de sermos autossuficientes na produção de sementes também”.

Garrafas PET servem de ferramenta para o desenvolvimento das sementes

Para que esse objetivo possa ser alcançado, uma parceria vem sendo realizada entre a Agromar e a Prefeitura Municipal de Augusto Corrêa. Prefeito do município, Estrela Nogueira aponta que, para que fosse implantado o projeto de banco de sementes no Rio Peroba, na comunidade do Cedro, o município fez um esforço para o recolhimento das garrafas PET que servem de ferramenta para o desenvolvimento das sementes. “Nós estamos fazendo uma coleta seletiva porque a garrafa PET serve de ferramenta para desenvolver as sementes, sem degradar o meio ambiente”, aponta. “O nosso objetivo é criar um banco natural. Estamos trabalhando em cima dessa captação de sementes, fizemos um teste para ver como se adaptava e conseguimos captar aproximadamente 25 mil sementes”.

Diante do potencial já demonstrado pelos primeiros testes, para que esse cultivo seja protegido, Estrela Nogueira aponta que a Prefeitura, através da Secretaria de Meio Ambiente, pretende criar uma área de preservação ambiental na área que abriga, hoje, o projeto de cultivo de sementes. “A Secretaria de Meio Ambiente já entrou no circuito para a gente criar uma área de preservação dentro do Rio Peroba, na proximidade da comunidade do Cedro, justamente para proteger esse processo de captação de sementes”, considerou. “No nosso entendimento, a expansão da ostreicultura no município vai aumentar a renda, a geração de emprego, melhorar a economia”.

Cultivo de ostras

Como chegar?

Pioneira na ostreicultura do município de Augusto Corrêa, a Comunidade de Nova Olinda fica distante cerca de 30 quilômetros da sede do município. O acesso se dá pela Rodovia PA-462.

Demanda

O principal mercado consumidor das ostras produzidas em Augusto Corrêa, hoje, é o local. De acordo com a Agromar, a comunidade tem uma boa demanda pelo produto que é comercializado in natura, mas a produção atende, ainda, à demanda do município de Bragança e está se iniciando a comercialização também em Belém.

Como ocorre o cultivo?

Sementes

A forma jovem das ostras é chamada de ‘semente’. Para que as sementes sejam produzidas, é possível usar coletores artificiais feitos com garrafas PETs, cortadas e colocadas na água.

Ao procurar abrigo de predadores, as sementes vão para debaixo dos coletores e se fixam nas bandas das garrafas. Dali é feita a colheita das sementes para que sejam transferidas para o local onde é feita a engorda.

A colheita das sementes ocorre, geralmente, no período de julho até dezembro.

Engorda

O local onde as sementes são colocadas para a ‘engorda’ é chamado de fazenda marinha. No caso da comunidade de Nova Olinda, em Augusto Corrêa, o nome da fazenda marinha utilizada pelos produtores da Agromar é Pérola da Amazônia.

A Pérola da Amazônia faz uso de dois tipos de cultivo: o sistema de cultivo fixo, em que as ostras são cultivadas no próprio substrato; e o suspenso, onde as mesas ficam suspensas na água, na maré, seguradas por cordas presas em boias.

No cultivo suspenso, as ostras ficam o tempo todo dentro d’água. Já no sistema fixo, quando a maré baixa, as mesmas ficam expostas, permitindo que as ostras recebam incidência do sol, processo chamado de ‘castigo’ e que permite a eliminação de predadores.

Comercialização

As ostras são comercializadas em três tamanhos: baby, médio e máster.

No tamanho baby as ostras medem entre 6 e 8 cm e demora em torno de 7 meses, desde a colocação das sementes na fazenda marinha, para que a colheita possa ser realizada. As ostras médias têm entre 8 e 10 cm e o tempo de cultivo para que elas atinjam esse tamanho é em torno de 10 meses. Já as ostras de tamanho máster têm a partir de 10 cm e demoram mais de um ano para que possam ser coletadas.

As ostras são comercializadas por dúzia e os preços variam de acordo com o tamanho, já que quanto mais tempo as ostras precisam permanecer na água, maiores são as despesas.

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