Padre leiloa a própria cueca por 3 mil reais durante evento

Houve um tempo em que o menor deslize de um padre poderia significar o exílio, a censura ou até a perda do hábito. A rigidez moral que por séculos acompanhou a vida religiosa hoje parece ceder espaço a um tipo de espontaneidade mais humana — e, às vezes, até bem-humorada. Um exemplo curioso dessa mudança de clima veio do Tocantins, onde um momento inusitado durante um festejo católico virou assunto nas redes sociais: um padre chegou a leiloar a própria cueca em plena celebração.

O protagonista da cena é o padre Thiago Zanardi, da Paróquia São Francisco de Assis, em Alvorada (TO). Durante o 53º Festejo de São Francisco de Assis, realizado em 28 de setembro, o religioso entrou no espírito descontraído da festa, marcada pela tradicional missa do vaqueiro e do agricultor, e acabou participando de um leilão nada convencional.

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Nas imagens que circularam pelo WhatsApp e pela imprensa local, Zanardi aparece em cima de uma cadeira, levantando discretamente o cós da cueca e fazendo uma breve dancinha, enquanto o leiloeiro conduz a brincadeira. O momento foi narrado com entusiasmo:

“Dois mil na cueca do padre. Parou? Vou vender por R$ 2 mil. Vai descer o martelo. R$ 3 mil aqui. Vou vender por três mil”, dizia o leiloeiro.

O episódio rapidamente viralizou e dividiu opiniões entre fiéis e internautas. Diante da repercussão, o padre se pronunciou durante a missa do último domingo (9/11), transmitida pelo YouTube, onde demonstrou incômodo com a divulgação do vídeo.

“Alguém não perdeu a oportunidade e filmou aquela brincadeira toda. Passados 30 dias da nossa festa, uma surpresa. Uma funcionária do capeta com o espírito de ronca e fuça mandou para o G1 Tocantins o vídeo do padre leiloando a cueca”, desabafou.

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Zanardi explicou que tudo começou como uma brincadeira entre os fiéis:

“Já tinha perdido o chapéu, o cinto, a botina, e alguém brinca: ‘Agora é a cueca do padre’. E, quando eu me dei conta, estavam leiloando e já estava em R$ 1.500. Eu falei: por R$ 1.500 eu não vendo, não. Subi numa cadeira, mostrei o cós da cueca. Não tirei.”

Apesar das críticas, o padre garantiu que não houve má-fé nem desrespeito. Segundo ele, o próprio bispo da Diocese de Porto Nacional foi informado sobre o ocorrido e considerou o caso sem gravidade.

“A única pessoa a quem eu devo satisfação, que não me cobrou, mas justifiquei e pedi que, se fosse o caso de alguma advertência canônica, que me desse, foi o senhor bispo, que tranquilamente disse: ‘Padre, não houve imoralidade alguma’”, afirmou.

O episódio, que mistura fé, humor e redes sociais, ilustra bem os novos tempos da Igreja, em que a solenidade divide espaço com momentos de leveza. E mostra que, mesmo no altar, a humanidade dos padres — com suas brincadeiras e deslizes — ainda é capaz de arrancar risadas e debates em igual medida.