Todo fim de ano, a esperança costuma andar de mãos dadas com a estatística. Enquanto filas se formam nas lotéricas e apostas se acumulam em bilhetes coloridos, a matemática observa em silêncio, lembrando que sonhos coletivos raramente produzem finais solitários. Na Mega da Virada, essa combinação entre expectativa popular, probabilidade e volume de apostas ajuda a explicar por que o prêmio quase nunca para em apenas uma conta bancária.
A edição de 2025 promete o maior prêmio da história da Mega da Virada, estimado em cerca de R$ 1 bilhão, mas a chance de uma pessoa ganhar sozinha segue praticamente simbólica. Em uma aposta simples, a probabilidade de acertar as seis dezenas é de uma em mais de 50 milhões. O que muda drasticamente o cenário é o número de apostas registradas, que transforma um evento improvável em algo estatisticamente quase certo: alguém ganhar - e dividir.
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Segundo o professor Rogério Fajardo, do Instituto de Matemática e Estatística da USP, existe uma diferença crucial entre a chance individual e a chance coletiva. "Uma pessoa específica ganhar é extremamente improvável. Já a probabilidade de existir ao menos um ganhador cresce muito quando milhões de apostas entram em jogo", explica. Em edições recentes, o volume ultrapassou a casa das centenas de milhões de apostas.
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Esse fenômeno é descrito pela chamada lei dos grandes números. Quanto maior o número de tentativas, maior a chance de que um evento raro aconteça ao menos uma vez. No caso da Mega da Virada, isso significa não apenas vencedores, mas vários ganhadores dividindo o prêmio principal.
HISTÓTICO CONFIMA ESTATÍSTICA
Simulações matemáticas indicam que, com algo em torno de 480 milhões de apostas, a chance de não haver vencedor é inferior a 0,1%. A possibilidade de exatamente um único ganhador também fica abaixo desse patamar. O resultado mais comum, segundo Fajardo, é a concentração em um grupo intermediário de vencedores, geralmente entre oito e dez apostas premiadas.
O histórico do concurso confirma a teoria. Em 2018, o prêmio foi repartido entre 52 ganhadores, recorde absoluto. Em outras edições, o número variou entre dois e oito vencedores, reforçando a ideia de que, quanto maior o interesse popular, maior a fragmentação do prêmio.
CONFIRA O NÚMERO DE GANHADORES A CADA ANO:
- 2024: 8 ganhadores
- 2023: 5 ganhadores
- 2022: 5 ganhadores
- 2021: 2 ganhadores
- 2020: 2 ganhadores
- 2019: 4 ganhadores
- 2018: 52 ganhadores
- 2017: 17 ganhadores
- 2016: 6 ganhadores
- 2015: 6 ganhadores
- 2014: 4 ganhadores
- 2013: 4 ganhadores
- 2012: 3 ganhadores
- 2011: 5 ganhadores
- 2010: 4 ganhadores
- 2009: 2 ganhadores
- 2008: 0 ganhadores (único concurso em que prêmio acumulava)
MAIS APOSTAS , MAIS VENCEDORES
A lógica é simples: mais apostas significam mais combinações repetidas. Assim, mesmo com prêmios cada vez mais altos, ganhar sozinho se torna um evento estatisticamente improvável. A chance individual permanece a mesma, mas a chance de dividir cresce ano após ano.
A Mega da Virada será sorteada em 31 de dezembro e, como ocorre tradicionalmente, não acumula. Se ninguém acertar as seis dezenas, o prêmio será repartido entre os acertadores da quina, mantendo viva a tradição de começar o ano novo com muitos vencedores, ainda que nenhum deles esteja sozinho.
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