Da mesma forma como faz ao longo dos nove anos em que já é voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV), durante a pandemia do novo coronavírus João continua se dirigindo ao posto do serviço gratuito de apoio emocional para se disponibilizar a ouvir pessoas que precisam conversar e que fazem contato por meio do telefone ou da internet.
Mantendo todos os cuidados para se prevenir contra o vírus, ele e outros voluntários se dedicam para manter a rede de apoio em um período de especial tensão para muitas pessoas. Voltados para diferentes públicos, grupos de apoio e irmandades tiveram que se adaptar para garantir o acolhimento mesmo em meio à pandemia.
Ainda no início da pandemia no Estado, João conta que ficou apreensivo com o fato de que muitos voluntários não conseguiriam sair de casa para chegar até o posto de atendimento do CVV. A preocupação era com as pessoas que precisam dividir suas angústias e encontram apoio no atendimento do serviço voluntário. Por isso, ele, que tinha a possibilidade de se deslocar até o posto, não hesitou em continuar a fazê-lo.
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“É muito satisfatório poder ajudar mesmo diante desse quadro da pandemia. Muita gente está precisando”, considera. “Pela experiência do contato daqueles que ligam, ouço muito as pessoas dizendo que é uma aflição muito grande. A solidão, que já era um elemento muito crítico para todos, aumentou muito mais o sofrimento e a dor dessas pessoas”.
Há 58 anos o CVV presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional para todas as pessoas que precisam conversar, mantendo total sigilo e anonimato. Para que tal serviço fosse preservado mesmo diante das orientações de isolamento social, os voluntários precisaram fazer algumas adaptações.
Os atendimentos presenciais foram temporariamente suspensos, mas os feitos via telefone e internet permanecem sem interrupções. “Tivemos que deslocar alguns voluntários para o atendimento remoto, em cumprimento às medidas de isolamento social e outros voluntários conseguiram se adaptar com um reforço para que a oferta do atendimento não caísse tanto”, explica Luiza Montenegro, voluntária do CVV Belém. “Os atendimentos permanecem pelo número 188, que funciona 24 horas, gratuitamente em todo o Brasil. No site há o atendimento por chat ou e-mail”.
Luiza lembra que, para manter a rede de apoio ativa, os treinamentos para as pessoas que desejam se tornar voluntárias também permanecem durante a pandemia. O curso presencial de voluntário, por enquanto, está suspenso, mas há a possibilidade de participar do curso on-line.
“Nós já oferecíamos, mas é mais uma adaptação. O grupo nacional, que faz a capacitação on-line, foi reforçado atualmente. Após fazer o curso, o voluntário pode escolher se deseja fazer o atendimento remoto ou se deseja integrar a equipe presencial, quando for possível novamente”. Para se tornar voluntário do CVV é preciso ter mais de 18 anos de idade, pelo menos quatro horas semanais disponíveis para o atendimento e vontade de ouvir qualquer pessoa que busque ajuda, sem críticas, julgamentos ou preconceitos.
Irmandade
Também voltado para o apoio emocional a quem precisa, a irmandade Neuróticos Anônimos (N/A) costuma realizar reuniões presenciais em que os membros têm a possibilidade de, maneira anônima, dividir suas experiências. Durante a pandemia, porém, as reuniões presenciais seguem suspensas, incluindo os grupos existentes no Pará. Para que a rede de apoio seja mantida, mais uma vez a internet é a principal aliada.
“Com os grupos fechados em decorrência da pandemia, tivemos que partir para as ferramentas dos aplicativos, que é o que está salvando todos os que já são membros e também aqueles que não conhecem a irmandade e que, de alguma forma, estão procurando ajuda”, diz o Escritório de Serviços Gerais de Neuróticos Anônimos do Brasil (Enabra). “As reuniões estão ocorrendo de forma virtual em diferentes aplicativos. Tem um link que disponibiliza toda a grade de reuniões diárias, onde as pessoas de qualquer lugar podem participar”.
Em 2020, a Neuróticos Anônimos completa 51 anos de existência no Brasil e é voltada para pessoas cujas emoções interferem na manutenção de suas rotinas. Com o propósito da recuperação, a irmandade Narcóticos Anônimos (NA) também tem nas reuniões a principal rede de apoio. Voltada para ‘homens e mulheres para quem as drogas se tornaram um problema maior’, a irmandade existe há 67 anos e, em meio à nova realidade imposta pela pandemia do coronavírus, também se adaptou para manter as atividades.
“As reuniões presenciais foram suspensas desde março, seguindo os protocolos de prevenção à doença e, a partir daí, milhares de reuniões virtuais se instalaram em plataformas de videoconferências. Hoje Narcóticos Anônimos concentra 1.785 reuniões virtuais por semana”, aponta o Subcomitê de Relações Públicas - Belém/Pará do Narcóticos Anônimos.
“O ambiente virtual rompeu as fronteiras. A pessoa não necessariamente precisa reunir em grupo de Belém, mas de outro estado e inclusive no exterior. Claro que não substitui as reuniões presenciais, mas, nesse momento, é o que está possibilitando a recuperação”.
Virtuais
Reuniões virtuais vêm ocorrendo continuamente, em diferentes horários, a primeira começando às 7h e a última às 3h da madrugada. Mesmo no ambiente virtual, as reuniões mantêm o mesmo formato das presenciais, em que os membros têm a oportunidade de compartilhar seus sentimentos naquele dia. Na videoconferência, o participante pode se identificar ou não e também escolher se deseja abrir a imagem do seu vídeo ou não.
“Para fazer parte de NA não existem restrições sociais, religiosas econômicas, raciais, étnicas, de nacionalidade, gênero ou classe social”, aponta o subcomitê. “É um programa de total abstinência de todas as drogas e há somente um requisito para ser membro: o desejo de parar de usar”.
SERVIÇO
Centro de Valorização da Vida (CVV)
O CVV realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, proporcionando o atendimento voluntário e gratuito de pessoas que precisam conversar, garantindo o sigilo seja por telefone, e-mail e chat, 24 horas por dia.
É possível entrar em contato com o CVV, de qualquer lugar do Brasil, através do telefone 188. Já o atendimento por chat ou e-mail pode ser realizado através do site www.cvv.org.br.
No site também é possível obter informações sobre como se tornar um voluntário.
Neuróticos Anônimos (N/A)
A irmandade, que possui 51 anos de existência no Brasil, é formada por a pessoas “cujas emoções interferem em seu comportamento, de qualquer forma e em qualquer grau, segundo ela mesma o reconheça”. Durante a pandemia do coronavírus, as reuniões da irmandade estão sendo realizadas de maneira virtual.
Informações sobre como participar das reuniões virtuais podem ser obtidas pelos números (11) 3229-7523 e (11) 3228-2042, ou através do ingresso no grupo de WhatsApp através o link https://chat.whatsapp.com/Lk03DTCiYOIH mwfz v6yswq. Mais informações também podem ser obtidas pelo site do N/A, no endereço www.neuroticos anonimos.org.br
Narcóticos Anônimos (NA)
Há 67 anos a irmandade Narcóticos Anônimos é formada por “homens e mulheres para quem as drogas se tornaram um problema maior” com o desejo de alcançar total abstinência de todas as drogas. Durante a pandemia, as reuniões da irmandade vêm sendo realizadas de maneira virtual.
Para chegar a uma sala on-line de NA, as pessoas interessadas podem buscar o ‘Linha de Ajuda’, através do telefone 3003-5222. Além das chamadas telefônicas, também é possível fazer contato com a plataforma através do WhatsApp, sendo necessário acrescentar o número 73 a frente do telefone (73 3003-5222). Mais informações também podem ser obtidas pela fanpage no Facebook, no endereço eletrônico www.facebook.com/LDA3003.
Alcoólicos Anônimos (AA)
A irmandade Alcoólicos Anônimos existe há 81 anos e é formada por “homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar outros a se recuperar do alcoolismo”. Durante a pandemia, as reuniões vêm sendo mantidas de forma on-line.
O Grupo AAOnline realiza reuniões todos os dias das 20h00min às 22h00min através do link https://52175326.myown meeting.net/
Em caso de pessoas preocupadas com a maneira de beber de um familiar ou amigo(a), é possível obter informações através do Fale Conosco, pelo e-mail cto @aaonline .com.br. Mais informações podem ser obtidas no site www.aa.org.br
Canal de comunicação
Linha de Ajuda
Em caso de dificuldade de acesso à internet por parte do membro, os acessos podem ser realizados inclusive via chamada eletrônica. O Subcomitê de Relações Públicas explica que para chegar a uma sala on-line de NA, as pessoas interessadas podem buscar o ‘Linha de Ajuda’, através do telefone 3003-5222, um canal de comunicação que integra chamada telefônica e redes sociais como WhatsApp e Facebook (facebook.com/LDA3003), permitindo que qualquer pessoa, seja um adicto ou membro da sociedade, tenha acesso às informações sobre o Narcóticos Anônimos.
“Por meio desse canal é possível entrar em contato com os voluntários do ‘Linha de Ajuda’, receber um atendimento humanizado, acolhedor e ser direcionado para uma sala virtual de recuperação”.
Nos meses de março, abril e maio, a ‘Linha de Ajuda’ já recebeu 660 ligações no Brasil. Atualmente, o Pará dispõe de 36 grupos presenciais de Narcóticos Anônimos, 15 deles no interior do Estado. Dez grupos locais se adequaram às reuniões virtuais e os endereços virtuais são informados pelo ‘Linha de Ajuda’ e também estão disponíveis no site www.sistemarad.org.
Também em seu site oficial, outra irmandade informa sobre as reuniões presenciais. Voltado para homens e mulheres que compartilham experiências e esperanças com o objetivo de solucionar o problema comum com o alcoolismo, a irmandade Alcoólicos Anônimos (AA) tem realizado reuniões virtuais, assegurando o anonimato de seus participantes, todos os dias às 20h. É possível ingressar em uma reunião pelo computador, tablet, smartphone e até mesmo pelo celular. O único requisito para fazer parte de AA é o desejo de parar de beber.
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