A mineração de sal-gema está no centro de uma crise em Maceió, com o solo de cinco bairros cedendo a uma taxa alarmante de 62 centímetros por dia, alertou a Defesa Civil da cidade. Uma das minas da petroquímica Braskem enfrenta instabilidade, aumentando o temor de um colapso que poderia resultar na aceleração do afundamento do solo e no surgimento de uma cratera monumental na região.
O sal-gema, composto principalmente por cloreto de sódio - a mesma substância encontrada no sal de cozinha -, é extraído de jazidas subterrâneas formadas ao longo de milhares de anos pela evaporação de porções do oceano. Diferentemente do sal de cozinha, que vem do mar, o sal-gema é explorado em grandes quantidades para uso na indústria química, especialmente na produção de soda cáustica e policloreto de vinila (PVC).
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A extração do sal-gema em Maceió teve início em 1976, voltada para a produção de dicloroetano pela então Salgema Indústrias Químicas S/A, que mais tarde se tornaria a Braskem. Segundo a empresa, o método de extração envolvia a injeção de água nas camadas de sal, gerando salmoura. Esta solução era removida das minas, enquanto os poços eram preenchidos com líquido para manter a estabilidade do solo. No entanto, ocorreu um vazamento de líquido nas minas da Braskem, desencadeando a instabilidade.
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João Carlos Rocha Gré, professor de Geologia da UFSC, compara o subsolo das minas a um "formigueiro", onde galerias são cavadas, e o espaço vazio resultante pode se adensar ao longo do tempo. Ele destaca que a extração normalmente considera estudos sobre a possibilidade de construções na superfície, pois o peso da urbanização pode causar o abatimento do solo.
"A linha subterrânea vai formando um espaço vazio: se cava um poço e a partir daí vão sendo feitas galerias. Depois passa o maquinário. Com o tempo, vai se adensando o espaço vazio", explica o especialista.
No entanto, o crescimento urbano desde a construção das minas pode ter contribuído para a crise atual. "Os prédios têm um peso. Muitas vezes, a espessura do solo não aguenta e se abate", observa Gré, lembrando que Maceió possui 35 minas na área urbana, que operaram até 2019.
A situação aumenta a preocupação com a segurança e a estabilidade do solo, enquanto as autoridades buscam soluções para evitar possíveis desastres.
LINHA DO TEMPO
- - Em 2018, as minas em Maceió começaram a causar rachaduras em imóveis e vias públicas
- - Cinco bairros foram afetados pela instabilidade do solo e 14 mil imóveis tiveram que ser desocupados
- - 55 mil pessoas foram atingidas pelo problema e muitas tiveram que deixar suas casas
- - O bairro Mutange, onde fica a mina em risco de colapso, foi totalmente evacuado
- - Outros bairros próximos (Bom Parto, Bebedouro e Pinheiro) também foram parcialmente evacuados
- - Um hospital teve que transferir todos os seus pacientes para outro local
- - A Braskem, empresa responsável pela mina, disse que está monitorando a situação e tomando medidas para minimizar os impactos.
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