O brasileiro tem trocado as refeições por lanches. Um dos principais fatores que explica a mudança de hábito é a alta no preço dos alimentos, além da praticidade. É o que aponta a pesquisa de consumo realizada pela empresa Kantar e apresentada no 17º Congresso Internacional das Indústrias, em Florianópolis (SC).
Enquanto o valor médio de uma refeição custava em torno de R$43,94, nos primeiros três meses do ano, os lanches e petiscos custavam em média R$10,43, um número mais de quatro vezes menor em relação ao primeiro, conforme a pesquisa Consumer Insights 2022.
Veja também:
Fome assombra 61 milhões de brasileiros, diz estudo da ONU
23 milhões de pobres vivem com menos de R$ 7 ao dia
A mudança de comportamento alimentar é observada em todas as classes sociais, principalmente na classe C.
Apesar de ser uma saída para o bolso, a substituição das refeições pode ser prejudicial à saúde. Isso porque esses alimentos possuem alta dose de açúcares, gorduras e, em casos de ultraprocessados, corantes, conservantes e demais substâncias sintetizadas em laboratório.
De acordo com o nutricionista Felipe Carvalho, a obesidade é o principal risco. “Tem uma série de riscos, tanto de alimentos ultraprocessados, biscoitos e salgados, como salgados de rua, que são feitos com óleo e estão sobrecarregados de gorduras. Então, esses alimentos vão ocasionar um número de sódio mais alto no organismo, por exemplo, além de riscos cardiovasculares”, alerta.
“A alimentação com esse tipo de lanche também fica pobre em relação a proteína. Afeta desde questão de doenças até a questão de disposição das pessoas, que vai mudar porque não se está consumindo alimentos saudáveis”, esclarece.
INSEGURANÇA ALIMENTAR
Para Felipe Carvalho, a opção por esse tipo de alimento está diretamente ligada a insegurança alimentar ocasionada pela situação econômica do país, que registra altos preços dos produtos no mercado.
Com o baixo poder aquisitivo da população é esperado que, principalmente os mais pobres, recorram aos alimentos ultraprocessados, como os enlatados, para garantir a alimentação diária básica.
“As pessoas não vão ter o poder aquisitivo para comprar carne vermelha, frango, peixe e vão tentar se alimentar com o que elas podem comprar. É um hábito comum em regiões mais pobres do planeta. Ao invés de colocar salsicha, que é um alimento processado, a gente auxilia a colocar um ovo, que tem um valor menor, diminuir a quantidade de vezes de consumo da carne vermelha pelo frango e até mesmo só consumir o arroz e feijão. A gente fica bem preocupado porque um país mal alimentado é um país com pouca saúde”.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar