
O mundo está cada vez mais próximo de enfrentar um aquecimento global sem precedentes. Um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que há 80% de chance de a Terra registrar um novo recorde de temperatura média anual até 2029, com impactos severos em forma de secas, inundações e incêndios florestais.
A análise apresenta também outro dado alarmante. Pela primeira vez, os cientistas detectaram a possibilidade de o planeta ultrapassar temporariamente os 2 °C de aquecimento em relação à era pré-industrial antes mesmo de 2030. Embora essa chance ainda seja considerada baixa cerca de 1%, o cenário representa uma mudança preocupante na trajetória do clima global.
“O fato de isso estar no horizonte já é motivo de grande preocupação”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em comunicado oficial.
O relatório foi produzido a partir de 220 modelos climáticos de curto e médio prazo, desenvolvidos por 15 centros de pesquisa internacionais. Entre eles estão o Met Office (Reino Unido), o Barcelona Supercomputing Center (Espanha), o Deutscher Wetterdienst (Alemanha) e o Centro Canadense de Modelagem Climática.
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Limite do Acordo de Paris está mais perto
As projeções indicam que há 70% de probabilidade de que a temperatura média global entre 2025 e 2029 ultrapasse 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais, valor considerado o limite mais alto do Acordo de Paris.
O risco desse número ser ultrapassado em pelo menos um dos próximos cinco anos subiu de 40%, em 2020, para 86% no relatório atual. Em 2024, pela primeira vez, esse limite já foi superado em termos anuais, algo considerado improvável até poucos anos atrás.
O ano de 2023, por exemplo, foi o mais quente dos 175 anos de registros modernos, indicando que o planeta já vive as consequências de décadas de emissões elevadas de gases de efeito estufa.
Efeitos desiguais pelo planeta
Os impactos do aquecimento não devem atingir todas as regiões de forma igual. O relatório prevê que os invernos no Ártico aqueçam até 3,5 vezes mais rápido que a média global, devido à perda acelerada do gelo marinho, que reflete menos radiação solar.
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Além disso, a Amazônia pode enfrentar secas cada vez mais severas. Regiões como o sul da Ásia, o Sahel e o norte da Europa também devem ter aumento significativo nas chuvas.
A OMM alerta que a continuidade da queima de combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão, e de biomassa é o principal motor desse aquecimento. A entidade reforça que as consequências para a saúde humana, economias e ecossistemas serão cada vez mais intensas, caso medidas drásticas não sejam tomadas.
Resumo do relatório da OMM:
- 80% de chance de novo recorde de calor anual até 2029;
- 70% de chance de a média entre 2025 e 2029 ultrapassar 1,5 °C;
- 86% de chance de o planeta superar 1,5 °C em ao menos um ano nos próximos cinco;
- 1% de chance de um ano com 2 °C de aquecimento antes de 2030;
- Impactos: Secas severas na Amazônia, chuvas intensas na Europa e Ásia, e aquecimento acelerado no Ártico.
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