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Governo Bolsonaro troca presidente da Petrobras pela 4ª vez

Pouco mais de um mês após a posse de José Mauro Coelho como presidente da companhia e com a eleição cada vez mais próxima, governo indica Caio Mário Paes de Andrade para assumir o cargo.

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Imagem ilustrativa da notícia Governo Bolsonaro troca presidente da Petrobras pela 4ª vez camera Governo Bolsonaro indica quarto presidente da Petrobras desde 2019 | Alan Santos/Presidência da República

O governo anunciou na segunda-feira (23) que decidiu trocar o presidente da Petrobras, 39 dias após a posse de José Mauro Coelho no comando da empresa. A notícia chegou ao executivo pouco mais de uma hora antes de ser anunciada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), a quem a estatal está vinculada.

Para o lugar de Zé Mauro, como é conhecido no mercado, foi convidado Caio Mário Paes de Andrade -que atua como secretário especial do ministro Paulo Guedes (Economia) e, caso tenha o nome confirmado pela companhia, será o quarto presidente da empresa no governo de Jair Bolsonaro (PL).

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Segundo um integrante do conselho da Petrobras que falou sob anonimato, o indicado não preenche os requisitos para o cargo exigidos pela Política de Indicações para a Alta Administração da Petrobras.

Andrade, que já tinha sido cotado para ocupar a presidência da companhia no mês passado, não tem experiência comprovada de, no mínimo, três anos, no mercado de óleo e gás. O mais próximo disso é a posição de conselheiro da estatal Pré-Sal Petróleo SA (PPSA), que gere os contratos de óleo e gás da União, desde janeiro de 2021 (há um ano e cinco meses).

O indicado para a empresa é próximo ao ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida -que também fazia parte da equipe de Guedes.

DESCONTENTAMENTO

As escolhas de Sachsida e Andrade para os postos de ministro do MME e de presidente da Petrobras representam a retomada de forças de Guedes sobre a companhia.

O ministro, que tem deixado expressar seu descontentamento com o comando da empresa nos últimos meses, agora tem a oportunidade de controlar várias das decisões relacionadas à companhia enquanto o governo -ele, inclusive- lutam pela reeleição de Bolsonaro.

Guedes indicou o primeiro presidente da Petrobras logo que Bolsonaro assumiu a Presidência. O economista Roberto Castello Branco, no entanto, ficou pouco mais de um ano no cargo.

Foi derrubado pela pressão de Bolsonaro para interferências de preço dos combustíveis que, naquele momento, já estava escalando devido ao início das elevações do valor do barril Brent, insumo básico da produção de combustíveis e derivados.

Castello Branco foi substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, um aliado do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Ambos foram demitidos por pressão do Planalto. Silva e Luna saiu em fevereiro e o ministro, em maio.

Embora a troca do presidente da Petrobras na noite de segunda-feira (23) tenha sido uma surpresa dentro da companhia, nos últimos dias ela era dada como certa no governo.

O próprio Bolsonaro sinalizou em uma de suas lives semanais recentemente que faria mais "mudanças de pessoas" quando se referiu à empresa.

Coelho passou a sofrer fritura pouco depois de sua chegada ao cargo, após a empresa anunciar um reajuste no preço do diesel no começo de maio. O aumento do valor médio do combustível foi de 8,87% nas refinarias.

CRÍTICAS

Nesta segunda, Bolsonaro voltou a criticar a empresa após ficar constatado que uma empresa boliviana está enviando menos gás à petroleira brasileira do que o contratado -forçando a empresa a buscar o produto de outros países. "É um negócio parece orquestrado para exatamente favorecer você sabe quem", afirmou a apoiadores.

Bolsonaro critica tanto os reajustes da empresa como o lucro trimestral de R$ 44,5 bilhões da Petrobras, que chamou de "estupro" neste mês. "Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem aumentar mais o preço do combustível", declarou o presidente, durante sua live semanal.

Em nota sobre a troca, o governo afirma que o país vive um momento desafiador e que é preciso trabalhar por um "cenário equilibrado na área energética".

"Diversos fatores geopolíticos conhecidos por todos resultam em impactos não apenas sobre o preço da gasolina e do diesel, mas sobre todos os componentes energéticos", afirma o Ministério de Minas e Energia, em nota.

Segundo a pasta, é preciso manter condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros e "fortalecer a capacidade de investimento do setor privado como um todo". "Trabalhar e contribuir para um cenário equilibrado na área energética é fundamental para a geração de valor da empresa, gerando benefícios para toda a sociedade", diz a pasta.

INTERVENÇÃO

Com o movimento, o governo intervém na empresa a menos de cinco meses das eleições, em um momento em que os preços de combustíveis impactam a popularidade de Bolsonaro, que continua em segundo lugar nas pesquisas.

Pesquisa Datafolha mostra que, para a maioria dos brasileiros (68%), a gestão de Bolsonaro tem responsabilidade pela alta no preço dos combustíveis.

Novo escolhido para comandar a estatal, Andrade é responsável pela secretaria especial de Gestão, Desburocratização e Governo Digital. A pasta é responsável pela digitalização de diversos serviços do governo -e, por isso, tem trânsito em vários ministérios e alas do governo Bolsonaro.

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