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CÂNCER DE MAMA

Quimioterapia pode 'acordar' células dormentes de câncer 

Pesquisa investigou ação em nível celular de tratamento em camundongos, sugerindo passos futuros para terapia em humanos

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Imagem ilustrativa da notícia Quimioterapia pode 'acordar' células dormentes de câncer  camera Células de câncer de mama, vistas com auxílio de microscópio eletrônico Células de câncer de mama, vistas com auxílio de microscópio eletrônico | Reprodução: Khuloud T. Al-Jamal, David McCarthy e Izzat Suffian

Apesar de ser o tratamento primário para diversos tipos de câncer, alguns medicamentos utilizados na quimioterapia são capazes de "acordar" células tumorais dormentes e podem levar à recidiva do câncer em pacientes, de acordo com uma nova pesquisa.

A ação pela qual isso ocorre é a liberação de substâncias pró-inflamatórias pelas células adjacentes à área do tumor, como interleucinas (IL-6) e citocinas, que acabam provocando uma reação em cadeia e liberam as células cancerígenas dormentes. No estudo, foi avaliada uma classe de medicamentos quimioterápicos conhecida por taxanos, que age inibindo a divisão das células tumorais.

Assim, os pesquisadores afirmam que o tratamento com agentes anti-inflamatórios, como inibidores de interleucinas e citocinas, podem reduzir essa ação, impedindo a proliferação de novas células potencialmente tumorais. Os achados foram publicados nesta terça-feira (12) na revista especializada PLoS Biology.

Em geral, o paciente com câncer de mama, quando diagnosticado precocemente, consegue ser curado nos primeiros anos, mas a recorrência local (ou recidiva) pode ocorrer em aproximadamente 6,5% dos casos, principalmente nos cinco primeiros anos após o diagnóstico inicial, segundo dados de um estudo da UFG (Universidade Federal de Goiás).

Já a metástase, isto é, quando o câncer se espalha para outros órgãos, é mais frequente quando o diagnóstico de câncer é tardio (a partir do grau três de estadiamento) e pode surgir em 25% dos casos, de acordo com o mesmo levantamento.

Os taxanos mais utilizados no Brasil são o paclitaxel (comercializado pelo nome Taxol) e o docetaxel (vendido pelo nome Taxotere). Eles são indicados principalmente para câncer de mama e pulmão de células pequenas.

Para avaliar se o uso de taxanos pode afetar as células dormentes tumorais, os cientistas da Universidade de Emory fizeram experimentos in vitro, isto é, em organóides criados em laboratório a partir de células modificadas para simular um tumor, além de camundongos que apresentavam câncer de mama.

As linhagens de células estudadas continham células estromais, que são o tecido conjuntivo -a "rede" que mantém as outras células conectadas, composto de fibrócitos, fibroblastos e outras células do sistema imunológico.

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Quando tratadas com o docetaxel, estas células passaram a liberar os agentes inflamatórios, em particular interleucina IL-6 e fator estimulador de granulócitos (G-CSF), que atua estimulando a medula óssea a produzir granulócitos e liberá-los na corrente sanguínea.

De maneira inversa, a liberação destes marcadores pró-inflamação conseguia reverter as células dormentes, agindo para "acordar" novas células tumorais por meio de um mecanismo de reparo das células danificadas.

"Descobrimos que o docetaxel provoca indiretamente o ‘despertar’ do câncer dormente ao danificar as células estromais, liberando citocinas, que por sua vez provocam a liberação das células cancerígenas dormentes por uma sinalização do mecanismo MEK/ERK", afirmou a pesquisadora Ramya Ganesan, da Escola de Medicina da Universidade Emory, primeira autora do estudo.

A tese de que os marcadores inflamatórios estariam associados à reversão do processo de dormência nas células cancerosas foi também comprovada nos modelos animais. Mas neles, diferentemente do organóide celular, foi possível também observar a resposta imune contra esses marcadores inflamatórios.

"No entanto, ao administrar um inibidor do MEK [anticorpo monoclonal selumetinib] juntamente com a quimioterapia, conseguimos impedir a liberação das células dormentes. Além disso, com base nos perfis imunológicos do nosso estudo, imaginamos que a combinação dos medicamentos [selumetinib + docetaxel] e a imunoterapia poderia produzir resultados positivos no tratamento do câncer", disse a cientista.

Segundo os autores, com esse conhecimento eles puderam agir para bloquear essa resposta imune que é capaz de acordar as células cancerígenas. "Agora, pesquisas futuras podem buscar essa terapia-alvo, com anticorpos que sejam capazes de neutralizar tanto a IL-6 quanto o G-CSF, ou ainda uma droga capaz de mediar essa sinalização molecular nas células adjacentes, inibindo que células dormentes sejam liberadas após a quimioterapia", diz o artigo.

"Essa é a esperança! Apesar dos efeitos indesejados da quimioterapia, ela ainda é utilizada amplamente para atacar as células cancerígenas. O uso do inibidor de MEK, que já é um medicamento clinicamente aprovado, juntamente com a quimioterapia taxano, melhoraria os efeitos fora do alvo. Pode-se dizer que este é um resultado de um ensaio pré-clínico com grande potencial para testes clínicos", explicou Ganesan.

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