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 Índio do buraco é encontrado morto em Rondônia

Isolado há 26 anos o indígena sobrevivia da caça de animais, mofo rudimentar, roças de milho, batata, cará, banana e mamão.

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Imagem ilustrativa da notícia  Índio do buraco é encontrado morto em Rondônia camera A Funai fez algumas tentativas de contato com ele, mas recuou ao perceber que elas não eram recíprocas. | (Divulgação)

Um indígena de etnia desconhecida que vivia isolado há 26 anos na Terra Indígena Tanaru, na região da Amazônia localizada em Roraima, foi encontrado morto na terça-feira (23). A Funai (Fundação Nacional do Índio) divulgou a informação apenas neste sábado (27).

Ele era monitorado pela Funai desde 1996 e, embora a fundação não soubesse sua idade, o cálculo era de que ele tinha mais de 50 anos. Em nota, a Funai afirmou que ele foi encontrado em sua rede de dormir e que no local "não havia sinais de violência ou luta".

Índio Tanaru, ou Índio do Buraco, vivia isolado em Rondônia
📷 Índio Tanaru, ou Índio do Buraco, vivia isolado em Rondônia |Arquivo/Funai

Ainda não se sabe o motivo da morte do indígena, mas o órgão acredita que pode ter ocorrido por causas naturais. A informação só será confirmada após o resultado de uma perícia feita pela Polícia Federal.

Ele era conhecido como "indígena do buraco", apelido que recebeu por deixar valas profundas na mata. Para especialistas, elas poderiam ser utilizadas tanto como armadilha para atrair animais ou mesmo como locais de esconderijo.

Imagem de uma palhoça do índio do buraco divulgada em 2018
📷 Imagem de uma palhoça do índio do buraco divulgada em 2018 |Arquivo/Funai

De acordo com a Funai, ele vivia com outras seis pessoas até 1995. O grupo foi vítima de um ataque de madeireiros e o indígena foi o único sobrevivente. Ainda de acordo com a fundação, ninguém foi punido pelo crime.

A Funai fez algumas tentativas de contato com ele, mas recuou ao perceber que elas não eram recíprocas. A última vez que o órgão tentou contatá-lo foi em 2005. Desde então, vinha monitorando o indígena à distância.

Segundo uma reportagem do site UOL de 2018, ele sobrevivia da caça de animais, mofo rudimentar, roças de milho, batata, cará, banana e mamão.

O homem cavava buracos fundos para caçar animais e também para se esconder.
📷 O homem cavava buracos fundos para caçar animais e também para se esconder. |Divulgação

A Funai também deixava algumas ferramentas e sementes para plantio em alguns dos locais por onde ele passava frequentemente.

CONFIRA A NOTA DE PESAR DIVULGADA PELA FUNAI:

"A Fundação Nacional do Índio (Funai) informa, com imenso pesar, o falecimento do indígena conhecido como "Índio Tanaru" ou "Índio do buraco", que vivia em isolamento voluntário e era monitorado e protegido pela Funai por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé, no estado de Rondônia, há cerca de 26 anos. O indígena era o único sobrevivente da sua comunidade, de etnia desconhecida.

O corpo do indígena foi encontrado dentro da sua rede de dormir em sua palhoça localizada na Terra Indígena Tanaru, no último dia 23 de agosto, durante a ronda de monitoramento e vigilância territorial realizada pela equipe da FPE Guaporé/Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC). Não havia vestígios da presença de pessoas no local, tampouco foram avistadas marcações na mata durante o percurso.

Também não havia sinais de violência ou luta. Os pertences, utensílios e objetos utilizados costumeiramente pelo indígena permaneciam em seus devidos lugares. No interior da palhoça havia dois locais de fogo próximos da sua rede. Seguindo a numeração da lista de habitações do Índio Tanaru registradas pela Funai ao longo de 26 anos, essa palhoça é a de número 53, seguindo o mesmo padrão arquitetônico das demais, com uma única porta de entrada/saída e sempre com um buraco no interior da casa.

O exame de local de morte foi realizado pela perícia da Polícia Federal, com a presença de especialistas do Instituto Nacional de Criminalística (INC) de Brasília e apoio de peritos criminais de Vilhena (RO). As atividades foram acompanhadas por servidores da Funai. Nos trabalhos, foram utilizados equipamentos como drone e escâner 3D, além de serem coletados diversos vestígios e o corpo do indígena, que serão analisados pelo INC em Brasília.

A Funai lamenta profundamente a perda do indígena e informa ainda que, ao que tudo indica, a morte se deu por causas naturais, o que será confirmado por laudo de médico legista da Polícia Federal."

As redações de UOL e Folha de S.Paulo não utilizam mais o termo "índio" por entenderem ser uma palavra utilizada de forma pejorativa.

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