Pessoas em situação de rua participam de atividades esportivas no Mangueirão

Durante toda a semana, pessoas em situação de rua, acolhidas no Mangueirão e Mangueirinho, estarão participando de diversas atividades esportivas e socioeducativas. As ações são coordenadas pela Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) e realizadas em parceria com a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel) e Fundação ParaPáz.

Entre as modalidades esportivas, destacam-se atividades funcionais, circuitos e alongamento, além de peteca, futebol, frescobol e basquete. Já para o entretenimento, o acolhido terá acesso a jogos de tabuleiro, dominó e atividades artísticas, como pintura e reciclagem.

F. M. tem 50 anos e está no estádio Mangueirão desde o dia 22 de março. Para ele, ações como essas trazem bem-estar e momentos de lazer. "Com essas atividades esportivas estamos ocupando a nossa mente. Só de estarmos ocupados com algo, a gente já consegue tirar todos os pensamentos negativos da cabeça, tem sido muito bom", contou.

Pelo menos 18 profissionais de educação física estarão atuando através da Fundação ParáPaz. As atividades serão contínuas, realizadas de segunda a sexta-feira, sempre de 8h às 11h30.

Jhon Cavalcante, coordenador das atividades de entretenimento no Mangueirão e Mangueirinho explica que o objetivo da ação é promover entretenimento durante o período de acolhimento, para que eles se sintam bem e queiram permanecer no espaço.

"Como estavam ociosos, haviam muitos pedidos de ações desse tipo, e por isso definimos as atividades, feitas de acordo com as exigências deles, dividindo entre os públicos. As funcionais são direcionadas mais para os idosos, já o futebol, frescobol, basquete, são mais para o público masculino. Para as mulheres e crianças, alojadas no Mangueirinho, planejamos, além dos esportes, atividades artísticas, como pintura e reciclagem" - Jhon Cavalcante, coordenador das atividades de entretenimento no Mangueirão e Mangueirinho.

As equipes que estão atuando nas atividades tiveram a preocupação em estudar o perfil dos assistidos, com o intuito de promover uma abordagem diferente. O esporte é uma grande ferramenta na luta contra o uso de drogas, que contribui tanto com o entretenimento, como também proporcionando qualidade na vida.

A. M., de 49 anos, é de Fortaleza e está em Belém há três anos. Ele veio em busca de tratamento para o alcoolismo e nunca mais retornou à cidade natal.

"O meu objetivo em Belém é conseguir um emprego e me estabilizar, por isso a iniciativa em nos acolher é muito importante. Com essas atividades, a gente ocupa a mente e não ficamos pensando em sair, ingerir bebida alcoólica, aqui nós ficamos longe de tudo isso. Costumo dizer que ninguém vive na rua, a gente vegeta. Eu perdi todos os meus amores, perdi o amor de filho, o amor de mãe e o amor de mulher. Mas depois de tudo isso eu aprendi a recomeçar", contou o acolhido.

Ismael Neto, educador Físico da Fundação ParáPaz diz que antes da ação houve uma apresentação aos acolhidos, a fim de contribuir no momento da socialização. Para ele, o esporte é uma forma de criar vínculo, proporcionar valores, mesmo sabendo da realidade de muitos.

"A partir daqui, podemos fazer a construção de cidadãos melhores devido ao contato com o esporte. É uma troca significante para eles e para a gente. Muitos têm vínculo afetivo e uma história com esporte regresso, eles lembram da infância, de como praticavam na casa da mãe, ou até mesmo com os filhos, e é algo que vem à tona e gera força para superarem esse momento da melhor forma possível", diz o educador físico da Fundação ParáPáz, Ismael Neto.