A doação de órgãos é um processo de retirada de órgãos ou tecidos de pessoa viva ou falecida com intuito de restabelecer a saúde de pacientes em tratamento. No Pará, a Central Estadual de Transplante (CET-PA), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), é a unidade responsável pela coordenação, controle e fiscalização desse processo, estruturado em três etapas: doação, captação e transplante.
O Brasil possui o maior sistema público de transplantes no mundo, responsável por financiar cerca de 95% dos procedimentos. No Sistema único de Saúde (SUS), os pacientes recebem toda a assistência, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos.
Em caso de falecimento, tudo inicia com o diagnóstico de morte encefálica, geralmente de paciente internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A constatação é realizada por, no mínimo, dois médicos com capacitação específica, de acordo com critérios definidos pelo Conselho Federal de Medicina, conforme a Lei nº 9434/1997. A notificação do óbito é obrigatória e deve ser feita à Central de Transplantes comunicando a possibilidade da doação.
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“A Central de Transplantes, por meio da sua equipe médica e técnica, vai validar esse diagnóstico. O hospital manda a notificação e encaminha o documento que está sendo feito o diagnóstico. Temos uma lista de todos os médicos do Pará que são capacitados e vamos identificar se o procedimento foi feito por um deles com os parâmetros que diz a legislação. Depois, vamos validar se o doador não tem nenhuma contraindicação para doação”, explica a coordenadora da Central Estadual de Transplantes (CET), Ierecê Miranda.
É um direito da família ser consultada sobre a doação dos órgãos do ente falecido. Por isso, o segundo passo é comunicar o óbito aos parentes diretos do paciente (pais, filhos, avós, netos, irmãos e cônjuge) e explicar todo o processo de doação. A entrevista familiar também deve ser feita por profissionais capacitados pela Central de Transplantes. Quando o hospital não possui capacitação, uma equipe do próprio CET conversa com os familiares.
EQUIPE
Em caso de autorização, o hospital comunica à instituição de captação (CET), responsável por organizar a cirurgia de retirada de órgãos por uma equipe cirúrgica especializada, o material cirúrgico, a solução de preservação das estruturas, o transporte junto com a Comissão de Doação dos hospitais. Simultaneamente, é feita a coleta da sorologia, tipo genético e sanguíneo, peso e altura do doador para seleção dos possíveis receptores compatíveis.
“Para cada órgão é gerada uma seleção porque cada um tem uma fila de espera. Tem a fila do rim, do fígado, da córnea separadas. Então, a seleção dos pacientes também é feita por órgão. Quando eu coloco no sistema que eu quero a seleção dos pacientes de rins, ele vai pegar todas as características do doador e dos receptores de rim e gera a seleção dos pacientes compatíveis com aquele doador. Uma seleção é diferente da outra”, esclarece a biomédica Ierecê Miranda.
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RANKING
No Brasil e no mundo, os rins lideram o ranking com maior fila de espera pela doação sendo, também, o mais transplantado. Somente no Pará são 500 pessoas à espera pelo órgão, seguida de 10 pacientes que esperam pelo transplante do fígado. Entre os tecidos doados, a fila da córnea registra cerca de 830 pacientes. Atualmente, o estado realiza cinco modalidades de transplante (rins, fígado, córnea, medula óssea e tecido ósseo) .
Feita a confirmação do receptor, a Central de Transplantes do Estado oferta o órgão à equipe hospitalar com destino ao paciente específico. Em caso de negativa, a instituição deve preparar um documento justificando o motivo para que a CET oferte esse mesmo órgão ao próximo contemplado da lista de espera, processo feito até que seja definido o doador.
Toda a logística de transporte dos órgãos também é realizada pela CET-PA e pode ser feita por meio terrestre ou aéreo, em avião comercial, helicóptero ou avião a jato, dependendo da distância entre doador e receptor. Devido a cooperação técnica com a Sespa, o Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp) pode ser acionado para transportar órgãos a locais onde não há estrutura para receber voos comerciais. Porém, quando essas aeronaves não têm tempo hábil para o traslado, uma empresa aérea contratada transporta o material.
“A Central de Transplantes enxerga todo o Pará e o Ministério da Saúde enxerga as ações de todo o Brasil. Não tem jeitinho brasileiro porque não está na mão só de um, mas cada instituição tem uma responsabilidade e funciona como uma engrenagem. Em um único processo de doação são vários atores envolvidos. Atualmente, a legislação construída para o Sistema Nacional de Transplante é segura e transparente e isso garante segurança à família do doador”, conclui a coordenadora do CET-PA.
Serviço
- Hospitais que realizam transplante
- Transplante renal
- Hospital Ophir Loyola
- Santa Casa de Misericórdia do Pará
- Hospital Saúde da Mulher
- Hospital Regional do Baixo Amazonas (Santarém)
- Hospital Público do Araguaia (Redenção)
- Transplante de Fígado
- Santa Casa de Misericórdia
- Transplante de Medula Óssea
- Hospital Ophir Loyola
- Hospital Saúde da Mulher
- Transplante Ósseo
- Hospital Maradei
- Transplante de córnea
- São 12, sendo 4 pelo SUS:
- Hospital Ophir Loyola
- Hospital Cintia Charone
- Hospital Bettina Ferro Souza
- Hospital Oftalmológico do Pará (Ananindeua)
Saiba mais
- O coração é o órgão que tem menos tempo para ser transplantado. Em segundo lugar está o fígado (12h), seguido dos rins (36h) e da córnea (14 dias). O primeiro tem apenas 4 horas de tempo de isquemia fria, como é chamado o intervalo entre a retirada e o transplante. Por isso, o procedimento deve ser feito em pacientes que estejam, pelo menos, na mesma cidade e, dependendo das condições de trânsito, pode ser transportado por helicóptero até o receptor. É o único órgão que o CET-PA não capta.
- Em caso de transplante simultâneo de fígado e rins, é realizada a retirada do primeiro, seguida do segundo, devido a ordem de urgência de tempo de isquemia fria.
Envio de órgãos para outros estados
Em caso de inexistência de pacientes compatíveis com o órgão, a estrutura pode ser ofertada para outros estados. Para isso, é preciso notificar formalmente a Central Nacional de Transplantes, em Brasília, para que o órgão seja devidamente oferecido por macrorregiões brasileiras para pacientes prioritários.
Autorização de doação de órgãos
Recentemente, a doação de órgãos foi facilitada por meio da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos, Tecidos e Partes do Corpo Humano (AEDO) feita pelo aplicativo ou site www.aedo.org.br e fica registrada em cartórios nacionais.
(Fonte: Central Estadual de Transplantes, CET-PA, por meio da coordenadora Ierecê Miranda, biomédica e especialista em doação, captação e transplante pelo Hospital Albert Einstein)
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