Milei gera tensão entre Argentina e Espanha 

O governo espanhol tomou uma medida drástica neste domingo (19), convocando de volta sua representante em Buenos Aires, Argentina, após o presidente argentino, Javier Milei, proferir insultos à esposa do presidente da Espanha, Pedro Sánchez, chamando-a de “corrupta”.

Essa convocação é um gesto significativo na diplomacia, indicando que as relações entre os dois países foram seriamente prejudicadas. O chanceler espanhol, José Manuel Albares, destacou que a acusação de Milei ultrapassou quaisquer diferenças políticas ou ideológicas.

"O respeito mútuo e a não ingerência em assuntos internos é um princípio inquebrantável das relações internacionais e é inaceitável que um presidente em exercício, em visita à Espanha, insulte a Espanha e o presidente do governo espanhol", afirmou o ministro.

Albares acrescentou que o comportamento de Milei conduziu as relações entre Espanha e Argentina a "um dos momentos mais críticos de nossa história recente" e exigiu um pedido formal de desculpas do presidente argentino.

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Em caso de ausência de desculpas, o representante do governo espanhol ameaçou tomar medidas apropriadas para defender a soberania e a dignidade do país, inclusive buscando apoio da União Europeia (UE) contra Milei.

Em resposta, o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell Fontelles, defendeu o presidente espanhol, afirmando que "ataques contra familiares de líderes políticos não têm lugar em nossa cultura" e que a UE rejeita tais comportamentos, especialmente quando partem de parceiros.

O incidente ocorreu durante um evento do partido de extrema-direita Vox, em Madri, onde Milei chamou a esposa de Sánchez de corrupta. Até o momento, o presidente argentino não se pronunciou diretamente sobre o caso, embora tenha compartilhado em redes sociais comentários de terceiros defendendo sua posição nesse episódio.

Essa não é a primeira vez que Milei se envolve em atritos com líderes de outros países, resultando em crises diplomáticas. Recentemente, em março, a Colômbia expulsou diplomatas argentinos de Bogotá depois que Milei chamou o presidente colombiano, Gustavo Petro, de "terrorista" e "assassino".

O Caso

A esposa de Sánchez, Bergoña Gomez, foi alvo de uma denúncia de corrupção e tráfico de influência, o que levou o presidente espanhol a considerar renunciar ao cargo. No entanto, ele desistiu da renúncia, afirmando que não permitiria que campanhas difamatórias prosperassem.

Promotores espanhóis solicitaram o arquivamento do caso por falta de provas, e o grupo que fez a denúncia contra Bergoña afirmou não ter conhecimento sobre a veracidade das informações, baseando seu processo em reportagens da imprensa.