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Paciente move útero e preserva fertilidade na radioterapia

Conheça a história de Daniela, que enfrentou o câncer pélvico e optou pela transposição uterina para preservar sua fertilidade durante o tratamento.

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Imagem ilustrativa da notícia Paciente move útero e preserva fertilidade na radioterapia camera O tumor, classificado como uma neoplasia maligna de partes moles da pelve, se desenvolveu nos músculos e vasos sanguíneos | Reprodução/ Freepik

Foi durante uma corrida em um parque em Tubarão (SC) que uma dor incomum no abdômen acionou um alerta para a professora de ciências contábeis Daniela Corrêa, 37. Após meses de exames e consultas, ela recebeu o diagnóstico de câncer na região pélvica.

O tumor, classificado como uma neoplasia maligna de partes moles da pelve, se desenvolveu nos músculos e vasos sanguíneos. Esse tipo de câncer pode crescer de forma silenciosa, já que sintomas como dor abdominal podem ser confundidos com outras condições.

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Diante da perspectiva de passar por radioterapia na região pélvica, Daniela foi apresentada ao procedimento de transposição uterina, criado no Brasil. Embora o tumor não atingisse seus órgãos reprodutivos, a área afetada pelo tratamento incluía ovários, trompas e útero, e a exposição à radiação poderia comprometer sua fertilidade.

Realizada antes da radioterapia, o procedimento de transposição consiste em mover temporariamente o útero, as trompas e os ovários para fora da área afetada, preservando a função reprodutiva.

Daniela conta que ter filhos sempre foi um desejo, mas nunca uma prioridade, e que o diagnóstico de câncer mudou tudo. "De repente eu me vi lidando com a ideia de perder essa possibilidade para sempre. Eu sabia que precisava focar no tratamento [contra o câncer], mas também queria manter a chance de, um dia, gerar filhos."

A técnica de transposição uterina foi desenvolvida em 2015 pelo cirurgião oncológico Reitan Ribeiro, do Instituto de Cirurgia Robótica do Paraná. Até 2024, ao menos 40 pessoas tinham passado pela cirurgia no mundo. No Brasil, o procedimento é realizado no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba.

A ginecologista oncológica Luisa Marcella Martins, que participou de duas cirurgias de transposição uterina, afirma que a técnica é indicada para mulheres jovens com câncer na região pélvica que precisam de radioterapia e desejam preservar a fertilidade, mas nem todas as pacientes são elegíveis.

Nessa cirurgia, realizada por videolaparoscopia, os órgãos reprodutivos são reposicionados na parte superior do abdômen, para se afastar dos efeitos da radiação. Ao término do tratamento, o útero é recolocado em sua posição original, permitindo, em alguns casos, uma gestação natural.

"Os primeiros dias [do pós-operatório] são sempre difíceis. Mas valeu a pena", disse. "Após algumas semanas, comecei a radioterapia."

Das 40 pacientes operadas, 87,5% mantiveram as funções normais, com ciclos menstruais regulares. Das que tentaram engravidar, três tiveram gestações espontâneas bem-sucedidas.

Além da transposição uterina, há outras opções a serem avaliadas por pacientes oncológicas, como congelamento de óvulos ou embriões antes do início do tratamento; transposição dos ovários, técnica mais antiga; congelamento de tecido ovariano com reimplante futuro; bloqueio hormonal durante o tratamento, com eficácia variável; e barriga solidária, por exemplo.

"Muitas mulheres em idade reprodutiva recebem o diagnóstico de câncer e iniciam seus tratamentos sem sequer saber que existem alternativas para manter o sonho de uma futura gestação", diz a médica Luisa Marcella Martins.

Após o tratamento contra o câncer, em junho de 2023 Daniela passou por nova cirurgia.

"Com o fim da radioterapia e da quimioterapia, 30 dias depois eu fiz a cirurgia para colocar os órgãos no lugar", disse. "Além do acompanhamento, agora tenho que fazer fisioterapia pélvica." Ela diz que não engravidou, mas sabe que é possível.

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A paciente que engravida após a transposição uterina deve ter acompanhamento intensivo durante a gestação, com pré-natal precisa ser rigoroso e multidisciplinar, pois há maior risco de parto prematuro.

Daniela arcou com os custos do tratamento, que também não teve cobertura pelo plano de saúde. Ela decidiu usar as redes sociais para falar mais sobre a doença e o procedimento para preservar a fertilidade nesses casos.

O câncer do colo do útero, por exemplo, é no Brasil uma das principais causas de morte por câncer entre mulheres. A vacinação contra o HPV e a realização regular do exame preventivo são as principais formas de prevenção e diagnóstico precoce, mas ainda assim muitas pacientes descobrem a doença em estágio avançado.

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