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"TEMPOS ESTRANHOS"

Dom Odilo fala sobre intolerância, fascismo e roupa vermelha

Após ter publicado desabafo sobre intolerância política no último domingo (16), Cardeal de São Paulo sofreu ataques bolsonaristas nas redes sociais e foi chamado de "comunista" por usar vermelho, cor tradicional do cargo.

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Imagem ilustrativa da notícia Dom Odilo fala sobre intolerância, fascismo e roupa vermelha camera Chamado de "comunista", o cardeal dom Odilo Scherer precisou explicar razão de usar vermelho em roupas eclesiásticas. | (Foto: Reprodução/TV Vaticano)

Após publicar no Twitter uma reflexão sobre brigas políticas e receber comentários com questionamentos, o arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, 73, pediu calma e precisou explicar o motivo de aparecer em seu perfil na rede social com uma roupa vermelha.

"Se alguém estranha minha roupa vermelha (perfil), saiba que a cor dos cardeais é o vermelho (sangue), simbolizando o amor à igreja e prontidão ao martírio, se preciso for. Deus abençoe a todos. Mas ninguém machuque ninguém", disse neste domingo (16).

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Mais cedo, o arcebispo havia escrito que a fé em Deus permanecerá depois das eleições, assim como os valores morais, a justiça, a fraternidade, a amizade e a família. "Vale a pena colocar tudo isso em risco no caldo da briga política?", perguntou.

Entre as respostas que recebeu, o religioso leu questionamentos sobre sua posição em relação ao aborto e ao comunismo e sobre a cor da roupa. "Qual vermelho você veste? O do mau, do comunismo, ou o vermelho do amor?", perguntou um seguidor.

Segundo Dom Odilo, o debate provocado por sua pergunta proporcionou conteúdo para escrever um livro. "Mas não era preciso xingar tanto quem fez a pergunta. Calma, povo! Depois das eleições, todos precisam continuar a viver juntos", repreendeu.

"Tempos estranhos esses nossos! Conheço bastante a história. Às vezes, parece-me reviver os tempos da ascensão ao poder dos regimes totalitários, especialmente o fascismo. É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora", escreveu. "Para ser mais claro: parece-me reviver os tempos da ascensão do fascismo ao poder. E sabemos as consequências".

Ele reafirmou que é contra o aborto e não aprova o comunismo ou fascismo. "Sou a favor da moral dos mandamentos de Deus. Estou em comunhão com o papa".

O líder católico lembrou que já escreveu muitos artigos contra o aborto e indicou o site da arquidiocese, onde seus textos são publicados. "Desafio alguém encontrar pauta a favor do aborto".

Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, Dom Odilo afirmou que não devem existir temas tabus e que a posição antiaborto já era dos católicos antes dos evangélicos assumirem esse tema.

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