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EMPREENDEDORISMO FEMININO

Conheça as histórias de mulheres que fazem a diferença no ramo dos negócios

O Pará tem o maior número de empreendedoras da Região Norte e um dos maiores do Brasil, em variados setores.

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Imagem ilustrativa da notícia Conheça as histórias de mulheres que fazem a diferença no ramo dos negócios camera Stefanie Napoleão | Mauro Ângelo

Comemorado neste 8 de março, o Dia Internacional da Mulher marca a luta feminina por igualdade de direitos no trabalho e nos mais diversos estratos da sociedade. Passados 46 anos da oficialização da data pela Organização das Nações Unidas (ONU), diante de um cenário em que o mercado de trabalho ainda é desigual, o empreendedorismo, por vezes, é a saída encontrada por muitas mulheres para se alcançar a independência financeira.

De acordo com estatísticas do Portal do Empreendedor, extraídos em fevereiro deste ano pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), dos mais de 249 mil microempreendedores individuais (MEIs) registrados no Pará, 45% são mulheres. O Estado ainda concentra 4% das 8,6 milhões de empreendedoras brasileiras, ficando em primeiro lugar no ranking da Região Norte, de acordo com outro levantamento realizado pelo Sebrae com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A decisão de tomar a frente em um negócio próprio surgiu na vida da empreendedora Stefanie Napoleão durante uma viagem. Na capital São Paulo, ela teve a iniciativa de comprar alguns produtos de papelaria para revender em Belém. Assim que retornou, organizou toda a página virtual, com nome e logo da loja, precificou produtos e, no dia seguinte à inauguração da De Papier, ela alcançou a primeira venda. Desde então, a loja virtual não parou mais. “A ideia de empreender surgiu da minha vontade de ter o meu próprio negócio e de aumentar a minha renda. Durante muito tempo a ideia de empreender era algo distante, eu acreditava que seguiria a carreira acadêmica”, lembra Stefanie, que no início da loja ainda atuava como nutricionista e fazia mestrado. “Em determinado momento precisei optar, a De Papier consumia muito tempo da minha rotina e eu escolhi seguir nela integralmente”.

Stefanie conta que, na época em que surgiu a ideia da loja, sentia falta de determinados artigos de papelaria em Belém, já que ela mesma enfrentava dificuldade de encontrar algumas marcas e produtos. A partir dessa percepção, a empreendedora focou exatamente nessa carência do mercado e escolheu o nicho de ‘papelaria fofa’ para investir. Com um grupo de clientes já consolidado, a loja, mantida por Stefanie em parceria com o namorado e sócio Hugo Gadelha, mantém o mesmo foco até hoje, três anos após a sua criação. “Ter o meu próprio negócio me permitiu desenvolver habilidades pessoais e profissionais que não conhecia. É o reconhecimento de muitas potencialidades que passavam despercebidas pela falta de estímulo”, lembra a jovem empreendedora. “Na De Papier eu tenho a liberdade de colocar a minha própria identidade em cada processo do negócio e observar de perto o resultado que isso traz, revendo a necessidade de mudanças sempre que necessário”.

Integrando todos os processos de funcionamento da loja, Stefanie acredita que o foco em bons resultados é o melhor caminho para se conquistar o seu lugar no mercado. “O espaço feminino no mercado tem sido conquistado com muito trabalho e profissionalismo. São muitas barreiras a serem enfrentadas diariamente em uma sociedade que ainda se desconstrói, mas acredito que não há outra forma de se firmar se não for por meio de bons resultados”.

Aposta em nicho diferenciado no mercado

Também no caso da empreendedora Patrícia Mônica Munguia Rodrigues, 48 anos, a aposta em um nicho diferenciado no mercado foi o que lhe possibilitou dar início ao próprio negócio. Peruana naturalizada brasileira, Patrícia mudou-se para Belém ainda com nove anos de idade, acompanhando a mãe. Desde então, o sonho da manutenção da própria loja foi sendo construído. “Cheguei ao Pará em 1984 e a minha mãe tinha uma banca no comércio, éramos camelôs e acompanhava ela. Eu ficava olhando aquelas lojas e pensava, um dia vou ter minha loja”, lembra.

Patrícia Mônica Munguia
📷 Patrícia Mônica Munguia |Celso Rodrigues

O desejo de criança se concretizou quando Patrícia cursava o segundo ano da faculdade de contabilidade, já aos 22 anos. Inicialmente, a loja inaugurada pela empreendedora oferecia produtos diversificados, como bijuterias e artigos para presentes. Com o passar dos anos, porém, Patrícia viu em um momento de dificuldade a chance de seguir no nicho que ela sempre teve vontade de trabalhar. “Eu sempre tive vontade de trabalhar só com roupa indiana e em 2002 aconteceu um arrombamento na loja em que levaram muita coisa. Naquele momento eu decidi mudar de ramo para roupa indiana e realizar meu sonho”. Assim nasceu, há cerca de 18 anos, a Indian Fashion.

ESTILO

Patrícia lembra que, apesar do encantamento com a cultura indiana, ela chegou a ter dúvidas se o estilo, com suas cores e bordados, seria bem aceito pelo povo paraense. De pronto, a empreendedora começou a fazer pesquisas sobre os modelos, viajou para São Paulo e buscou se informar sobre tudo o que fosse relacionado à Índia. Além dos modelos prontos comprados direto da Índia, Patrícia também teve a ideia de produzir seus próprios modelos inspirados da moda indiana, com tecidos importados, mas em modelagens que se adaptassem à cultura paraense, criando a sua marca própria que também é comercializada na loja. “A gente acabou criando um estilo e acabou que todo mundo gosta das roupas, são bem aceitas em Belém”, conta. “Tenho dois filhos e um deles, que é administrador, trabalha comigo. Estou nesse ramo todo esse tempo e cada vez mais vou me aperfeiçoando. Nestes tempos de pandemia, as vendas do Instagram me ajudaram a sair da crise que o coronavírus causou na economia”.

Alimentação, varejo, moda e serviços de beleza entre as preferências no Pará

A atuação das microempreendedoras individuais no Pará aponta para algumas áreas de preferência entre as muitas áreas de atuação possível. De acordo o levantamento realizado pelo Sebrae a partir das estatísticas do Portal do Empreendedor, extraídos em fevereiro deste ano, os segmentos de varejo e acessórios, alimentação, moda autoral e serviços de beleza estão entre os preferidos por mulheres.

Ainda que as preferências existam, a gerente do Sebrae na Região Metropolitana de Belém, Leda Magno, reforça que não há segmento que a mulher não possa atuar. “A mulher, hoje, pode escolher que segmento ela quer atuar. Hoje a mulher consegue trabalhar onde ela quiser, de acordo com as preferências dela e com as decisões que ela tome”, destaca. “Por ter uma percepção diferenciada, a mulher consegue se atentar mais aos detalhes, então, com base nessa atenção ela consegue fazer uma entrega de produtos e um serviço mais qualificado; ela consegue se relacionar com múltiplas pessoas, então isso faz com que ela estabeleça uma rede de contatos muito positiva e isso faz com que ela consiga até perceber os riscos associados à gestão de um negócio, então acaba que ela assume um papel de destaque dentro do negócio, dentro da família e da sociedade”.

RENDA

Leda considera que muitas mulheres buscam complementar a sua renda desenvolvendo uma atividade empreendedora, mas não necessariamente quer dizer que essa mulher vai para o mundo empresarial. “Ela pode, também, ser a liderança do Centro Comunitário, a líder dentro de uma organização, ou ser uma líder dentro da família”, considera. “O mais importante é considerar que a mulher, independente de onde ela escolha trabalhar ou desenvolver a sua carreira, ela sempre tem o direito de decidir e se ela quiser empreender, fazer da habilidade dela um negócio, que o suporte que ela precisa esteja à disposição”.

Qualificação e inovação para vencer as dificuldades

O momento da pandemia da Covid-19 foi um divisor no empreendimento da administradora Joice Damasceno, 38. Com a empresa industrial de biscoitos, a Lany Biscoiteria, indo super bem, Joice viu as vendas caírem drasticamente a partir da chegada da pandemia, mas foi quando a empreendedora conseguiu dar a virada que precisava para o negócio crescer mais ainda.

Joice lembra que durante muito tempo desconheceu esse seu lado empreendedora. Enfrentando uma depressão, ela concluiu o curso de administração e começou a trabalhar em algumas empresas, buscando se identificar com o mundo corporativo enquanto funcionária, porém, sem conseguir se encontrar. “Foi quando eu falei que não dava mais para ficar daquele jeito e vi que tinha que fazer algo por mim”, lembra. “Foi quando eu pensei, vou empreender”.

Empreendedora Joice Damasceno
📷 Empreendedora Joice Damasceno |Divulgação

Antes de definir que nicho do mercado gostaria de trabalhar, Joice buscou qualificação. Estudou, participou de uma formação em Belém e voltou para Parauapebas, onde morava à época, maravilhada com o universo do empreendedorismo. “Pensei no que eu iria empreender e comecei a pensar nos produtos que nós temos. Sou amazonense, mas moro no Pará há muitos anos e sou extremamente apaixonada pelo Pará. Pensei que queria algo voltado para o Pará e começou um processo de planejamento com a consultora do Sebrae”, lembra. “Eu passo nas estradas e vejo biscoitos de castanha-do-pará que é algo que representa tanto o nosso Estado, então eu pensei em trabalhar com esses produtos artesanais com alta qualidade e com poder de demanda para fora do país. Começamos a pensar nessa ideia dos biscoitos”.

Diante do planejamento do negócio e da busca por qualificação, Joice viu a empresa crescer. Quando a marca estava se tornando conhecida em Parauapebas, a pandemia pegou a todos de surpresa. Foi quando descobriu o que o marketing digital poderia fazer pelo negócio dela naquele cenário. “Quando chegou a pandemia eu vi o dinheiro sair da conta, mas não conseguia ver o dinheiro entrando. As vendas caíram, as pessoas pararam de me procurar. Até que num dia que eu estava extremamente triste pensei em duas opções: ou ficar me lamentando ou fazer alguma coisa por mim e pela minha empresa. Foi quando eu decidi cair de cara ainda mais nos cursos”.

Para tentar viabilizar as vendas, Joice lembra que entrou em contato com empresas de delivery, mas percebeu que os preços não estavam dentro do que ela esperava. Então ela decidiu sair para fazer as entregas por conta própria, o que acabou a aproximando muito mais dos seus clientes. “Decidi agregar outros produtos porque eu vi que só o biscoito não ia sair, então agreguei as geleias, os pães artesanais de castanha-do-pará e eu vi que começou a ter muita venda”, lembra. “Com todos os cuidados, eu fiz a entrega e tive uma proximidade imensa com os meus clientes e o marketing boca a boca é o melhor que tem. Começaram a me indicar e começou a chover encomendas e pedidos”.

A empresa começou a ficar conhecida e ganhou espaço no mercado de Marabá, até o ponto em que Joice percebeu que no município vizinho as possibilidades de crescimento seriam maiores. No final do ano de 2020, a empreendedora mudou para Marabá e rapidamente ela já viu os seus produtos saírem do espaço de Marabá para ganhar outros estados. Além da própria repercussão entre os clientes que provavam seus produtos comprados nos parceiros para os quais ela fornece, a própria divulgação espontânea nas redes sociais foi expandindo o alcance da Lany Biscoiteria. “Na semana passada fui para Belém fazer uma pesquisa e quando cheguei vi um mercado maravilhoso. Meus futuros parceiros, quando viram a embalagem, já gostaram”, diz.

Saiba mais

376.366: mulheres empreendedoras estão concentradas no Pará, o que leva o Estado a deter o maior número de empreendedoras da Região Norte e a ocupar a oitava posição em nível nacional.

Fonte: Sebrae com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

45%: dos microempreendedores individuais (MEIs) registrados no Pará, são mulheres.

Fonte: Sebrae, a partir de estatísticas extraídas do Portal do Empreendedor em fevereiro de 2021.

ATIVIDADES

23 atividades concentram 73,5% dos MEIs abertos por mulheres, dentre elas o comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios; o setor de cabeleireiro; e o comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns.

Fonte: Sebrae-Pará, a partir de estatísticas do Portal do Empreendedor coletadas em 28 de fevereiro de 2021.

EMPREENDEDORAS NO PARÁ

59% têm até 44 anos

79% são da raça/cor negra

14% têm ensino superior completo

50% são chefes de domicílio

82% ganham até um salário mínimo

7% são empregadoras

33% trabalham mais de 40 horas semanais nos seus negócios

35% estão há menos de 2 anos na atividade

11% contribuem para a previdência

Fonte: Sebrae com base em dados do IBGE

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