A farmacêutica americana Eli Lilly anunciou na segunda-feira (1º) que iniciará testes em humanos com um anticorpo monoclonal para combater a Covid-19. Participarão do estudo 32 pacientes internados com a doença em dois centros selecionados, um em Nova York e outro em Los Angeles.
Esse é o primeiro anticorpo monoclonal para tratar a doença que chega à fase 1 de estudos clínicos, quando é testada a segurança da medicação em humanos. Dezenas de empresas e institutos de pesquisa no mundo todo estão na corrida para encontrar um tratamento do tipo que seja eficaz contra o novo coronavírus.
O produto da empresa, que recebeu o nome LY-CoV555, foi criado a partir dos anticorpos presentes no sangue de um dos primeiros pacientes americanos que se recuperaram da doença.
Quando o parasita entra no corpo humano, o organismo começa a produzir naturalmente as proteínas que chamamos de anticorpos, e algumas delas podem neutralizar o invasor com eficiência.
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Um anticorpo monoclonal é a cópia de uma única proteína protetora que tem sucesso em bloquear a ação do vírus. Ela é produzida em células capazes de gerar várias cópias do anticorpo específico.
O LY-CoV555 foi obtido por cientistas da Eli Lilly em colaboração com a empresa de biotecnologia AbCellera e o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (Niaid).
"Ele foi desenhado para bloquear as ligações do vírus e impedir a entrada nas células humanas, O anticorpo é capaz de neutralizar o vírus. Assim, ele pode proteger e tratar a Covid-19", afirma Fernanda Pimentel, diretora-médica da Lilly do Brasil.
O sucesso do anticorpo nos testes in vitro para barrar o patógeno permitiu prosseguir para a fase de experimentos com humanos.
"Acreditamos que nas próximas semanas já teremos resultados de como a terapia se comporta nos pacientes hospitalizados", diz Pimentel.
A Lilly tem, atualmente, três tratamentos baseados em anticorpos monoclonais aprovados no Brasil. Essas terapias são voltadas para câncer, psoríase e enxaqueca.
De acordo com Orlando Silva, diretor de Assuntos Corporativos da empresa, a experiência da companhia adquirida no desenvolvimento desses outros medicamentos possibilitou a criação de uma base tecnológica que acelerou a criação do LY-CoV555.
Segundo a imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), anticorpos monoclonais são moléculas relativamente simples de serem testadas, mas como a biologia do novo coronavírus não é totalmente compreendida, a fase para verificar a segurança da substância é essencial, uma vez que alguns anticorpos podem ter efeitos inflamatórios no corpo.
Cientistas de diversos países trabalham para encontrar uma terapia com anticorpos monoclonais para a Covid-19, e diversas moléculas já passaram pela fase de testes em culturas de células com sucesso. Na avaliação de especialistas, o uso desses anticorpos como um remédio deve estar disponível antes mesmo de uma vacina.
"Produzimos diferentes anticorpos e mais de um tipo deve funcionar contra a doença", afirma Bonorino. "Por isso, precisamos desenvolver essas moléculas aqui no Brasil também, temos cientistas capacitados para isso", completa a cientista, que é pesquisadora-associada da Universidade da Califórnia em San Diego e trabalha com o desenvolvimento de anticorpos monoclonais.
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