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EXPERIMENTO

Jornal diz que Colômbia estuda descriminalizar a cocaína

“Os traficantes de drogas sabem que seus negócios dependem da proibição. Se você regula isso como um mercado público (...) os altos lucros desaparecem e o tráfico de drogas desaparece”, ”, disse o secretário antidrogas do governo colombiano

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Imagem ilustrativa da notícia Jornal diz que Colômbia estuda descriminalizar a cocaína camera Cocaína matou mais de 25 mil pessoas por overdose nos EUA, em 2021 | Reprodução

A Colômbia concentra a maior produção de cocaína do mundo e é fonte de mais de 90% da droga apreendida nos Estados Unidos. País onde nasceu e viveu Pablo Escobar, abriga o maior escritório da agência norte-americana antidrogas (DEA) no exterior. Durante anos, a nação sul-americana é um dos principais alvos da “guerra às drogas” de Washington.

Agora, o governo colombiano quer o fim dessa guerra e, para isso, deve liderar um experimento global audacioso: descriminalizar a cocaína. As informações são do jornal Washington Post.

Há duas semanas após assumir a presidência, o primeiro governo de esquerda do país propõe o fim da “proibição” e quer iniciar um mercado de cocaína regulamentado pelo governo. Através da legislação e com apoio de outros governos de esquerda do continente, as autoridades esperam que a Colômbia se transforme em um laboratório para a descriminalização das drogas.

“É hora de uma nova convenção internacional que aceite que a guerra às drogas fracassou”, disse o presidente Gustavo Petro em seu discurso de posse.

Secretário antidrogas de Petro, Felipe Tascón disse que os colombianos pretendem aproveitar um momento raro da história, em que outros governos de países produtores de cocaína, como Peru e Bolívia, também são liderados por esquerdistas. Desde que foi nomeado para o cargo, Tascón diz querer se reunir com líderes dessas outras nações para discutir a descriminalização a nível regional. Ele espera que um bloco regional unificado consiga renegociar as convenções internacionais sobre drogas nas Nações Unidas.

O governo de Petro planeja, internamente, apoiar a descriminalização da cocaína e da maconha. Também pretende acabar com a pulverização aérea e a erradicação manual da coca, que, segundo os críticos, atinge, injustamente, agricultores rurais pobres. Ao regulamentar a venda da cocaína, Tascón diz que o governo arrancaria dinheiro dos cartéis.

“Os traficantes de drogas sabem que seus negócios dependem da proibição”, disse Tascón. “Se você regula isso como um mercado público (...) os altos lucros desaparecem e o tráfico de drogas desaparece”.

Ainda segundo Tascón, o governo continuará as operações por via aérea, marítima e fluvial para atingir as principais ligações do tráfico de drogas. Porém, as autoridades também se concentrarão em fornecer aos agricultores rurais alternativas de cultivo à coca.

O objetivo seria reformular o trabalho não como “antidrogas”, mas sim como “política de drogas”. “O programa do governo não fala sobre o problema das drogas”, disse. “Fala sobre os problemas gerados pela proibição das drogas”.

PREOCUPAÇÃO

É uma virada de chave para um país historicamente conservador, que pode acabar com a já antiga e lucrativa relação antinarcóticos com os Estados Unidos. Porém, autoridades norte-americanas atuais e do passado sinalizam preocupação; já que a cocaína foi responsável pela morte de cerca de 25 mil pessoas nos EUA, em 2021.

“Os Estados Unidos e o governo Biden não apoiam a descriminalização”, ressaltou Jonathan Finer, vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, que se reuniu com Petro em Washington, antes da posse.

Um ex-funcionário da DEA, que não quis se identificar, disse temer que a medida limite a capacidade da agência de colaborar com os colombianos nas investigações de tráfico de drogas. “Isso mataria gradualmente a cooperação. Seria devastador, não apenas regionalmente, mas globalmente. Todos estariam lutando de fora para dentro”, disse.

A “guerra antidrogas” já custou bilhões de dólares americanos, com uma estratégia focada principalmente em destruir o comércio de cocaína em seu ponto de origem: nas áreas rurais da Colômbia. Os esforços militares dos EUA no país tentam erradicar a coca, planta base da droga, e desmantelar as quadrilhas de narcotraficantes. Há mais de 50 anos, o presidente Richard Nixon declarou a cocaína como o “inimigo número 1 da América”. Segundo dados da DEA, a produção de cocaína triplicou na última década.

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