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REMÉDIOS SEM BENEFÍCIOS

Médico da Hapvida diz ter sido obrigado receitar "Kit Covid"

O caso foi denunciado ao Ministério Público. O médico foi desligado da equipe.

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Imagem ilustrativa da notícia Médico da Hapvida diz ter sido obrigado receitar "Kit Covid" camera Divulgação

Em um documento enviado à CPI da Covid, o Ministério da Saúde informou que os medicamentos cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina não devem ser utilizados em pacientes hospitalizados por causa da Covid-19. Esse grupo de medicamentos ficou conhecido como “kit covid”.

Segundo a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema de Saúde (Conitec), os medicamentos foram testados e não mostraram nenhum tipo de benefício clínico para os pacientes com Covid-19.

O medicamentos do “kit covid” são os mesmos usados no tratamento precoce contra a doença, prática defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo com estudos atestando que não são eficazes no tratamento da Covid-19, muitos médicos prescreveram a medicação: seja por também acreditarem ou por sofrerem ameaças de superiores.

De acordo com informações do portal Diário do Centro do Mundo, um médico relatou que sofreu pressão da operadora de planos de saúde Hapvida, enquanto funcionário, para receitar o chamado ‘kit covid’. “Ameaçaram demitir qualquer médico que ultrapassasse a negativa de prescrever a droga mais de duas vezes consecutivas”, afirmou o médico generalista Felipe Peixoto. Ele denunciou a operadora no Ministério Público pela primeira vez há um ano.

O portal detalhou, ainda, que a rede Hapvida é alvo de inquérito do Ministério Público do Ceará, Estado onde fica a sede da operadora, e foi investigada também pelo MP-SP. Em abril, foi multada em R$ 468,3 mil por impor, “indistintamente a todos os médicos conveniados”, que receitassem medicamentos ineficazes em pacientes com covid-19.

Felipe Peixoto afima, ainda, que as ameaças de demissão estão registradas em conversas no aplicativo WhatsApp. Em uma delas, um superintendente da unidade onde o médico trabalhava diz que existe um “ranking” de médicos que se recusam a prescrever cloroquina mais de duas vezes. Quem aparecesse nessa lista, era desligado. A mesma afirma ainda que uma colega já tinha sido desligada por esse motivo.

A operadora justificada que “kit covid” havia sido adotada como um “protocolo” da instituição.

Ele diz, ainda, que muitos médicos aceitavam a situação por medo de perder o emprego. “Os médicos achavam um verdadeiro absurdo, alguns se calavam por medo de perder o emprego, muitos trabalhavam exclusivamente para a rede Hapvida. Sendo assim, boa parte do orçamento ficaria comprometido. No meu caso, eu não trabalhava apenas para eles, mas esse abuso tornava inviável continuar lá”.

Propaganda do Kit Covid

Segundo o médico, a Hapvida fazia propaganda do “kit covid”, o que causou confusão entre pacientes. De acordo com ele, alguns chegavam à consulta “exigindo” as medicações. “Essa promessa comprometeu, sim. Alguns pacientes já chegavam exigindo a receita médica para pegar o tratamento na farmácia do hospital (que no início era pago e depois passou a ser distribuído gratuitamente)”, conta o médico.

Peixoto afirmou, também, que colegas de profissão que continuaram trabalhando na rede informaram que eles continuaram receitando o "Kit Covid" até março deste ano.

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