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CRÍTICAS

Bolsonaro chama de "idiota" quem fica em casa pela pandemia

O presidente fez uma série de críticas a quem obedece o isolamento social

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Imagem ilustrativa da notícia Bolsonaro chama de "idiota" quem fica em casa pela pandemia camera Presidente voltou a fazer críticas sobre o distanciamento social. | Reprodução

O isolamento social é uma das formas mais eficazes de garantir a proteção da população enquanto ainda não há disponibilidade de vacinas contra a Covid-19. Apesar de ser uma medida restritiva indicada pela Organização Mundial da Saúde (Oms), Bolsonaro insiste em fazer críticas a quem obedece a medida.

Em conversa com apoiadores na manhã desta segunda-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro chamou de "idiotas" as pessoas que ficam em casa ao obedecer medidas restritivas para evitar a disseminação do coronavírus.

Bolsonaro também enalteceu o agronegócio, que o homenageou em um ato na Esplanada dos Ministérios no sábado (15). Ele disse que o homem do campo não parou durante a pandemia e, assim, garantiu alimentos para quem deixou de sair às ruas.

"O agro realmente não parou. Tem uns idiotas aí, o 'fique em casa'. Tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa. Se o campo tivesse ficado em casa, esse cara tinha morrido de fome, esse idiota tinha morrido de fome. Daí, ficam reclamando de tudo", disse Bolsonaro.

A fala ocorreu a apoiadores aglomerados em um cercadinho no jardim do Palácio da Alvorada. A interação foi gravada e transmitida em vídeo editado por um canal bolsonarista.

Crítico de medidas restritivas, Bolsonaro se recusa a usar máscara, promove aglomerações e faz discurso em defesa de medicamentos que não têm comprovação científica contra a Covid, como a hidroxicloroquina.

A radicalização do discurso de Jair Bolsonaro se tornou sinal de momentos em que se sente pressionado.

Como a Folha mostrou no sábado, a deterioração política agravada com a sucessão de notícias negativas da semana passada levou o presidente a escalar na agressividade retórica e escolher o senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI da Covid, como seu alvo prioritário.

O receituário de Bolsonaro quando se sente pressionado inclui ameaça de edição de decreto para enfrentar medidas restritivas de prefeitos e governadores, reiteradas menções ao que chama de "meu Exército" e outras insinuações que levantam dúvidas sobre a possibilidade de uma ruptura institucional.

Aliados, porém, dizem não passar de blefe, apenas um aceno para sua base popular mais radical. No Congresso, a estratégia de fazer cortina de fumaça para encobrir os reais problemas já se tornou conhecida.

O presidente da República também voltou nos últimos dias a colocar sob suspeita o sistema eleitoral brasileiro e a atribuir a Deus a exclusividade de poder tirá-lo do cargo.

"Já falei que sou imorrível, já falei que sou imbrochável e também sou incomível", disse aos apoiadores nesta segunda-feira.

Bolsonaro viu sua popularidade cair e a pressão da comissão parlamentar de inquérito sobre ele crescer. Recorreu a armas que já conhece, como criticar a esquerda, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi a Brasília no início de maio e avançou sobre alguns dos atuais aliados do governo.

Na semana passada, foi divulgada pesquisa Datafolha que apontou queda de popularidade do presidente. O governo tem a aprovação de 24% dos brasileiros, a pior marca de seu mandato até aqui.

A pesquisa também mostrou que Lula lidera corrida eleitoral de 2022. O petista alcança 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% de Bolsonaro. No segundo turno, Lula marca 55% contra 32% de Bolsonaro.

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