
A Polícia Federal deflagrou na manhã da última quarta-feira (25), a Operação Augusta, um desdobramento da Operação Tacitus, que apura um esquema de corrupção e vazamento de informações sigilosas envolvendo agentes públicos e empresários em São Paulo.
Um dos alvos da operação foi o conhecido piloto de automobilismo Roberval Andrade, de 54 anos, que foi preso preventivamente. Além do empresário, foram presos os policiais civis Marcelo Marques de Souza, conhecido como “Bombom”, e Sérgio Ricardo Ribeiro, o “Serginho do Denarc”, suspeitos de intermediar pagamentos de propina para beneficiar investigados em inquéritos criminais, inclusive por meio da produção de documentos falsos e obstrução de investigações.
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Roberval Andrade é um dos nomes mais conhecidos da categoria. Com passagens pela Fórmula Truck e Copa Truck, ele acumula quatro títulos: bicampeão da extinta Fórmula Truck (2002 e 2010), campeão da Copa Truck (2018) e vencedor por equipe em 2022.
Em nota divulgada nesta quinta-feira (26), a Mercedes-Benz, por meio da AGS MotoSport, anunciou o afastamento imediato do piloto até o fim das investigações, com base em suas políticas de compliance.
INVESTIGAÇÕES
A investigação aponta que Roberval teria pago R$ 1 milhão em propina para tentar liberar um helicóptero apreendido sob suspeita de uso em atividades do Primeiro Comando da Capital (PCC). A aeronave foi confiscada em abril de 2022 no Campo de Marte, zona norte de São Paulo, durante mandados de busca e apreensão realizados pela divisão de combate ao crime organizado.
Mensagens extraídas do celular de Marcelo “Bombom” detalham as tratativas entre os investigados. Em uma conversa com Roberval, datada em julho de 2022, o policial menciona a negociação para o pagamento da propina:
“Aqui o cara tá esperando uma resposta (…). Quando a gente arrumar o dinheiro, começa o processo. Lá do outro lado, você falou que já falou. Ele queria no mil”, diz Bombom, referindo-se ao valor milionário pedido.
Outras mensagens apontam a participação do advogado Anderson dos Santos Domingues, conhecido como “DR”, que também é investigado. Em setembro daquele ano, Bombom enviou um áudio para Anderson detalhando como seria feito o rateio dos valores de propina.
“100 da comissão, 100 que o Flá devia e 57 seu. (…) Eu estava até querendo tomar um pouquinho a mais que isso aí dele, entendeu?”, diz "DR".
Além de operar como elo com Roberval, Anderson é dono do escritório onde trabalha o filho de Bombom. A PF afirma que ele também repassava informações de inquéritos aos investigados.
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Helicóptero suspeito de servir ao crime organizado
A aeronave associada a Roberval foi apreendida por suspeita de envolvimento no transporte de drogas, dinheiro e integrantes do PCC. Avaliado em R$ 7,8 milhões, o helicóptero pertencia a uma das duas empresas com capital social inferior a R$ 350 mil. Segundo a PF, os sócios não existem ou têm perfis profissionais incompatíveis com a administração das companhias.
Conexão com o caso Gritzbach
A Operação Augusta também busca esclarecer o assassinato de Vinícius Gritzbach, delator executado em novembro de 2024, no Aeroporto de Guarulhos. Bombom foi denunciado por participação direta no crime e por manter relações com o crime organizado.
Durante busca em sua residência, foram apreendidos cerca de R$ 725 mil em espécie (em reais, dólares e euros), além de planilhas com nomes, valores e locais relacionados a propinas — incluindo estabelecimentos ligados a jogos de azar, prostituição e desmanches ilegais.
O Ministério Público de São Paulo já havia denunciado Bombom por organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com base nas descobertas da Operação Tacitus, deflagrada em dezembro de 2024.
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