A morte do ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, ocorrida em maio deste ano, em decorrência de um câncer da transição esôfago gástrica, causou comoção em milhares de brasileiros. Covas lutava contra a doença há um ano e meio. Quase três meses após a morte de Bruno, o presidente Jair Bolsonaro causou revolta após dar uma declaração polêmica sobre o ex-prefeito.
Bolsonaro criticou, mais uma vez, as medidas adotadas por prefeitos e governadores para conter a covid-19, incluindo o nome do ex-prefeito de São Paulo, se referindo a ele como "o outro que morreu". A declaração gerou críticas do PSDB e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
"Um fecha São Paulo e vai para Miami. O outro, que morreu, fecha São Paulo e vai ver Palmeiras e Santos no Maracanã. Esse é o exemplo", disse Bolsonaro a apoiadores.
Covas esteve no estádio carioca em janeiro deste ano, durante a final da Copa Libertadores. Ao lado do filho, ele justificou sua presença dizendo que estava realizando um sonho dele e de seu herdeiro.
"Depois de tantas incertezas sobre a vida, a felicidade de levar o filho ao estádio tomou uma proporção diferente para mim. Ir ao jogo é direito meu", disse no Instagram.
A referência feita por Bolsonaro foi vista como um ato de "desumanidade" por Doria. "A desumanidade de Bolsonaro, agredindo de forma covarde Bruno Covas, só demonstra ainda mais sua falta de respeito pelos vivos e pela memória dos mortos", escreveu ele em uma rede social.
A desumanidade de Bolsonaro, agredindo de forma covarde Bruno Covas, só demonstra ainda mais sua falta de respeito pelos vivos e pela memória dos mortos.
— João Doria (@jdoriajr) August 2, 2021
Em nota, o PSDB repudiou a declaração do presidente. "Bolsonaro demonstra desespero e medo do próximo ano, por isso desfere ataques, inclusive, aos que não podem se defender", diz o comunicado, assinado pelo presidente do diretório paulistano da legenda, Fernando Alfredo.
Confira a nota na íntegra:
"'O outro lá que morreu', esta é a forma como o presidente se refere ao Prefeito Bruno Covas, que faleceu aos 41 anos vítima de um câncer. A forma como ele se refere ao Prefeito da maior capital que foi reeleito, entre tantos adjetivos, também por seu enfrentamento contra o coronavírus.
Mas o que se esperar de um Chefe do Executivo que zomba da dor alheia, que ignora os enlutados, ironiza doentes e deixa sua nação morrer e passar fome? Já são 550 mil e não vamos esquecer!
Condenamos veementemente as declarações de Bolsonaro sobre nosso líder Bruno Covas e por seu exemplo seguiremos lutando pela vida, contra a política do ódio.
Bolsonaro demonstra desespero e medo do próximo ano, por isso desfere ataques, inclusive, aos que não podem se defender. É fácil falar de dentro do seu cercadinho no Planalto, para o seu curral, queremos ver nos debates que, aliás, ele sempre foge.
Para todo ato de covardia, resistiremos com a coragem de um povo que não foge à luta. Por Bruno Covas. Pela democracia. Por um Brasil livre da estupidez.
Fernando Alfredo
Presidente do Diretório Municipal do PSDB/SP"
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