
Em um hospital, cada minuto pode ser decisivo, e cada gesto, observado com atenção. Quando uma pessoa entra e leva consigo uma vida recém-nascida, a rotina se transforma em tensão e incredulidade. Foi esse choque que tomou o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), quando uma médica supostamente raptou uma bebê, deixando familiares e equipe médica em alerta.
A neurologista Cláudia Soares Alves, de 42 anos, que estava sob investigação por suspeita de sequestrar uma recém-nascida em julho do ano passado, teve o vínculo com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) oficialmente encerrado. A exoneração da professora foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (3) e ocorreu com base na Lei nº 8.112/1990, que regulamenta direitos e deveres dos servidores públicos federais.
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Conforme a portaria, a conduta da médica violou normas que exigem servidores públicos manterem "conduta compatível com a moralidade administrativa e desempenhar com zelo e dedicação as atribuições do cargo", além de não "valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem".
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PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
A UFU informou que a decisão decorreu de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) iniciado em 1º de agosto de 2024, após denúncia formal contra a servidora. Durante o procedimento, a comissão de investigação ouviu diversas testemunhas, analisou documentos relacionados aos fatos e garantiu à médica ampla defesa por meio de seu advogado.
"A exoneração da docente se deu pela inobservância de normas legais e regulamentares e por manter conduta incompatível com a moralidade administrativa. O vínculo da servidora com a UFU foi rompido em 01 de setembro, com a assinatura da portaria de exoneração. Em razão da servidora ainda estar em período de estágio probatório, não há possibilidade de recurso no âmbito da universidade", destacou a UFU, em nota oficial.

ENTENDA O CASO
O caso que gerou a demissão ocorreu no final da noite, quando a suspeita entrou no hospital se apresentando como uma funcionária chamada Amanda. Ela se dirigiu à ala da maternidade, alegou ser médica e retirou a recém-nascida dos braços dos pais, afirmando que a levaria para se alimentar. A criança foi colocada em uma mochila, e a ação dentro do hospital durou cerca de 30 minutos.
O comportamento estranho da mulher chamou atenção de uma funcionária, que entrou em contato com a segurança e o setor de clínica médica para confirmar se realmente havia uma profissional com aquele nome atuando no hospital. Foi informado que o quadro estava completo e ninguém se chamava Amanda para cobrir plantão.
VIAGEM DE MINAS PARA GOIÁS
O pai da bebê relatou que, enquanto descansava com a esposa, a suspeita entrou na sala dizendo que daria leite à criança. Ele percebeu a demora e, ao questionar uma funcionária, descobriu que nenhum profissional havia retirado a bebê. Imediatamente, a equipe de segurança foi acionada, e a Polícia Militar iniciou buscas para localizar a suspeita.
Imagens de câmeras de segurança rastrearam a passagem de Cláudia em um Toyota Corolla pela rodovia BR-365, até a cidade de Itumbiara, Goiás, cerca de 134 km de Uberlândia. Na manhã seguinte, a polícia encontrou a recém-nascida na residência da médica, sob cuidados de uma funcionária, enquanto Cláudia estava ausente. Após seu retorno, ela recebeu voz de prisão.
No veículo da médica, os policiais encontraram roupas da bebê, sapatos e duas bolsas. Cláudia foi autuada em flagrante pelo crime de sequestro e responde judicialmente por falsidade ideológica e tráfico de pessoas. Além de seu trabalho em Uberlândia, ela se apresenta nas redes sociais como neurologista apaixonada por medicina e é professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG) desde 2019.
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