
O Círio de Nazaré vai além de uma festa religiosa, é também uma manifestação cultural que inspira artistas, professores e devotos. Pensando nisso, uma exposição está levando emoção a escolas de Belém.
Reconhecido por sua atuação artística e acadêmica, o professor de Arte e do Atendimento Educacional Especializado (AEE), Raphael Andrade, está à frente de um projeto que une tradição cultural e consciência ambiental. A iniciativa, que inclui oficinas criativas e uma exposição itinerante, aproxima estudantes da simbologia do Círio de Nazaré em diálogo com práticas de sustentabilidade, transformando a escola em um espaço de formação estética, inclusiva e cidadã.
A mostra reúne mais de 200 obras, entre elas peças de miriti produzidas por crianças com deficiência. O gesto de incluir suas imagens pintadas em barcos e casas de miriti ao lado de trabalhos de artistas populares amazônicos ganha significado especial, simbolizando visibilidade, inclusão e a quebra de barreiras sociais. Além disso, graças a um prêmio conquistado por Raphael Andrade, os artistas convidados receberam remuneração, garantindo reconhecimento e dignidade à arte popular.
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Entre os trabalhos expostos, estão representações iconográficas do Círio, ex-votos em cera, cartazes, fotografias e registros artísticos que relacionam fé e natureza. O projeto mostra como a religiosidade popular está profundamente ligada à paisagem amazônica — do miriti que dá forma a brinquedos e embarcações até a água dos rios que conduz romarias e procissões.
Cultura ciriana e sustentabilidade em diálogo
Segundo Raphael Andrade, a cultura ciriana vai além da dimensão religiosa, reunindo diferentes expressões artísticas e manifestações populares. “Essas representações precisavam estar presentes, pois revelam a potência simbólica e estética dessa celebração na Amazônia”, afirma o professor.
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Outro eixo central da exposição é a consciência ambiental. Em um momento em que Belém se prepara para sediar a COP 30 (2025), conferência mundial sobre clima e sustentabilidade, o projeto reforça o papel da arte e da escola como espaços de sensibilização. Ao conectar o Círio às práticas de preservação ecológica, a mostra provoca reflexões sobre a importância de proteger o planeta sem abrir mão das tradições culturais que dão sentido à vida coletiva.
Agenda da exposição
- 01 e 02 de outubro – Escola Nestor Nonato de Lima (bairro da Condor), aberta também à comunidade.
- 08 e 09 de outubro – Escola Madre Zarife Sales (bairro do Guamá).
- Dezembro – Município de Bujaru, em alusão ao Círio local.
Ao circular por escolas públicas de Belém, pelo município de Bujaru e também por instituições particulares, a mostra promove não apenas o contato com a arte, mas também uma reflexão crítica sobre inclusão, identidade, memória e sustentabilidade. Assim, reafirma-se o papel da educação como ponte entre tradição e futuro, colocando a Amazônia no centro dos debates globais e fortalecendo as vozes locais que mantêm viva a riqueza do Círio.


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