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SEMANA DA MULHER

8M: mais representação feminina, menos misoginia na política

O Dol celebra o Dia Internacional da Mulher com conteúdo feito por mulheres que pesquisam e vivem a luta por direitos femininos. No texto de hoje, a jornalista, advogada e cientista política Helena Saria aborda a inserção da mulher no cenário político nacional.

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Imagem ilustrativa da notícia 8M: mais representação feminina, menos misoginia na política camera Brasília - Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver em Brasília, reúne mulheres de todos os estados e regiões do Brasil (Marcello Casal Jr/Agência Brasil) | Marcello Casal Jr/Agência Brasil

No 8 de março é celebrado Dia Internacional da mulher desde 1917, quando mulheres se manifestaram em São Petersburgo, na Rússia, por melhores condições de vida e a retirada do país da Primeira Guerra Mundial. A data se popularizou no Ocidente a partir de 1975, quando a Organização das Nações Unidas reconheceu a data.

No Brasil, mulheres se reúnem por todo país para celebrar nossas conquistas, mas principalmente, chamar atenção para problemas que persistem: números crescentes de feminicídio; violências de todo tipo; desigualdade salarial; pobreza menstrual; divisão sexual do trabalho que sequestra a mulher a vida toda; e a sempre presente luta por maior representação feminina, tanto na política institucional, quanto no mercado de trabalho.

8M: mais representação feminina, menos misoginia na política
📷 |( Reprodução )

Analisando a produção legislativa do Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, salta aos olhos verdade incontestável: são as mulheres que fazem política para mulheres. São as parlamentares mulheres que propõem e fazem aprovar projetos de leis para beneficiar, proteger e cuidar das pautas importantes para defender a vida e a sobrevivência das mulheres brasileiras, que hoje somam 53% da população e são responsáveis pelo sustento de 45% das famílias brasileiras, segundo dados do IPEA.

No Brasil, a representação política feminina não passa dos 15% em nenhuma esfera (com exceção do nosso Pará, que desde 2019 conta com 25% de deputadas mulheres na ALEPA), cenário muito diferente da vizinha Argentina, que chegou a 39% de mulheres no legislativo e desde 2019 aumentou a cota de mulheres para 50%, buscando representação paritária no parlamento. Outro vizinho latino-americano que demonstra sólidos avanços é o Chile: numa guinada histórica decidiu por plebiscito enterrar a constituição neoliberal, elegeu um presidente progressista e uma Assembleia Constituinte paritária para elaborar a nova Constituição do país. O novo presidente - Boric - deu posse a um gabinete de governo com maioria feminina - 14 mulheres e 10 homens.

Helena Saria, jornalista e advogada: "o patriarcado existe, é um fato. Funciona 100% no ocidente e no oriente, em países capitalistas e comunistas, católicos e muçulmanos".
📷 Helena Saria, jornalista e advogada: "o patriarcado existe, é um fato. Funciona 100% no ocidente e no oriente, em países capitalistas e comunistas, católicos e muçulmanos". |( Reprodução )

Mas e o comentário do deputado lá? Então: o patriarcado existe, é um fato. Funciona 100% no ocidente e no oriente, em países capitalistas e comunistas, católicos e muçulmanos. Determina as dinâmicas do poder e do dinheiro que circula no mundo. E pra se manter de pé e inquestionável, se utiliza de todos os recursos possíveis: nesse caso asqueroso de misoginia do deputado paulista, objetificou e humilhou publicamente mulheres pobres e vulneráveis em um contexto de guerra - de ainda mais fragilidade que o cenário patriarcal sempre vigente. Em resumo: mais uma vez nós mulheres temos que vir à público nos desgastar e dizer o óbvio: que a fala do deputado foi condenável, desrespeitosa e cruel, não só com as mulheres a que ele se refere, mas também com todas nós, pois estamos irmanadas na luta e nas dores.

Para enfraquecer essa narrativa violenta e focar no que interessa, proponho: vamos lotar de mulheres as casas legislativas, prefeituras, conselhos tutelares, sindicatos, a direção de escolas e universidades - tudo o que pode ser decidido pelo voto popular. Vamos aumentar nosso poder de luta e de trabalho. Vamos pra rua hoje celebrar as vitórias das mulheres que vieram antes de nós, mas principalmente lutar pelas lutas de hoje e de amanhã. E pra não perder o hábito: em 2022 e sempre, votem em mulheres!

Helena Saria é a advogada, jornalista, cientista política e feminista. É diretoria Executiva e Coordenadora da Comissão de Mulheres do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (SINJOR/PA), membra da Comissão de Mulheres da FENAJ, vice-presidenta da Comissão de Liberdade de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB/PA) e membra da Frente Feminista do Pará

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