Um dos momentos mais emocionantes do Círio acontece nesta quinta, 10: a apresentação do manto que vestirá a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré nos eventos da 232ª edição do Círio. A cerimônia de apresentação ocorrerá logo após a missa das 18h, na Basílica Santuário. O manto é um dos símbolos mais aguardados pelos fiéis, e seguirá vestindo a imagem peregrina até as vésperas do Círio 2025.
O manto deste ano começou a ser pensado desde novembro de 2023, quando a estilista Letícia Nassar recebeu o convite por meio do casal coordenador do Círio 2024, Antonio e Silvia Salame. Este ano a confecção e o desenho são criação de Letícia, com bordados de Antônio José de Souza e Rosa Brito, e metais de Marcelo Monteiro, da Ourogema.
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Letícia sempre teve o desejo de trabalhar com a produção do manto. Ainda em outubro de 2023 ela foi convidada pela Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) para confeccionar o manto de uma imagem de Nossa Senhora que estaria no Círio de Nazaré em Miami, nos Estados Unidos, realizado de 16 a 20 de novembro. “No dia da apresentação do manto de Miami eu fui convidada para fazer o manto do Círio de Nazaré daqui e, desde então, estou vivendo o meu milagre do Círio, porque foi o meu pedido a ela”, conta Letícia. “Todos os detalhes e a essência do manto foram feitos ali. Em Belém fiz alguns ajustes. Vestir Nossa Senhora de Nazaré é algo inexplicável. O Espírito Santo me guiou para fazer algo tão belo como este manto”, relata.
Segundo ela, o manto foi inspirado na imagem de Maria, que mesmo com toda a sua força, se mantém sempre simples, singela, suave, ao mesmo tempo soberana e mulher. “Eu já desenhei o manto pensando na técnica de bordado que usaria, e isso facilitou muito o trabalho. Começamos a trabalhar na confecção dele em fevereiro”.
Já o bordador e membro da Guarda de Nazaré, Antônio José de Souza, está bordando o manto pela décima quarta vez. O primeiro convite veio em 2003, além de ter trabalhado no manto para o Círio de Miami, junto com Letícia Nassar. “A nossa inspiração maior para este manto é na pureza de Maria, na sua simplicidade, e fomos guiados por Ela em todos os momentos da confecção”, conta Antônio.
Translado
Em um momento de fé e devoção, os fiéis de Nossa Senhora de Nazaré acompanharam, na noite de ontem, 9, o “Traslado dos Carros”, a primeira romaria das 14 que integram a festividade nazarena. “O momento é muito importante porque marca o início das romarias, me deixa mais próximo de Nossa Senhora e tudo o que ela representa. Sou devota e não abro mão de acompanhar esse momento tão marcante, tão significativo não só para mim, mas para todos que estão aqui”, disse Clarisse Matos, universitária.
Conhecidos como um dos maiores símbolos, o traslado dos carros começou em 2019. E em sua terceira edição, a romaria atraiu cerca de 30 mil devotos.
E, como manda a tradição, quem escolheu seguir o percurso de 5 km em cima dos carros não conteve palavras para expressar os sentimentos renovados a cada ano. “Faz dois anos que eu faço esse percurso e, para mim, é algo inexplicável. Escolhi participar desse momento porque me deixa mais próximo da Nazinha e eu a amo. É ela quem me protege e me guarda de todo mal”, afirmou Laura Ribeiro, estudante de 9 anos.
Antes de começar a procissão, os carros estavam expostos em frente à Basílica Santuário, sendo eles: Carro de Plácido, Barca da Guarda Mirim, Cesto de Promessas, Barca com Velas, Barca Nova, Barca Portuguesa, Barca de Remos, Carro da Sagrada Família, Carro Dom Fuas, Carro da Saúde e Quatro Carros dos Anjos, que serão conduzidos pela Catequese da Basílica Santuário de Nazaré.
HISTÓRIA
O primeiro carro de promessa a ser inserido no Círio lembra o acontecido com Dom Fuas Roupinho, fidalgo português, em 1182. O fidalgo esteve prestes a despencar num abismo com seu cavalo. Ele recorreu à Nossa Senhora de Nazaré e foi salvo. Foi então que a rainha Dona Maria I, ordenou que o carro fosse inserido na grande procissão de 1805.
Hoje, a romaria é uma oportunidade para muitos devotos expressarem sua fé e agradecerem as graças recebidas. E, a cada carro decorado, as diferentes promessas guardam o legado do povo paraense. “A minha história começou há 25 anos atrás como guarda de Nazaré e, desde então, a minha vida ficou repleta de sentimentos bons, quase inexplicáveis. Dizem que só quem está aqui consegue sentir a verdadeira emoção do Círio de Nazaré, e é verdade, pois é um momento único de amor, agradecimento e união”, contou Icoaraci Castro, guarda de Nazaré e diretor do Carro de Plácido.
Sentimentos que a Elaine Vera entende bem. Há treze anos acompanhando o Traslado dos Carros no Barco com Remos, junto de seus filhos gêmeos, a atendente comercial agradeceu por suas vidas. “Tive uma gravidez bem difícil, no qual eu podia perder a minha vida e a vida dos meus meninos, então eu rezei muito para Nossa Senhora e, como de se esperar, ela atendeu ao meu pedido. Hoje estamos aqui agradecendo as nossas vidas”, contou.
Junto à mãe, os estudantes Gustavo Moraes e Eduardo Moraes, de 13 anos, acompanharam a procissão expressando seu amor e gratidão à Nossa Senhora de Nazaré. “É uma tradição de família em agradecimento pelas nossas vidas, mas também pelo amor que temos à Nossa Senhora. Ela representa tudo em nossa vida, a gente tá vivo graças a ela”, expressou Gustavo.
Já o irmão garantiu que pretende ir além do legado de família e se tornar guarda de Nazaré. “Esse é só o início da minha tradição, da minha história ligada à Nazinha. Minha mãe contou que foi graças a ela que estamos vivos, então desde o meu primeiro ano faço parte dessa procissão”, concluiu Eduardo.
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