Lembra da fatídica reunião ministerial realizada no dia 22 de abril do ano passado? Aquela onde Bolsonaro se reuniu com seus ministros e dialogou sobre vários temas e, Ricardo Salles, Ministro do Meio Ambiente, aproveitou para pedir aos ministros sobre o que considerava ser uma oportunidade trazida pela pandemia da Covid-19? Na ocasião, Salles disse que o governo deveria aproveitar o momento em que o foco dos brasileiros e da mídia estavam voltados para o novo coronavírus e, assim, aproveitarem para mudar regras que poderiam ser questionadas na Justiça. Essa fala do ministro foi confirmada e divulgada em vídeo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello.
Na época, o que Salles via como uma oportunidade para "mudar as regras" e "passar a boiada", foi mal vista por diversos brasileiros e não pegou bem para o governo federal.
Agora, o ministro Ricardo Salles, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, e o ministério do Meio Ambiente são alvo de buscas da Polícia Federal, em operação que iniciou na manhã desta quarta-feira (19). A ação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e tem como objetivo apurar crimes de corrupção e facilitação de contrabando de madeira para os Estados Unidos e para a Europa. As informações são da coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
Ricardo e servidores do Ibama tiveram os sigilos bancários e fiscais quebrados. As informações sobre o envolvimento de Salles foram coletadas na residência dele, em São Paulo, e em endereços funcionais em Brasília e no Pará, onde foi montado um gabinete. Momentos depois da operação, Salles foi pessoalmente à Polícia Federal saber mais informações sobre as investigações.
A operação investiga crimes contra a administração pública, corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando, supostamente praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro, conforme afirma a PF.
No total, 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo e no Pará.
Além disso, o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento de dez servidores públicos que ocupavam cargo de confiança no Ibama e no Ministério do Meio Ambiente, incluindo o presidente do Ibama.
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O STF determinou também, além da quebra de sigilos bancário e fiscal do ministro Ricardo Salles, as quebras de sigilos de alguns servidores do Ibama.
"Estima-se que o referido despacho, elaborado a pedido de empresas que tiveram cargas não licenciadas apreendidas nos EUA e Europa, resultou na regularização de mais de 8 mil cargas de madeira exportadas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020", informou a PF.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram início em janeiro deste ano "a partir de informações obtidas junto a autoridades estrangeiras noticiando possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira".
A corporação informou que o nome da ofensiva, Akuanduba, faz referência a "uma divindade da mitologia dos índios Araras, que habitam o Estado do Pará". "Segundo a lenda, se alguém cometesse algum excesso, contrariando as normas, a divindade fazia soar uma pequena flauta, restabelecendo a ordem", registrou a PF em nota.
LISTA DOS SERVIDORES AFASTADOS NA OPERAÇÃO
Ministério do Meio Ambiente
1) Leopoldo Penteado Butkiewcz - assessor especial do gabinete do ministro Ricardo Salles
2) Olivaldi Alves Borges Azevedo - secretário adjunto de Biodiversidade - Ibama
3) Eduardo Fortunado Bim - presidente
4) Wagner Tadeu Matiota - superintende de Apuração de Infrações
5) Olímpio Ferreira Magalhães - diretor de Proteção Ambiental
6) Joao Pessoa Riograndense Moreira Júnior - diretor de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas
7) Rafael Freire de Macedo - coordenador-geral de Monitoramento do Uso da Biodiversidade e Comércio Exterior
8) Leslie Nelson Jardim Tavares - coordenador de Operações de Fiscalização
9) André Heleno Azevedo Silveira - Coordenador de Inteligência de Fiscalização
10) Artur Bastos Valinotto - analista ambiental
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