Foram cinco meses de trabalho, iniciado em maio, para que em setembro, mês que antecede o Círio de Nazaré, fosse concluído o tradicional manto da imagem peregrina de Nossa Senhora que percorre as romarias oficiais da festividade. Em 2023, a estilista Lele Grello e o artista plástico Odair Mindello assinam a confecção e criação da vestimenta a ser apresentada ao público no próximo dia 5, quinta-feira, a partir das 18h, em cerimônia na Basílica-Santuário.
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Já Odair faz sua estreia no rol de nomes envolvidos com a criação do manto, e reconhece o tamanho da honra em assumir uma missão de tanto significado. “O maior desafio foi encaixar dois temas - o deste ano e ainda o centenário da Basílica, celebrado este ano - em um símbolo que, por si só, já é um grande tema, que é o manto oficial. Foram quase dois anos estudando corte, tamanho, algumas coisas que eu via nos mantos anteriores e que ouvia muito as pessoas falarem a respeito”, comenta, esmiuçando o processo de criação.
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Como não poderia deixar de ser, o tema do Círio 2023, “Maria, sinal de esperança para o povo de Deus em caminho” foi o grande norte de Lele. “Eu segui o roteiro do tema. Toda a escolha de materiais foi baseada nesta liturgia, que é muito inspiradora. Entendo o resultado final como muito adequado ao que foi proposto pela Arquidiocese, e com ares de novo”, avalia a estilista.
O artista plástico já tinha tentado contribuir com a produção do manto há cinco anos, em 2018, quando junto do estilista Jorge Bittencourt, apresentou uma proposta para a Diretoria da Festa de Nazaré, porém àquela altura as definições sobre a peça já tinham sido feitas. “Resolvi guardar o desenho e, no final do ano passado, apresentei ao Antônio Salame, diretor- coordenador da DFN, a proposta. Ele gostou, então partimos para fazer adequações ao tema e incluímos também o centenário da Basílica Santuário, celebrado este ano. Durante o meu processo criativo muitas vezes a única oferta de diálogo que eu tinha era com Nossa Senhora, e algumas ideias trocadas com o casal coordenador, porque a missão requer sigilo e descrição”, detalha Mindello. “Não foi fácil manter esse sigilo do trabalho, em alguns momentos precisei esconder o desenho quando alguém entrava no meu atelier”, lembra.
Lele Grello afirma que o manto deste ano é bem diferenciado, principalmente daquele que ela ajudou a elaborar há duas décadas. “Eu não uso muita cor, mas sempre tem uma coloração definida, forte, exuberante, e que ela define o tema do manto”, explica. Na confecção da peça, além de Lele, estiveram envolvidos apenas o bordadeiro Antônio José, que já fez outros mantos, e uma costureira identificada como dona Edi, que sempre participa do fechamento do manto. “Ela veio mesmo no último momento, para manter a tradição”, conta a estilista.
Odair Mindello complementa e revela que a vestimenta traz ramificações que representam os mosaicos da Basílica, executados em períodos diferentes ao longo de seus 100 anos. Traz ainda a flor de lótus, esculpida no forro do templo religioso, símbolo da divina trindade, que será possível ver de qualquer ângulo. Na parte posterior do manto, o símbolo central é o sol, sinal de esperança para o povo de Deus, baseado no tema da festividade. Para esta definição, o artista plástico trabalhou direto por 45 dias.
“É uma missão e uma forma de renovar a minha fé. É uma honra um desenho meu vestir a Rainha da Amazônia. Desenhar o manto é uma premiação para mim, eu queria presenteá-la por meio desse símbolo que é um dos mais aguardados pelos devotos da padroeira”, finaliza o desenhista do manto do Círio 2023.
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