
Um relatório divulgado nesta quinta-feira (26) pela Oxfam Internacional revelou que a fortuna acumulada desde 2015 pelo 1% das pessoas mais ricas do mundo seria o suficiente para erradicar a pobreza global pelos próximos 22 anos. O levantamento foi divulgado às vésperas da Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento, que ocorre na próxima semana em Sevilha, na Espanha. Ele reforça o alerta sobre o aumento da desigualdade econômica no planeta.
Intitulado como "Do lucro privado ao poder público: financiar o desenvolvimento, não a oligarquia", o estudo apontou que a riqueza dos três mil indivíduos mais ricos do mundo cresceu US$ 3,9 trilhões em valores reais desde 2015, ano em que foram firmados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A análise também mostrou que, entre 1995 e 2023, a riqueza privada aumentou US$ 342 bilhões, um crescimento considerado “astronômico” pela Oxfam e que superou em oito vezes o avanço da riqueza pública no mesmo período.
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O relatório critica a postura de governos de países ricos, acusados de promover cortes históricos na ajuda ao desenvolvimento, “algo essencial para a sobrevivência”, segundo a organização. A retração é ainda mais preocupante entre os países do G7, grupo das sete maiores economias do mundo, que respondem por cerca de 75% de toda a ajuda oficial. A previsão é de uma redução de 28% nesse apoio até 2026, em comparação com 2024.
“A riqueza de apenas três mil multimilionários aumentou US$ 6,5 bilhões (€ 5,63 bilhões) em termos reais desde 2015 e representa agora o equivalente a 14,6% do PIB mundial!”, alertou a Oxfam.
A crise da dívida em países pobres também foi abordada no documento. Segundo a entidade, essas nações têm sido forçadas a destinar grandes quantias ao pagamento de dívidas, em detrimento de investimentos básicos em saúde e educação.
“A crise da dívida está levando à falência os países pobres, que estão pagando muito mais aos seus credores do que podem gastar em salas de aula ou hospitais”, destacou a organização.
O relatório também responsabiliza os credores privados, que concentram mais da metade da dívida dos países de baixa e média renda. Para a Oxfam, essas instituições dificultam a solução da crise ao se recusarem a negociar e impor “condições punitivas”.
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Medidas urgentes
A Oxfam defende a adoção de políticas públicas estruturais para combater a desigualdade global. Entre as propostas, estão:
- Criação de parcerias internacionais contra a desigualdade;
- Tributação de super-ricos;
- Reforma do sistema de financiamento do desenvolvimento;
- Recusa ao financiamento privado como solução principal;
- Reestruturação da arquitetura da dívida e retomada da ajuda internacional.
A pesquisa foi realizada pela empresa Dynata, entre maio e junho deste ano (2025), em países como Brasil, Canadá, França, Alemanha, Quênia, México, Índia, Reino Unido, Espanha, Filipinas, África do Sul e Estados Unidos. Juntas, essas nações representam cerca de metade da população mundial, segundo a Oxfam.
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