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SOLUÇÕES DA FLORESTA

Bioeconomia indígena impulsiona a sustentabilidade na Amazônia

Descubra como a bioeconomia indígena promove a sustentabilidade e a preservação ambiental na Amazônia, valorizando saberes ancestrais e práticas sociais.

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Imagem ilustrativa da notícia Bioeconomia indígena impulsiona a sustentabilidade na Amazônia camera Os povos originários são responsáveis por um terço da proteção ambiental no Brasil | Foto: ASSOBIO

Um dos exemplos concretos da conexão entre homem e natureza é a relação de comunidades indígenas com as florestas, que baseia-se no equilíbrio e respeito com os recursos que a floresta produz. Um estudo publicado pelo Instituto Socioambiental (ISA) em 2022 demonstra que os povos indígenas cumprem um papel essencial na preservação das florestas: o artigo mostra que os povos originários são responsáveis por um terço da proteção ambiental no Brasil. Nos últimos 35 anos, somente as Terras Indígenas protegeram 20% do total de florestas nacionais.

O exemplo do convívio entre indígenas e a natureza pode ser explicado pela visão cosmológica de diversas etnias, que acreditam na interdependência entre os seres da Terra. Por esse motivo, é importante defender as terras e os saberes indígenas por meio de mecanismos que salvaguardam os conhecimentos, práticas e culturas ancestrais. Nesse contexto, a sociobioeconomia é uma aliada indispensável, porque ela é um recurso que reconhece e respeita os contextos socioeconômicos em que é aplicada.

E, por isso, a bioeconomia desponta como uma das principais alternativas para impulsionar a transição rumo a um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia e no Brasil, capaz de gerar benefícios tanto para as pessoas quanto para a natureza.

Com o objetivo de destacar o papel fundamental dos povos originários nesse debate, os antropólogos indígenas Braulina Baniwa e Francisco Apurinã, em parceria com o WRI Brasil, Uma Concertação pela Amazônia e outras organizações, elaboraram o estudo “Bioeconomia indígena: saberes ancestrais e tecnologias sociais”. A pesquisa ressalta que o território é a base da existência e do bem viver, sustentando a cosmovisão, os saberes tradicionais e as práticas que orientam uma economia que preserva a floresta viva e os rios em movimento.

“Muito se fala em bioeconomia, mas a nossa economia indígena precisa caminhar a partir do diálogo com os territórios e os pensamentos dos povos. Produzir pesquisas que valorizem os saberes das mulheres indígenas é reconhecer outra ciência, presente na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga, no Pampa, na Mata Atlântica, no Pantanal e até no Distrito Federal. Os povos indígenas sempre sustentaram o ar puro e seguem garantindo vida frente às mudanças climáticas. É desse lugar que falamos: da importância de valorizar nosso pertencimento, nossas tecnologias sociais e o conhecimento das mulheres indígenas como parte essencial da construção de uma ciência diversa e de uma economia justa” explica Braulina Baniwa, cientista indígena da Amazônia do Alto Rio Negro.

A pesquisadora também destaca a importância do conhecimento milenar e ancestral indígena, e não são reconhecidos, passem a receber a atenção e o olhar das academias e instituições, para que seja possível seguir valorizando e servindo de referência para as futuras gerações.

Braulina Baniwa é uma cientista indígena da Amazônia do Alto Rio Negro.
📷 Braulina Baniwa é uma cientista indígena da Amazônia do Alto Rio Negro. |Arquivo pessoal

“O estudo trouxe especialmente os saberes das mulheres do meu povo — minhas tias e avós, mestras em cerâmica, cestaria e outros conhecimentos — para mostrar que isso também é ciência. A bioeconomia, para nós, não é apenas um conceito acadêmico, mas parte de uma economia própria, construída a partir do nosso modo de viver e entender a floresta. Mais do que participar, os povos indígenas produzem conhecimento e constroem alternativas para uma nova economia que precisa valorizar nossa visão e nossas tecnologias sociais”, disse Braulina.

Rede de apoio à sociobioeconomia indígena

Uma das organizações que apoiam a conservação da floresta e o uso dos recursos naturais de forma racional e sustentável é a A ASSOBIO (Associação de Sociobioeconomia da Amazônia), que tem liderado uma série de iniciativas estratégicas para fortalecer a sociobioeconomia amazônica. Ela estará acompanhando de perto a COP30, que será realizada no mês de novembro, em Belém.

“Esse é o momento de mostrar para o mundo a potência de todo conhecimento indígena que temos aqui na região. A sociobioeconomia amazônica mostra para a nós que é possível gerar desenvolvimento com respeito à floresta e aos povos que vivem nela. É um modelo que valoriza o conhecimento ancestral e aponta caminhos reais para um futuro mais justo e sustentável”, afirma Paulo Reis, presidente da ASSOBIO.

Uma das empresas parceiras da ASSOBIO é a Urucuna. Fundada em 2020 com o objetivo de valorizar a sociobioeconomia, a Urucuna hoje é um mercado online que desenvolve produtos de bem-estar, pesquisas e serviços em parceria com seis comunidades indígenas do Pará, Rondônia e Amazonas: “As comunidades tradicionais são responsáveis pela manutenção da floresta viva, então eles têm um modo de vida que mostra que é possível viver com qualidade de vida, sem precisar desmatar a floresta”, diz Ligia Tatto, cofundadora do Urucuna.

Carina Cinta Larga, moradora da reserva Roosevelt, no estado de Rondônia (RO), é artesã desde a infância, ofício que é passado de geração em geração pelas mulheres da comunidade. Ela conta que, devido ao desequilíbrio climático, a coleta de matérias-primas para a produção foi prejudicada, até o ponto em que materiais usados tradicionalmente na produção artesanal foram extintos da região. Consequentemente, muitas famílias tiveram a renda reduzida, como foi o caso dela.

É por meio de parcerias, como a que ela fez com o Urucuna, que Carina consegue se manter, assim como promover o reflorestamento na comunidade: “A gente vem trazendo parcerias para dentro do nosso território para fortalecer o trabalho das mulheres, o reflorestamento e a nossa cultura”, ressalta. Carina também destaca que o artesanato desempenha um papel importante na conscientização ambiental da comunidade, por ser uma atividade muito ligada à natureza.

Esse movimento de fortalecimento coletivo e preservação ambiental está diretamente ligado a uma concepção indígena de economia que valoriza a vida em harmonia com a floresta. As iniciativas como o artesanato e o reflorestamento não apenas geram sustento, mas também mantêm vivos os saberes tradicionais e os vínculos com o território.

“A nossa visão como indígena é diferenciada e precisa ser tratada como tal. Economia indígena é viver na floresta, não só como geração de renda, mas como um fortalecimento da cultura, do conhecimento e, ao mesmo tempo, compartilhar com a floresta”, comenta Chicoepab Suruí, doutor em sociologia e antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e parceiro da Urucuna, ao falar sobre a importância da visão indígena nas práticas econômicas.

Ações que impulsionam a bioeconomia da Amazônia

No caminho até a COP30, destaca-se com ações de incentivo aos bionegócios paraenses, como Vending Machine da Bioeconomia, já em operação com cerca de 30 itens produzidos por empreendedores da rede da ASSOBIO, como chocolates, castanhas, cosméticos e acessórios. Até novembro de 2025, as máquinas estarão distribuídas em pontos estratégicos de Belém.

Outra frente de atuação é a Vitrine ASSOBIO, espaço itinerante de exposição e comercialização dos produtos da sociobioeconomia amazônica dos associados, como molhos de tucupi, granolas de tapioca, gin de jambu, cosméticos naturais e biojoias. A proposta é aproximar o público da diversidade da produção amazônica por meio de experiências sensoriais e presença em eventos estratégicos.

Incentivos aos bionegócios paraenses

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) já atingiu cerca de 2.023 bionegócios, com o total de 15.592 famílias. Desse total, segundo o órgão estadual, foram contemplando 9.867 PIQCTAFs (povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores familiares).

“A plataforma de monitoramento do PlanBio está em processo de refinamento e atualização que permitirão territorializar e desagregar dados por público específico. Atualmente, foram investidos cerca de 140 milhões de reais no conjunto das ações executadas no âmbito das 18 secretarias executoras”, informou a Semas.

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