
Nos últimos anos, o Brasil enfrentou uma sequência de desafios econômicos que colocaram à prova a resiliência de seu mercado de trabalho. A pandemia, seguida de instabilidades políticas e econômicas, deixou cicatrizes profundas, especialmente entre os trabalhadores informais e aqueles que dependem diretamente do setor de serviços. No entanto, dados recentes indicam que o país começa a virar a página: a taxa de desocupação no segundo trimestre de 2025 é a menor já registrada desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012.
De acordo com o levantamento do IBGE divulgado nesta quinta-feira (31), o desemprego recuou para 5,8% no trimestre encerrado em junho, o menor índice em mais de uma década. Isso representa 6,3 milhões de brasileiros desocupados.
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A queda é expressiva tanto em relação ao trimestre imediatamente anterior (janeiro a março), quando o índice era de 7%, quanto na comparação com o mesmo período de 2024, que marcava 6,9%.
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Vários indicadores positivos acompanharam essa melhora. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado bateu novo recorde, atingindo 39 milhões de pessoas. A taxa de participação na força de trabalho chegou a 62,4%, e o nível de ocupação subiu para 58,8%.
RENDIMENTO MÉDIO
Outro dado animador foi o rendimento médio real habitual, que alcançou R$ 3.477, também o maior da série histórica. No acumulado do trimestre, o crescimento foi de 1,1%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o avanço foi ainda mais expressivo: 3,3%.
Com a combinação de mais pessoas trabalhando e salários em alta, a massa de rendimento real atingiu R$ 351,2 bilhões. Segundo o IBGE, esse é o maior valor já registrado. "O resultado recorde da massa de rendimento é consequência da significava expansão da ocupação no trimestre, acompanhada de crescimento do rendimento médio real dos trabalhadores", observou Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios.
O número de brasileiros desalentados - aqueles que desistiram de procurar emprego - também caiu de forma relevante. Eram 2,8 milhões no trimestre encerrado em junho, uma redução de 13,7% frente ao período imediatamente anterior e de 14% em relação ao mesmo trimestre de 2024.
QUEDA NO MERCADO INFORMAL
A informalidade, por sua vez, se manteve em queda, registrando 37,8% - a segunda menor taxa da série histórica. Apesar disso, ainda são 38,7 milhões de brasileiros atuando fora da formalidade.
O setor público teve papel importante nessa recuperação. Entre os dez grupamentos de atividades pesquisados, apenas o setor de Administração pública, defesa, educação e saúde apresentou crescimento frente ao trimestre anterior, impulsionado especialmente pela área de educação. O número de empregados no setor público chegou a 12,8 milhões, estabelecendo novo recorde.
AUMENTO DA TAXA DE OCUPAÇÃO
No recorte anual, cinco setores registraram aumento no número de ocupados: indústria geral, comércio, transportes, serviços profissionais e administrativos, além do setor público. "O crescimento acentuado da população ocupada no trimestre influenciou vários recordes da série histórica, dentre eles a menor taxa de desocupação", explicou Adriana Beringuy.
Com esses resultados, o Brasil dá sinais consistentes de recuperação do mercado de trabalho, embora ainda enfrente desafios como a informalidade e a necessidade de crescimento sustentável em todos os setores.
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