Motivada pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), uma parceria que também envolve o Centro Regional de Governo, a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) e o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) vai possibilitar a realização de análises moleculares para detecção do SARS-COV-2 na população do Oeste do Pará.
Na noite desta terça-feira, 28 de abril, o secretário estadual de Saúde do Pará, Alberto Beltrame, confirmou a liberação de recursos para a montagem de um laboratório em Santarém. O anúncio foi feito durante reunião online com representantes dos articuladores locais. O laboratório funcionará dentro do HRBA, devido à capacidade que o hospital tem de manter a sanitização do ambiente, relacionada ao conjunto de procedimentos higiênico-sanitários necessários.
Para a realização do projeto, uma rede de articulação foi montada. O reitor da Ufopa, professor Hugo Alex Diniz, manteve contato com a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), que, na pessoa do reitor Marcel Botelho, possibilitou a cessão de equipamentos para compor o laboratório. A equipe técnica será contratada pelo HRBA, sendo que a capacitação e o acompanhamento serão feitos por professores geneticistas da Ufopa.
A ação é coordenada pelo professor Marcos Prado, pró-reitor da Cultura, Comunidade e Extensão (Procce) da Universidade, e acompanhada diretamente pelo reitor, professor Hugo Alex Diniz. De acordo com professor Marcos Prado, ainda não se pode precisar o início das atividades. “Não há uma data prevista, por conta dos insumos, mas a intenção é começar ainda no mês de maio”. Ele destacou a importância da iniciativa para combater o ciclo de contágio do vírus.
Atualmente, os testes do Oeste do Pará ocorrem da seguinte forma: as coletas são feitas nas cidades, depois vêm para Santarém e daqui são encaminhadas em voo do governo do estado para Belém, duas vezes por semana. “O resultado está demorando em torno de sete a dez dias para chegar em Santarém, e durante esse tempo as pessoas acabam tendo contato com outras e o ciclo de contágio permanece”, disse professor Marcos.
Segundo ele, a meta é realizar cerca de 116 testes por dia e disponibilizar o resultado em até 48 horas, podendo antecipar o prazo em casos mais graves. Também ressaltou que essa ação representa um avanço muito grande e mostra que a ciência é o caminho para reduzir os avanços da pandemia e os impactos na vida de toda a população.
Na semana passada, o professor Marcos Prado, que tem formação em Genética e Biologia Molecular, participou de treinamento em Belém, recebendo orientações junto ao Laboratório Central do Pará (Lacen) e ao Instituto Evandro Chagas. A equipe de professores da Ufopa no projeto é formada pelos geneticistas Luís Reginaldo e Gabriel Coelho (Instituto de Ciências da Educação — Iced), Heloísa Meneses (Instituto de Saúde Coletiva — Isco) e Marcos Prado (Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas — ICTA).
A Ufopa também está disponibilizando equipamentos para a montagem do laboratório e recursos financeiros para aquisição de insumos, disponibilizados pelo MEC. Outros parceiros ainda estão sendo contatados para a rede de articulação, como a Unimed Oeste do Pará, que já sinalizou positivamente ao projeto.
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Para o professor Hugo Alex Diniz, com a ação propositiva na parceria a Ufopa reforça seu papel na promoção do conhecimento científico na região, neste momento em que todos trabalham para evitar a expansão da pandemia em nossos municípios. “A Universidade é um espaço para busca de soluções de problemas nos mais diversos contextos, por meio da produção e difusão do conhecimento científico. A Ufopa demonstra neste momento sua importância acadêmica, a dedicação de seus servidores para com o bem-estar coletivo, reforçando a necessidade de cada vez mais investimentos na pesquisa e extensão”, enfatizou o reitor.
Das reuniões locais participam o secretário do Centro Regional de Governo, Henderson Pinto; a assessora do Centro Regional de Governo na área da saúde, Talita Liberal; a diretora do 9º Centro Regional da Sespa, enfermeira Marcela Tolentino; o diretor do HRBA, Herbert Moreschi; e, pela Ufopa, o pró-reitor Marcos Prado e o reitor Hugo Alex Diniz.
Teste molecular – PCR em tempo real
Atualmente existem duas maneiras de testar para a Covid-19. A primeira é o chamado teste rápido, a partir de uma gota de sangue, que analisa os anticorpos da pessoa. A partir da análise, verifica-se se o paciente entrou em contato com o vírus ou se ele está infectado. Vale lembrar que, se a infecção for inferior a dez dias, existe a possibilidade do falso negativo, que consiste na não detecção da presença do vírus devido ao estágio primário da infecção. Este teste tem, em média, cerca de 70% de precisão, mais por contar uma história do paciente do que por apresentar o momento atual.
O teste molecular, que será feito em Santarém, analisa a presença de material genético do vírus em amostras da região nasal do paciente e pode dizer, com precisão, se este está infectado com o vírus.
Segundo professor Marcos Prado, o teste molecular é o mais indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com 98% de precisão, e pode ser realizado, inclusive, em pacientes assintomáticos, ou pacientes com apenas um ou dois dias de infecção, mostrando o estágio atual de contaminação.
Além disso, esse teste também é utilizado durante o processo de cura do paciente, para saber se ainda está com a carga viral no momento em que precisa ser liberado do hospital.
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