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CARTA DE DESPEDIDA

"Seguirei lutando pela saúde", diz Beltrame após deixar Sespa e presidência do Conass

Após se ausentar das funções de titular da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Alberto Beltrame anunciou, também na noite desta quarta-feira (1º), que deixa a presidência do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O comunicado foi

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Imagem ilustrativa da notícia "Seguirei lutando pela saúde", diz Beltrame após deixar Sespa e presidência do Conass camera Comunicado foi feito através de uma carta de despedida publicada no Conselho Nacional de Secretários de Saúde, na noite desta quarta-feira (1º). | Bruno Cecim/Agência Pará

Após se ausentar das funções de titular da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Alberto Beltrame anunciou, também na noite desta quarta-feira (1º), que deixa a presidência do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

O comunicado foi emitido como nota oficial no site do Conselho, que afirmou ter lamentado a saída “inesperada” de Beltrame. Assume interinamente a função o secretário de Estado de Saúde do Maranhão, Carlos Lula.

LEIA TAMBÉM: Beltrame sai da Saúde e delegado da PF assume a pasta

Na carta de despedida, o ex-secretário revelou que saiu para cuidar da saúde e se dedicar à defesa frente às acusações de que tem sido alvo. Falou também das dificuldades enfrentadas quando estava no cargo e precisava recorrer ou lidar diretamente com o Ministério da Saúde e lembrou ações adotadas desde o início da pandemia da Covid-19 no Estado.

Confira a carta na íntegra:

Informo que no dia de hoje pedi licença do cargo de Secretário de Estado de Saúde do Pará e, por consequência, renuncio à presidência do Conass.

Tomei esta decisão para poder cuidar de minha saúde e me dedicar à defesa do meu maior patrimônio: a minha honra e dignidade.

Durante a pandemia, em nome do Conass, apelei diversas vezes ao Ministério da Saúde para que assumisse sua função de centralizar, comprar e distribuir equipamentos, insumos e medicamentos para salvar vidas durante a pandemia.

Recebemos promessas de que leitos de UTI, equipamentos de proteção individual e medicamentos seriam comprados pelo Ministério e entregues ao estados e municípios.

Estes compromissos não foram cumpridos e ficamos sós.

Secretários, governadores e prefeitos, sem alternativa, diante de hospitais lotados e de mortes diárias, foram jogados num cassino internacional, com mercado aviltado, preços exorbitantes, num verdadeiro leilão de bens para a saúde.

Assim, o Ministério da Saúde deixou de cumprir seu papel essencial numa emergência em saúde pública: coordenar as ações, orientar o isolamento social e também o de utilizar seu poder de compra para gerar economia de escala aos cofres públicos e normalizar e regular preços.

Diante de uma pandemia, tantas vezes negada ou minimizada, fomos colocados frente à frente com uma uma dura realidade: a vida ou a morte.

Não nos omitimos. Levantamos a voz diante de tanta indiferença, falta de empatia, solidariedade e compaixão.

Corremos riscos para salvar vidas e avançamos muito.

Implantamos leitos de UTI em tempo recorde e assistimos nossa comunidade. Agora vemos todos nossos esforços serem criminalizados.

A omissão, nos parece ser, em contrapartida, premiada.

Enfrentei pessoalmente a própria COVID-19. Muitos colaboradores adoeceram, vários colegas de trabalho, inclusive meu diretor financeiro, morreram neste embate. Mesmo diante de tantas adversidades, segui dando o melhor de mim para que o enfrentamento à pandemia não sofresse solução de continuidade.

Nada fiz de errado. Não cometi nenhum desvio de conduta, neste momento ou em toda a minha vida pregressa.

Antes de me licenciar do cargo criei Comissão com o fim de apurar eventuais irregularidades nos procedimentos administrativos e contratos com despesas relacionadas à pandemia. Além disso oficiei a Procuradoria Geral do Estado solicitando providências quanto a possibilidade desta Secretaria assinar um Termo de Ajustamento de Conduta com o MP/PA e MPF com o intuito de atuar com transparência e colaboração diante de qualquer investigação de possíveis irregularidades.

Nada tenho a esconder ou temer. Ressalto que todo o meu patrimônio é fruto de 35 anos de trabalho e está todo declarado em meu imposto de renda, o qual, disponibilizarei a qualquer autoridade investigativa se necessário.

Espero que a justiça seja feita e que possa reparar a dor, o sofrimento e adoecimento que me são infligidos neste momento tão difícil.

Seguirei lutando pela saúde de todos e na defesa incondicional do SUS, onde estiver. Este é o meu compromisso de vida, que não abandonarei.

Agradeço a solidariedade e apoio de meus colegas e lhes desejo sorte e sucesso.

Estou pagando um preço alto por lutar e acreditar que a vida é nosso bem maior. Fiz o que deveria fazer, cumpri meu papel de médico, cidadão e gestor público

Desejo a todos os irmãos brasileiros força e coragem. Venceremos esta pandemia.

Alberto Beltrame

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