
Crimes violentos contra autoridades de segurança sempre causam forte impacto, não apenas pelo ataque direto a quem representava a lei, mas também pelos recados que tais ações enviam à sociedade. Foi exatamente o que ocorreu nesta semana, com a morte brutal do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos, executado a tiros em Praia Grande, no litoral paulista. A execução mobilizou uma força-tarefa e trouxe à tona antigas ameaças do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que ele combateu por décadas.
Em coletiva realizada pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) na última quinta-feira (18), foram revelados os nomes de quatro suspeitos de envolvimento no crime. Flavio Henrique Ferreira de Souza e Felipe Avelino da Silva, o "Mascherano", apontado como integrante da facção, são investigados como executores. A ação, segundo a polícia, foi marcada por uso de armamento pesado e táticas militares, incluindo a destruição do veículo de fuga.
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MULHER PRESA POR AJUDAR EXECUTORES

O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, declarou: "não resta dúvida de que o PCC está envolvido" na morte do ex-delegado-geral. Ele também confirmou a primeira prisão relacionada ao caso: Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, detida temporariamente sob acusação de transportar o fuzil usado na execução. "Temos a primeira prisão relacionada ao assassinato do Dr Ruy. Trata-se de uma mulher de 25 anos, presa temporariamente, responsável por levar da Praia Grande para a região do ABC um dos fuzis usados no crime. A polícia segue trabalhando para prender todos os envolvidos", escreveu Derrite nas redes sociais.
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Segundo a investigação, Dahesly teria recebido pagamento via Pix para realizar o transporte da arma. O valor, conforme apuração, foi transferido de uma conta em nome de uma criança de 10 anos, filho de Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, também apontado como suspeito de organizar a logística do armamento. A Justiça decretou a prisão temporária de Luiz Antônio, considerada necessária para garantir o avanço das investigações.
JURADO DE MORTE PELO PCC

As autoridades destacam que o crime foi uma resposta direta à trajetória de Ruy Ferraz Fontes, conhecido por ter mapeado e indiciado líderes do PCC, incluindo Marcola, em 2006. Desde então, era considerado jurado de morte pela facção. Após um assalto sofrido em 2023, Fontes chegou a manifestar preocupação com sua integridade: "Eu combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro".
O governador Tarcísio de Freitas classificou o episódio como "covarde", enquanto o promotor Lincoln Gakiya, que também já esteve na mira da facção, chamou o crime de "bárbaro". Já o secretário-executivo da Segurança Pública, Osvaldo Nico, afirmou que o ex-delegado estava "sendo procurado, caçado".
Fontes deixa o legado de um dos mais combativos enfrentamentos ao PCC, que agora volta a estampar o centro das investigações policiais em São Paulo.
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