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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Milhares vão às ruas do país em protesto contra o feminicídio

Manifestantes protestam contra feminicídio em várias cidades do Brasil, clamando por segurança e justiça em atos emocionantes e impactantes.

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Imagem ilustrativa da notícia Milhares vão às ruas do país em protesto contra o feminicídio camera Em São Paulo, o grupo se concentrou na avenida Paulista, em frente ao Masp na tarde do último domingo. | Rovena Rosa/Agência Brasil)

Os atos contra violência contra a mulher tomaram as ruas de capitais e grandes cidades das cinco regiões do país neste fim de semana. Manifestantes protestaram contra a insegurança, especialmente diante de casos recentes de feminicídio que marcaram os últimos dias.

As manifestações tiveram início no sábado (6), em capitais como Belém, com centenas de mulheres com faixas e cartazes com frases como "Não me mate", "Basta de feminicídio" e "Proteja suas amigas". Elas portavam bandeiras vermelhas e também indígenas, e tomaram as ruas do comércio da capital paraense.

Em São Paulo, o grupo se concentrou na avenida Paulista, em frente ao Masp na tarde deste domingo. Cerca de 9.200 pessoas participaram da manifestação, segundo levantamento do Monitor do Debate Político e da ONG More in Common.

O cálculo é feito pelo método Point to Point Network (P2PNet), que utiliza imagens de drone e um software de inteligência artificial. A margem de erro é de 12%. A contagem apontou um público, portanto, de entre 8,1 mil e 10,3 mil participantes no momento de pico.

A ativista Lívia La Gatto fez um discurso no carro de som agradecendo aos homens presentes no ato. "Vocês são a cura, obrigada por estarem aqui".

Em seguida, Priscila Magrin, mãe de Nicolly, vítima de feminicídio aos 15 anos, discursou, levando muitos presentes às lágrimas.

"Sou a mãe da Nicolly, de 15 anos, vítima de feminicídio. Se ela não estivesse morta, estaria aqui com a gente, lutando. Ela foi brutalmente assassinada e esquartejada, os pedaços dela foram jogados no lago pelo namorado e pela ex-namorada dele, ambos menores de idade. Eles faziam parte de grupos extremistas da internet", afirmou a mãe.

A professora Célia de Paula, sobrevivente de uma tentativa de feminicídio, estava com um cartaz relatando sua história. Em 2020, seu ex-marido a atingiu com oito golpes de facão na cabeça.

"Fiquei internada um tempão e fiquei com sequelas. Tenho perda de memória e transtorno de estresse pós-traumático. Ele foi preso, condenado a 12 anos e eu estou seguindo a vida", conta.

"Me sinto acolhida de estar aqui hoje, mas ao mesmo tempo acho que a gente demorou muito para lutar contra isso. Precisamos insistir na questão da saúde mental de mulheres e homens. Uma pessoa saudável não faz o que meu ex-marido fez comigo", diz.

Ela acrescenta que um dos antídotos para a violência contra a mulher é investir na educação. "É na escola e em casa que a gente vai educar os novos homens, aqueles que vão tratar as mulheres como iguais."

Adriana Biffi e o marido, Ruy Nunes, trouxeram cartazes lembrando a irmã dela, Elisangela Biffi, morta aos 38 anos a facadas pelo marido. Ele se suicidou após o crime. O caso aconteceu em 2015.

"Minha irmã foi morta dentro da casa dela. Ela pediu socorro várias vezes, os vizinhos ouviram e não acudiram. As pessoas ainda acreditam que não podem se meter", diz Adriana. "Precisamos mudar essa ideia, a vida dela poderia ter sido salva."

Adriana relata que a irmã, ao perceber que o marido estava agressivo, mandou a filha de 13 anos e o filho, de nove, para a casa de uma tia. No dia seguinte, a perua escolar foi buscá-los e não os encontrou em casa. O perueiro chamou a polícia e só então os corpos de Elisangela e do marido foram encontrados. Adriana, hoje, cria os dois sobrinhos.

A professora Bernadete da Silva, 62, estava com um cartaz com os dizeres: "Basta! Não sou saco de pancadas. Pelo fim da violência do homem contra a mulher."

"Estou aqui representando a nossa luta enquanto mulher negra e feminista, vivendo toda essa violência. Estou aqui para protestar também", diz.

Os deputados Sâmia Bonfim (PSOL-SP), Erika Hilton (PSOL-SP), Paula da Bancada Feminista (PSOL-SP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e a pré-candidata a deputada pelo PSOL Natália Szermeta, mulher de Guilherme Boulos, estiveram presentes na manifestação.

As cantoras Luísa Sonza e Graça Cunha também participaram e fizeram discursos no carro de som. "Homens, nós não estamos contra vocês, são vocês que estão contra a gente", falou Luísa.

Em 2025, o número de feminicídios na capital paulista chegou a 53 casos, o maior da série histórica -o recorde acontece mesmo com dois meses ainda para terminar o ano. Em 2024, foram 51 casos de feminicídio de janeiro a dezembro, até então o maior número já registrado.

De acordo com um levantamento do Instituto Sou da Paz, a capital paulista foi o cenário de 1 a cada 4 feminicídios consumados no estado. Na comparação dos dez primeiros meses de 2025 com o mesmo período do ano passado, a alta é de 23% na cidade. Em relação a 2023, o crescimento foi de 71%.

Os dados reforçam a tendência histórica da violência contra a mulher: a maioria dos casos ocorre dentro de casa (67%) e as vítimas são assassinadas com armas brancas ou objetos contundentes -instrumentos usados em mais da metade dos crimes no estado.

MANIFESTAÇÕES SE ESPALHAM PELO PAÍS

No Sul do país, manifestantes se reuniram no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Na praça da Matriz, em Porto Alegre, o ato contou com uma performance em que parte das mulheres carregava sapatos femininos nas mãos, alusivos às que morreram vítimas do crime no país.

As manifestantes também empunhavam bandeiras com inscrições como "E se fosse você?" e "Parem de nos matar". O ato também contou com bandeiras de partidos como o PSOL e da Palestina.

Em Joinville, cidade mais populosa de Santa Catarina, um grupo se uniu numa praça para divulgar mensagens contra a violência contra a mulher, em ação que envolveu também o sindicato dos metalúrgicos.

Já neste domingo, em São Luís, as manifestantes se reuniram durante a manhã no centro histórico, na praça Igreja do Carmo, com cartazes afirmando que o machismo mata, assim como a inércia. Cruzes com nomes de vítimas de feminicídio foram colocadas simbolicamente no local.

Protestos contra o feminicídio, no domingo 7 de dezembro, no Rio de Janeiro
📷 Protestos contra o feminicídio, no domingo 7 de dezembro, no Rio de Janeiro |Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil)

No Rio de Janeiro, o protesto foi realizado no início da tarde em frente ao posto 5, em Copacabana, também com faixas, cartazes e gritos de ordem contra os feminicídios.

Em Belo Horizonte, o ato do Levante Mulheres Vivas teve início na praça Raul Soares, às 11h, e seguiu rumo à praça Sete e à praça da Estação.

Em Brasília, o protesto com centenas de participantes teve início às 10h, na Torre de TV. A frase "Quero viver sem medo" estampava um dos cartazes.

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Já em Curitiba, o ato tomou as ruas na manhã deste domingo a partir da praça João Cândido, com presença de muitos homens.

Manifestações também foram realizadas em grandes municípios do interior paulista, como Campinas e Ribeirão Preto, onde as mulheres se reuniram na esplanada do Theatro Pedro 2º, no centro histórico da cidade.

No interior de Minas Gerais, Uberlândia também contou com manifestação.

Nos eventos, as mulheres também foram informadas sobre como denunciar violência doméstica ou de gênero, ligando para a central de atendimento à mulher (número 180), disponível 24 horas por dia, inclusive em finais de semana e feriados. Ainda é possível, em caso de emergência, acionar a Polícia Militar (190), a Polícia Civil (197) ou o Disque Denúncia (181).

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