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Entregadores estão nas ruas para garantir o sustento das famílias

Segundo pesquisa, os entregadores e motoboys já são quase 700 mil em todo o País e, inclusive na capital paraense, eles trabalham todos os dias, por muitas horas, tendo as entregas como única opção de trabalho

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Imagem ilustrativa da notícia Entregadores estão nas ruas para garantir o sustento das famílias camera Nilton pedala mais de 10 horas por dia para conseguir pagar as despesas de casa | Wagner Almeida

Faça sol ou chuva, eles estão por toda parte. Basta observar o movimento no trânsito da cidade para perceber um grande número de entregadores que prestam serviços para os aplicativos, onde empresas comercializam uma infinidade de tipos de alimentos. Basta selecionar o que deseja e fazer o pedido. De bicicleta ou motocicleta, esses entregadores atravessam bairros para fazer aquela entrega diretamente nas mãos do consumidor.

Um trabalho que exige agilidade, atenção e que, ao mesmo tempo, oferece muitos riscos a essas pessoas, seja de acidentes ou relacionados à violência. Em alguns casos, o objetivo desse trabalhador autônomo é gerar uma renda extra. Em outros, é a única fonte de renda que garante o sustento de uma família inteira. Alguns trabalhadores chegam a trabalhar 12 horas por dia, tendo apenas um intervalo para o almoço.

Com o objetivo de mapear o perfil desses trabalhadores que atuam em cinco regiões do país, incluindo Belém, de 19 unidades da Federação, a Universidade Federal da Bahia realizou uma pesquisa com entregadores.

De acordo com a pesquisa, entre os primeiros trimestres de 2015 e 2020, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), o número de motociclistas ocupados passou de 459 mil para 693 mil. A idade deles varia entre 18 e 50 anos, e, em média, trabalham para os “aplicativos” há 10 meses. Para 70% deles, esse é seu único trabalho - os demais têm mais de um, sendo a entrega ocupação principal ou subsidiária.

PERFIL

A necessidade chega a sacrificar a convivência com a família. É o que ocorre, por exemplo, com o Everton Sousa, 43 anos, que atua como entregador de aplicativo há sete meses. Ele vive hoje com a sua companheira e é pai de 3 filhos, que possuem 22, 15 e 4 anos. Com o ensino médio completo e alguns cursos profissionalizantes na área de vigilante, ele conta que atuou por 9 anos e meio nessa profissão, tendo sua carteira de trabalho assinada.

Mas, pouco antes da pandemia, ele ficou desempregado, devido a um corte na empresa. A atividade de motoboy, que até aquele momento servia de renda extra, tornou-se sua fonte de renda principal. De domingo a domingo, Everton trabalha cerca de 12 horas por dia e quase não tem tempo para curtir a família. A atividade inicia por volta das 9h e só encerra à meia-noite, todos os dias.

“É um bico que virou trabalho. É um pouco cansativo. Se Deus o livre acontecer algo, como já aconteceu com vários amigos meus, não temos a quem recorrer, não temos legislação trabalhista para amparar. Os custos das motos e os equipamentos saem do nosso bolso. Temos zero apoio do aplicativo. A gente ganha pelo o que faz”, disse ele que, mensalmente, fatura em torno de R$ 3.500 a R$ 4 mil.

É com esse dinheiro que ele paga as despesas domésticas, os custos da atividade e arca com o almoço diariamente. Adotando todos os cuidados, como o uso do álcool em gel e máscara, ele conta que não teve a covid-19. “O mercado de trabalho está fechado, principalmente agora. Particularmente quero montar um negócio com minha esposa e sair um pouco daqui, porque com um tempo pode prejudicar a nossa saúde. A coluna não aguenta. Pegamos sol e chuva, ficamos o dia inteiro em cima da moto. A gente tem que ter um tipo de ganho que possibilite estar mais próximo da família”, afirmou.

Faça chuva ou sol, as motos e bicicletas de entrega são encontradas pelas ruas da capital
📷 Faça chuva ou sol, as motos e bicicletas de entrega são encontradas pelas ruas da capital |Wagner Almeida

Também entregador de aplicativo, Cleiton Ferreira, 30, iniciou a atividade há um ano, que garante o seu sustento hoje, depois que saiu de um emprego de motoboy, onde tinha a carteira assinada. Natural de Castanhal, o jovem mora só em Belém e nutre o sonho de comprar um caminhão para atuar como caminhoneiro. Ele trabalha cerca de 9 horas por dia, de segunda a sábado. Ele fala dos riscos que os trabalhadores enfrentam no trânsito. “Há dois meses sofri um acidente. Uma mulher encostou na moto, não cheguei a cair, mas causou danos na minha moto. Se tivesse a opção de ter um emprego de carteira assinada eu trocaria”, garantiu.

Aos 20 anos, Nilton Júnior trabalha há 2 como entregador. O seu veículo de locomoção é a bicicleta, na qual ele pedala mais de 10 horas por dia nessa atividade. Esta foi a primeira atividade remunerada do jovem, que está ainda concluindo o ensino médio e sonha com um emprego de carteira assinada. “Venho do Parque Verde e faço entregas em várias partes de Belém. Tiro entre R$ 800 a R$ 900. A gente anda de 5 a 6 quilômetros para ganhar R$ 3,75 (de comissão pela entrega). Esse dinheiro vai todo para casa. Ajudo nas despesas. Moro com meu avô e meu tio. Trabalhar de carteira assinada é meu sonho hoje. Mas está difícil. Entrei nisso pela facilidade. O valor da corrida é baixo e a gente corre riscos. As pessoas jogam o carro pra cima da gente, não respeitam”, explicou ele, que também não teve a covid-19.

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