Um gesto de diálogo inter-religioso ganhou destaque nas redes sociais após a suspensão da transmissão de missas do padre Júlio Lancellotti. A iniciativa reacendeu o debate sobre liberdade religiosa, fraternidade entre crenças e os limites de decisões internas das instituições religiosas.
O líder muçulmano Rodrigo Jalloul usou suas redes sociais para transmitir a missa de Natal celebrada pelo padre Júlio Lancellotti, que havia sido impedido pela Igreja Católica de continuar com as transmissões ao vivo. A decisão partiu do cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, e foi comunicada ao religioso no início de dezembro.
Ao compartilhar a celebração, Jalloul criticou o que classificou como censura e afirmou que ninguém pode impedir a divulgação da palavra de Deus. “Padre Júlio fica! Não se pode calar a mensagem divina”, escreveu o sheikh na publicação feita no dia 25 de dezembro.
Em entrevista, Jalloul afirmou respeitar a hierarquia da Igreja Católica, mas defendeu que conflitos internos devem ser resolvidos dentro das próprias instituições. Segundo ele, não há justificativa para restringir a transmissão de uma missa, sobretudo quando se trata de um sacerdote com ampla atuação social e grande alcance popular. Para o líder islâmico, a medida foi equivocada e fere o princípio da liberdade religiosa.
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Apesar de não celebrar o Natal nem participar de missas, Jalloul explicou que a transmissão teve caráter simbólico. O objetivo, segundo ele, foi demonstrar união, fraternidade e irmandade entre diferentes religiões, reforçando que líderes religiosos, quando atuam juntos, podem promover o bem comum.
Padre Júlio Lancellotti, conhecido pelo trabalho junto à população em situação de rua, informou no dia 14 de dezembro que deixaria de transmitir as missas pelas redes sociais, atendendo à determinação da Arquidiocese de São Paulo. Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, ele costumava exibir as celebrações dominicais online e agradeceu ao público que acompanhava as transmissões.
O sacerdote também negou rumores sobre uma possível transferência da Paróquia São Miguel Arcanjo, onde atua há mais de quatro décadas. Procurada, a Arquidiocese de São Paulo informou que não comentaria o caso, por se tratar de um assunto interno da Igreja.
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Após a celebração da missa, realizada pela manhã, Jalloul e Lancellotti organizaram um café da manhã para cerca de 400 pessoas em situação de rua. A ação solidária ocorreu no Centro Comunitário Santa Dulce dos Pobres, no bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista, reforçando o compromisso social que marcou o encontro entre os dois líderes religiosos.
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