
Conhecida como a capital dos terremotos na Rússia, Petropavlovsk-Kamtchatski passou esta quarta (30) tremendo. "Nunca vi nada igual", conta o guia turístico Egor Afanasiev, 43, que mora há quase três décadas na cidade.
Afanasiev contou à reportagem que estava em casa na manhã quando houve um estrondo e tudo passou a balançar violentamente. O relógio batia 8h25 (17h25 de terça, 29, em Brasília), e o tremor de 8,8 graus na escala Richter durou mais de três minutos.
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"Estamos acostumados, mas foi o mais forte que já vi. Fiquei muito assustado e corri para a rua", disse, por mensagem.
Por segurança, ele foi para sua datcha, as tradicionais casas de campo dos russos, perto da capital de 165 mil habitantes. Todo ano, a península de Kamtchatka tem milhares de eventos sísmicos, 130 deles na casa dos 4 graus e 16, na dos 6 graus, segundo o Serviço Geológico da Rússia.
🇷🇺🚨 AGORA: Um forte terremoto de 8,7 graus atingiu a região oriental da Rússia, em Kamchatka. O tremor durou aproximadamente 7 minutos e é o mais intenso desde 2011. pic.twitter.com/DpY1nM3GCA
— Gustavo Silva 🇾🇪 (@GustaSilva_1) July 30, 2025
Ao longo do dia, houve ao menos 30 réplicas do tremor, algumas bem fortes. "Tudo ainda treme. Ao lado de casa, parte de um prédio desabou", conta Afanasiev, em referência a uma creche vizinha. "É muita sorte ninguém ter morrido", disse, em referência aos feridos que a prefeitura local contou na casa de dezenas, nenhum muito grave.
O epicentro do tremor desta quarta foi a cerca de 125 km a sudeste da cidade, a uma profundidade considerada baixa, de 20 km. Isso amplificou sua potência e o colocou, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, empatado em sexto lugar como o mais forte da história conhecida.
O quinto lugar do ranking também pertence a Kamtchatka. Em 1952, a região foi devastada por um terremoto de 9 graus. Toda essa atividade é cortesia da posição geográfica da península, no Extremo Oriente russo, junto às falhas do chamado Círculo de Fogo do Pacífico, que circunda o oceano homônimo.
A região tem nada menos que 29 vulcões ativos, o local mais concentrado desse tipo de atividade geológica na Terra. Outros 160 estão dormentes. Só Petropavlovsk tem 3 à sua volta, tão intensos que figuram no escudo da cidade.
The first videos of the devastating 8.7 magnitude earthquake in Russia have arrived. 🇷🇺 The quake shook the Kuril Islands and is already affecting several Pacific countries.
— Arzoo (@Arzoo036) July 30, 2025
#Terremoto #Rusia #Pacífico #Tsunami pic.twitter.com/Ri5u0rgYuO
Se isso parece perigoso, também traz oportunidades. Afanasiev veio com o pai, militar, para a região pouco depois do fim da União Soviética. Ele é de Kaliningrado, 11 fusos horários distantes, no território mais ocidental da Rússia.
Acabou virando guia turístico, levando montanhistas e aficionados em natureza para ver os vulcões, lagos, trilhas e a fauna nativa —de tempos em tempos, um turista é morto pelos inúmeros ursos da região.
Com isso, o turismo passou a competir com a pesca como atividade econômica mais rentável da península, que durante os tempos soviéticos era fechada por sediar instalações militares estratégicas: há submarinos nucleares da Frota do Pacífico baseados por lá, e o campo de Kola é um dos principais alvos para mísseis intercontinentais lançados em testes do outro lado da Rússia.
O perfil do turismo mudou com a Guerra da Ucrânia, em 2022, e os japoneses que costumavam render bons negócios por sua predileção por usar helicópteros em deslocamentos de mais de US$ 700 desapareceram. Mas houve aumento do turismo interno, e em 2024 a península registrou 365 mil visitantes, ante 240 mil em 2019.
Japan right now as Tsunami waves begin. pic.twitter.com/3d0Ga8HoQ7
— 🅽🅴🆁🅳🆈 (@Nerdy_Addict) July 30, 2025
Petropavlovsk em si fica numa baía e tem sua parte habitacional principal, composta por medonhos e desolados blocos soviéticos, em um ponto mais alto. Assim, o tsunami que varreu Severo-Kurilsk, nas mais meridionais ilhas Kurilas, não atingiu a cidade.
Mas houve vários danos e sustos. Câmeras de circuito interno registraram uma das imagens mais impressionantes do tremor, uma equipe médica do centro de oncologia da cidade sendo surpreendida pelo terremoto em meio a uma cirurgia.
Os médicos seguram o paciente na mesa operatória durante o tremor, sem perder a calma, e continuam o procedimento na sequência. Segundo a agência Tass, o paciente passa bem.
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