A morte da grávida Kathlen Romeu, de 24 anos, vítima de um tiroteio em uma ação da Polícia Militar do Rio de Janeiro na comunidade do Lins, localizada na Zona Norte da capital fluminense, está causando dor e indignação em todo Brasil, inclusive, em quem deveria manter uma postura profissional.
A jornalista Flávia Oliveira, da GloboNews, não conteve a emoção e chorou muito durante sua participação, ao vivo, em um programa da emissora nesta quarta-feira (9).
Durante o “Estúdio i”, a jornalista pediu desculpas ao já começar a falar emocionada, enxugando algumas lágrimas.
“Muito difícil, peço desculpas a você [Maria Beltrão] e aos meus colegas, mas é muito difícil ouvir o que a gente está ouvindo, assistir o que a gente tem assistido no Rio de Janeiro, esse lugar que é o cenário, o ambiente de uma ‘necropolítica de segurança pública.’ Diariamente a gente chora mortes de crianças, jovens, policiais e agora também de mulheres e bebês”, disse Flávia Oliveira.
Em seguida, a jornalista citou dados do Instituto Fogo Cruzado para demonstrar que sua indignação é fruto de uma conduta policial corriqueira e não um caso isolado. Segundo a plataforma, que acompanha ocorrências violentas no Rio de Janeiro, nos últimos cinco anos, 15 mulheres grávidas foram baleadas na região metropolitana da cidade e, dessas, oito morreram.
“É impossível não se emocionar com essa história, a Kathlen era o projeto de vida de uma família, de uma avó, de um pai, de uma mãe. Tinha a mesma idade da minha filha, ela faria 25 anos, minha filha já completou. Eu sei o que é ser uma mãe negra, botar uma filha negra no mundo, e lutar pela educação delas. Eu sou filha também de uma mulher negra. É muito difícil lidar com uma situação tão dramática, tão desnecessária, uma violência gratuita que não tem produzido melhora na sensação de segurança, não tem produzido ressocialização de criminosos, redução do crime organizado. Ela só tem produzido luto em famílias negras de favelas, principalmente, mas também em famílias negras de policiais”, disse a jornalista.
“Eu não sei mais quantas lágrimas a gente vai ter que derramar em razão dessa tragédia cotidiana, é muito duro”, finalizou Flávia Oliveira.
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