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“O medo não passou, mas vida que segue”, relata catadora

O avanço da pandemia da Covid-19 no estado do Pará deixou e ainda deixa muitos de nós apreensivos e ansiosos, principalmente aqueles que precisam sair de casa todos os dias para garantir o próprio sustento ou da família quando o luxo de um home office não

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Imagem ilustrativa da notícia “O medo não passou, mas vida que segue”, relata catadora camera Profissionais precisaram suspender os trabalhos nos primeiros meses de avanço da pandemia da Covid-19 no Estado. | Arquivo Pessoal

O avanço da pandemia da Covid-19 no estado do Pará deixou e ainda deixa muitos de nós apreensivos e ansiosos, principalmente aqueles que precisam sair de casa todos os dias para garantir o próprio sustento ou da família quando o luxo de um home office não é alternativa.

Quem ficou entre a cruz e a espada no começo da pandemia foram os 20 catadores da Cooperativa de Trabalho dos Profissionais do Aurá (Cootpa). Há quatro anos à frente da Cootpa e dez anos ao todo na casa, Noemia do Nascimento contou ao DOL as dificuldades que ela e a equipe enfrentaram quando a ordem foi se isolar.

A cooperativa tem 19 anos de fundação e foi a primeira voltada para reciclagem na Região Metropolitana de Belém (RMB). As equipes trabalham com a coleta seletiva porta-a-porta, recolhendo os materiais recicláveis, separados pela população, nas residências ou comércios de Ananindeua.

“A gente faz [o roteiro da coleta] em alguns condomínios e em alguns geradores [empresas que destinam materiais para os cooperadores]. Tudo que vai para o galpão é triado, prensado e vendido, tira as nossas despesas e rateia o que fica entre os cooperados”, explica.

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O primeiro caso de Covid-19 no estado foi em 18 de março. Exatamente um mês depois saltava para 641, somado às 32 mortes. Competir com o medo da contaminação naquela altura era implacável. Bater de porta em porta também estava cada vez mais arriscado. Então a produção caiu e foi preciso parar.

“Ficamos sem saber o que fazer, paramos duas semanas e depois mais duas”, relembra a presidente. “A gente ficou sem chão. O medo foi grande de fazer a coleta seletiva porta-a-porta, depois a produção caiu. Às vezes, até tinha material, mas não para quem vender. As pessoas estavam assustadas, não queriam atender os catadores na porta”, lembra.

Para quem tirava do trabalho na cooperativa a única fonte de renda, a situação era desesperadora. Sem trabalhar, muitos contaram com a solidariedade de quem doava cestas básicas ou com o auxílio emergencial do Governo Federal. “As coisas têm melhorado desde o dia 18 de maio [quando retomaram as atividades]. As pessoas estão mais tranquilas, isso inclui os catadores, mas não quer dizer que a gente não esteja mais com medo. O medo continua, não passou, mas vida que segue. Aprendemos a lidar com ele”, diz.

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