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PROJETO AMAZÔNIA LEGAL URBANA

Mulheres pretas e indígenas são as pessoas com menos acesso à água e esgoto em Belém

Dados serão apresentados em webinário na manhã desta quarta-feira (24)

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Imagem ilustrativa da notícia Mulheres pretas e indígenas são as pessoas com menos acesso à água e esgoto em Belém camera Arquivo

Um estudo inédito, que será divulgado na manhã desta quarta-feira (24), mostra a extensão das desigualdades socioespaciais na cidade de Belém: a análise mostra, por exemplo, que o município é a capital brasileira com maior proporção de população negra residente em aglomerados subnormais, as populares favelas, e com as piores taxas de esgoto tratado.

As análises serão apresentadas no paper “Diversidade e desigualdades em tempos de mudanças climáticas: uma análise socioespacial de Belém”, apresentado às 10h de amanhã, pelo Youtube. Na ocasião, também será lançado o projeto “Amazônia Legal Urbana - Análise Socioespacial de Mudanças Climática”.

O projeto, que tem apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), “analisa o ordenamento territorial desigual das cidades, diante das políticas e programas de mitigação e adaptação das Mudanças Climáticas”, afirma Diosmar Filho, geógrafo e coordenador-pesquisador do projeto Amazônia Legal Urbana.

Segundo dados levantados pelos pesquisadores que compõem o projeto, a população indígena de Belém é a que menos tem acesso à rede geral de esgoto (somente 13%) e também a menos que tem acesso ao abastecimento de água por Rede Geral encanada (58%).

O estudo mostra também que 31,7% do lixo urbano gerado em Belém é descartado em rio, lago ou mar. Além disso, quase 15% do lixo é jogado em terreno baldio ou em logradouros. Não por acaso, Belém é considerada a capital brasileira com as piores taxas de esgoto tratado e percentual de domicílios com coleta seletiva de lixo, considerando a população urbana do município.

Os dados sobre esgoto e coleta seletiva foram levantados do “Mapa das Desigualdades das capitais brasileiras”, publicado em 2020.

INDÍGENAS E MULHERES PRETAS E PARDAS SÃO MAIS PREJUDICADOS

A pesquisa mostra também que, apesar de a maioria da população residir em domicílios tipo casa e mais da metade ter acesso ao esgotamento sanitário adequado (rede geral e fossa séptica), observa-se desigualdades étnico-raciais no acesso aos serviços de esgotamento sanitário.

“As mulheres e os homens indígenas são os grupos étnico-raciais que apresentam as menores proporções de acesso à rede geral de esgotamento sanitário, seguido das mulheres pelas pretas e pardas, sendo similar para os homens”, descreve o estudo.

“As vulnerabilidades relacionadas à saúde são mediadas por determinantes sociais estruturantes, como o racismo, contexto de pobreza, condições geográficas e culturais, e diferem substancialmente entre homens e mulheres, repercutindo no aprofundamento das desigualdades de gênero, em especial, em países de baixa e média renda, neste caso se insere o Brasil”, completa o documento da pesquisa científica.

“Analisamos os impactos dos Planos Diretor Urbano e os desafios desses em garantir a humanidade às pessoas na região. Sendo uma pesquisa inovadora, sua metodologia pode ser realizada em outras regiões do Brasil, já que precisamos criar as condições dos lugares proverem transformações diante da crise climática de nosso século”, diz Diosmar Filho.

Todas as análises serão apresentadas no Webinário “Mudanças Climáticas na Amazônia Legal Urbana: Belém”, às 10h, que pode ser acompanhado pelo link abaixo.

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