Seis anos de prisão por um crime que não cometeu e apenas dois meses em liberdade antes da morte. A história de Dâmaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, escancara a dor e as consequências de uma injustiça que terminou de forma trágica no Rio Grande do Sul.
Diagnosticada com câncer no colo do útero ainda na prisão, a jovem não resistiu às complicações da doença e morreu em outubro deste ano, pouco mais de 70 dias após ser absolvida pela Justiça.
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O corpo de Dâmaris foi sepultado na segunda-feira (27/10), no Cemitério Municipal de Araranguá (SC), cidade onde vivia com a mãe desde que obteve o direito de cumprir prisão domiciliar em razão do agravamento do seu estado de saúde.
A jovem havia sido presa em agosto de 2019, acusada de envolvimento na morte de Daniel Gomes Soveral, ocorrida em novembro de 2018, no município de Salto do Jacuí, noroeste gaúcho. Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), ela teria atraído a vítima ao local do crime.
A defesa, porém, sempre sustentou sua inocência, afirmando que Dâmaris apenas relatou ao namorado ter sido estuprada por Daniel, o que teria motivado o homem a cometer o assassinato e a incendiar o corpo da vítima. Mesmo sem provas diretas que a ligassem ao crime, os pedidos de revogação da prisão preventiva foram negados sucessivamente.
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Durante os anos de encarceramento, Dâmaris apresentou sangramentos e dores abdominais, mas os alertas da defesa sobre o quadro de saúde foram ignorados. Em março de 2025, após o diagnóstico de neoplasia maligna do colo do útero, a Justiça converteu a prisão em domiciliar, permitindo que ela iniciasse tratamento de quimioterapia e radioterapia em hospitais de Santa Cruz do Sul e Criciúma (SC).
Em agosto de 2025, o Tribunal do Júri finalmente a absolveu por negativa de autoria, reconhecendo a falta de provas que sustentassem a acusação. Setenta e quatro dias depois, Dâmaris morreu em casa, cercada pela família.
Nota do Tribunal de Justiça do RS
Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) informou que o caso passou por três pedidos de soltura. O primeiro, em 2023, foi negado pelo juiz da comarca e mantido em instâncias superiores. O segundo, em novembro de 2024, apresentou apenas receitas médicas sem exames, o que levou ao indeferimento.
A conversão da prisão em domiciliar, em março de 2025, foi autorizada após o diagnóstico de câncer. O TJRS detalhou ainda que Dâmaris teve monitoramento eletrônico instalado e foi autorizada a permanecer na casa da mãe, em Balneário Arroio do Silva (SC), com deslocamento permitido para tratamento no Hospital São José, em Criciúma.
Em agosto, o júri absolveu a ré, mas o reconhecimento judicial da injustiça chegou tarde demais.
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