As milícias e as facções criminosas fazem parte da realidade no Brasil há anos. Esses são grupos de pessoas que atuam de forma organizada e articulada para a prática de crimes, como o tráfico de drogas.
Essas facções criminosas utilizam gestos e símbolos como uma forma de controle territorial e intimidação de seus rivais. Gestos que parecem simples e que antes eram comumente utilizados por todos, como dois dedos que simbolizam 'paz e amor', hoje podem ser interpretados como apoio ao Comando Vermelho (CV). Já um gesto como roqueiro, por exemplo, levantando três dedos, pode ser visto como uma saudação para integrantes do Bonde do Maluco (BDM). Em um cenário de guerra entre as duas facções, fazer qualquer sinal pode resultar em violência letal, como vem ocorrendo na Bahia.
Em 2024, ao menos seis pessoas foram assassinadas na Bahia após exibirem gestos associados a facções criminosas, segundo a imprensa local. Esses gestos, frequentemente compartilhados nas redes sociais, são vistos por facções rivais como provocações diretas. O resultado é uma violência brutal, com retaliações que ocorrem rapidamente.
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Entre os casos mais marcantes está o de dois irmãos adolescentes, mortos no início de outubro, após posarem para uma foto exibindo o sinal do número três com os dedos, associado à facção BDM. Uma adolescente que estava com eles na foto também foi baleada, mas sobreviveu.
ALERTA AOS TURISTAS
Grupos de turistas têm sido alertados por guias que realizam passeios por Salvador para evitarem tirar e postar fotos com sinais e gestos. A propagação dessas imagens nas redes sociais aumenta o risco de retaliação.
O uso de uma simbologia própria é parte da estrutura dessas facções. A Polícia Civil e o Ministério Público também monitoram gestos que possam sinalizar apologia ao crime. As facções utilizam esses sinais para afirmar seu domínio em territórios em disputa. Em áreas de intensa disputa, qualquer provocação é punida com extrema violência.
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CORTES DE CABELO E SOBRANCELHAS
Além dos gestos com dedos, as facções criminosas utilizam outros tipos de sinais para marcar pertencimento e controle territorial. Em algumas regiões, cortes de cabelo e sobrancelhas com certos riscos (2 está associado ao CV, e 3 associados ao BDM) também são interpretados como símbolos faccionais.
Além disso, há o uso de tatuagens como o pentagrama, associado à facção Katiara, ou escorpiões, usados por membros do Comando Vermelho. Esses são outros exemplos de como símbolos visuais podem ser cooptados pelas facções para representar poder e lealdade.
O caso de um jovem espancado até a morte por usar uma camiseta com o desenho do Mickey Mouse, vinculado à facção A Tropa, evidencia o risco até mesmo no vestuário. O assassinato, ocorrido em janeiro deste ano, no Recôncavo Baiano, segundo denunciou o jornal Folha do Estado, demonstra como códigos visuais são levados a sério pelas facções, mesmo quando a pessoa não tem envolvimento com o crime.
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