
Nesta terça-feira (09), Rajyalaxmi Chitrakar, esposa do ex-primeiro-ministro do Nepal, Jhala Nath Khanal, morreu após ter a residência incendiada por manifestantes em meio à onda de violência que atinge o país.
O ataque ocorreu em Katmandu, capital nepalesa, e foi confirmado por fontes hospitalares à agência EFE e pela emissora local Khabar Hub.
Rajyalaxmi chegou a ser levada em estado crítico ao Hospital de Queimados de Kirtipur, mas não resistiu aos ferimentos. Com ela, já são 25 mortos desde o início dos protestos, que começaram após o governo anunciar o bloqueio de 26 redes sociais em todo o território nacional.
Além da morte de Rajyalaxmi, há informações de ao menos três manifestantes que morreram no Hospital Civil de Katmandu, conforme confirmou o diretor da instituição, Mohan Regmi, à imprensa local. Outros dois manifestantes foram mortos durante um tiroteio no bairro Kalimati, também na capital.
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Onda de violência nacional
A escalada da violência teve início após o governo do então primeiro-ministro Khadga Prasad Sharma Oli anunciar o bloqueio de redes sociais populares como Facebook, X (antigo Twitter), YouTube e LinkedIn, alegando que as plataformas operavam sem registro legal no país. A medida foi interpretada por parte da população como um ataque à liberdade de expressão e um reflexo da repressão política.
Com 43% da população entre 15 e 43 anos, o impacto da decisão foi imediato entre os jovens, que lideraram os protestos. A indignação ganhou força após vídeos circularem no TikTok, rede que não foi bloqueada, que mostrava o contraste entre o luxo ostentado por filhos de políticos e a precariedade enfrentada por grande parte dos nepaleses. A situação agravou ainda mais o sentimento de revolta já alimentado por denúncias de corrupção e o alto índice de desemprego juvenil.
Nos últimos dias, os protestos se intensificaram, especialmente em Katmandu, onde manifestantes incendiaram o Parlamento e outros edifícios oficiais, como o Escritório da Presidência e a sede do Supremo Tribunal. O setor de imprensa também foi alvo, com o complexo do grupo Kantipur, maior conglomerado de mídia do Nepal, sendo alvo dos manisfestantes.
Nesta última segunda-feira (08), milhares de pessoas foram às ruas na capital e em outras cidades do país e, durante o confronto em frente ao Parlamento, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, canhões de água e balas de borracha contra a população.
Manifestantes incendeiam o Parlamento do Nepal; veja os vídeos:
🇳🇵 URGENTE: Manifestantes incendeiam o Parlamento do Nepal em protesto contra o bloqueio de redes sociais como Facebook e Instagram imposto pelo governo.
— Eixo Político (@eixopolitico) September 9, 2025
A mobilização é puxada principalmente por jovens, com o lema: “bloqueiem a corrupção, não as redes sociais”. pic.twitter.com/G9YNORE510
The remains of Nepal Parliament. pic.twitter.com/afMKJcpm4y
— Aditya Raj Kaul (@AdityaRajKaul) September 9, 2025
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Renúncia de Khadga Prasad
Com a escalada da violência e crescente pressão popular, o primeiro-ministro Khadga Prasad Oli anunciou a renúncia dele do cargo ainda nesta terça-feira (09), horas após a confirmação da morte de Rajyalaxmi Chitrakar. O governo interino, que assume provisoriamente o comando do país, revogou a proibição das redes sociais em uma tentativa de conter a crise.
O Exército do Nepal também emitiu um comunicado pedindo que a população mantenha “calma e moderação” e que “evite mais perdas humanas e materiais”, conclamando líderes e manifestantes a buscarem “uma solução pacífica por meio do diálogo político”.
Contudo, apesar da renúncia e da suspensão do bloqueio das redes, o país segue em clima de tensão. O governo interino enfrenta agora o desafio de conter a instabilidade e iniciar negociações com líderes civis e partidos de oposição para evitar que a crise se agrave ainda mais.
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