Fogos no céu, mesas cheias, casas movimentadas e a rotina completamente fora do comum. Para muitas pessoas, o fim de ano é sinônimo de celebração, mas para cães e gatos esse período pode representar estresse, medo e até riscos à saúde. Com o aumento de barulhos, circulação de visitantes, oferta de alimentos inadequados e, na Amazônia, intensificação das chuvas, os cuidados com os animais de estimação precisam ser redobrados.
Esses fatores aumentam o estresse e os riscos para cães e gatos. De acordo com o médico veterinário Manoel Soares, esse é um momento que requer atenção preventiva. “Os estímulos do fim de ano são intensos, variados e, muitas vezes, inesperados para os animais”, explica ele.
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Segundo o especialista, os fogos de artifício representam um dos principais perigos nessa época. “O som de alta intensidade, os clarões e as vibrações ativam respostas de estresse imediato nos animais, que interpretam tudo isso como ameaça”, afirma. Entre os sinais de maior preocupação, o professor cita tremores, salivação excessiva, respiração ofegante, inquietação, pupilas dilatadas, vocalização intensa e comportamentos de automutilação. Ele reforça que o uso de fogos, especialmente os de forte impacto sonoro, deve ser evitado porque “além de causar sofrimento, aumenta significativamente o risco de acidentes e fugas”.
Para reduzir o impacto dos ruídos, Soares orienta que o animal permaneça em ambiente interno e seguro. A recomendação é criar um espaço confortável com itens familiares e utilizar sons neutros, como música suave ou ventilador, para atenuar barulhos externos, e investir na identificação atualizada (coleiras com plaquinhas) a fim de evitar perdas.
“Sobre o uso de medicação calmante, ela pode ser necessária em casos de medo intenso, mas somente com prescrição veterinária. O profissional avaliará histórico clínico, idade, comportamento e possíveis comorbidades antes de escolher o fármaco adequado. É fundamental evitar medicamentos que apenas sedam sem reduzir a ansiedade, pois podem piorar o quadro de estresse. O tutor jamais deve medicar o animal por conta própria”, ele observa.
Os alimentos típicos das festas também figuram entre os principais vilões para os pets. O chocolate, por exemplo, pode causar arritmias e convulsões, enquanto uvas e uvas-passas estão associados a quadros de insuficiência renal aguda. Carnes gordurosas ou temperadas favorecem gastrites, vômitos, diarreias e pancreatite, e ossos cozidos podem perfurar ou obstruir o trato intestinal. “São situações que frequentemente levam os animais a emergências veterinárias nessa época do ano”, comenta.
Como alternativas mais seguras, Manoel recomenda manter a alimentação habitual e, caso haja oferta de alimentos naturais, usar opções como maçã sem sementes, banana, melão, cenoura ou abobrinha cozidas, além de pequenas porções de carne sem tempero. Para ele, a introdução deve ser moderada e, preferencialmente, orientada pelo veterinário, pois cada animal possui particularidades de saúde.
Com o início do chamado “inverno amazônico”, temporada de chuvas mais intensas na Amazônia, a umidade constante favorece doenças de pele, otites e a proliferação de ectoparasitas. Nesse contexto, ambientes secos, ventilados e limpos são essenciais, assim como evitar contato com poças e lama. Após passeios ou exposição à chuva, a secagem completa da pelagem do animal ajuda a prevenir dermatites e infecções.
Para tutores que pretendem viajar, o especialista destaca a necessidade de vacinação, vermifugação e controle de parasitas atualizados, além de transporte adequado e pausas regulares em deslocamentos longos. Em caso de hospedagem em hotelzinho, ele recomenda visitar o local, verificar protocolos de limpeza e segurança e fornecer informações completas sobre rotina e saúde do animal, uma vez que ambientes inadequados podem gerar estresse e riscos sanitários.
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As mudanças de ambiente e o fluxo aumentado de pessoas também afetam o comportamento dos pets. O especialista argumenta que ansiedade, irritabilidade, reatividade e perda de apetite são reações comuns, mas sinais como vômitos persistentes, diarreia intensa, dificuldade respiratória, convulsões, letargia acentuada, desorientação ou qualquer suspeita de ingestão de substâncias tóxicas exigem atendimento veterinário imediato.
“O maior erro cometido no fim de ano é subestimar os riscos. O tempo de resposta faz diferença direta no desfecho clínico. A orientação mais importante é planejar com antecedência: organizar um ambiente seguro, evitar fogos, supervisionar o pet durante toda a celebração e manter práticas de prevenção. Assim, as festas podem ocorrer com alegria e sem comprometer o bem-estar animal”, ele conclui profissional e professor da Estácio.
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